Preste atenção ao seu smartwatch: além de contar passos e monitorizar a frequência cardíaca, este dispositivo pode expô-lo a químicos potencialmente prejudiciais. Um estudo revelou que muitas pulseiras de smartwatch populares contêm altos níveis de PFHxA (ácido perfluorohexanoico), um químico preocupante que pode ser absorvido pela pele.
Investigadores analisaram 22 pulseiras de diferentes marcas e preços, conforme descrito na revista científica Environmental Science & Technology Letters. Segundo a Executive Digest, o estudo revelou que pulseiras feitas com “fluoroelastómeros” – uma borracha sintética resistente ao suor e à oleosidade – continham níveis significativos de PFHxA, facilmente transferíveis para a pele. “Esta descoberta destaca-se pelas concentrações muito altas de um tipo de químico eterno em contacto prolongado com a pele”, alertou Graham Peaslee, autor do estudo.
Os resultados são alarmantes: milhões de pessoas usam estes dispositivos durante várias horas diárias. Um estudo de 2020 mostrou que os utilizadores mantêm o smartwatch em contacto direto com a pele por uma média de 11,2 horas por dia.
O PFHxA pertence à família dos PFAS (substâncias perfluoroalquílicas e polifluoroalquílicas), conhecidos como “químicos eternos” por permanecerem no ambiente e no corpo humano durante longos períodos. Estes químicos são amplamente utilizados, mas a sua presença em pulseiras de relógio representa uma nova via de exposição.
Cientistas da Universidade de Notre Dame (EUA) analisaram as pulseiras com técnicas especializadas. Entre as 13 pulseiras declaradas como contendo fluoroelastómeros, todas apresentaram altos níveis de flúor. Curiosamente, outras duas pulseiras, que não anunciavam fluoroelastómeros, também continham este material.
Outro ponto relevante foi o preço. Pulseiras acima de 30 dólares (cerca de 28,77 euros) apresentaram níveis significativos de flúor, enquanto apenas as mais baratas (menos de 15 dólares) estavam livres destes químicos. “Encontrámos concentrações muito altas de apenas um PFAS, com algumas amostras acima de 1.000 partes por bilião de PFHxA”, afirmou Peaslee.
O estudo sublinha ainda que as pulseiras, muitas vezes promovidas para uso desportivo, podem aumentar esta exposição devido ao suor, que favorece a absorção pela pele.
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