“O impacto é muito residual, já que a procura no fim de ano é sobretudo de [turistas] nacionais e os nacionais não terão dificuldade em apresentar certificado, porque a população na sua quase totalidade se encontra vacinada”, considerou esta sexta-feira o presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA).
Apesar de antever um “impacto muito reduzido” na hotelaria, Elidérico Viegas admitiu que poderá haver “algumas complicações” no que respeita à procura externa, já que passa a ser obrigatório um teste negativo à covid-19 para todos os voos que cheguem do exterior.
“O facto de os turistas terem de apresentar, logo à partida, no aeroporto, um certificado negativo contribui para desmotivar muitas pessoas que pensariam viajar para o nosso país e, designadamente, para o Algarve”, sublinhou o empresário.
Como as medidas coincidem com a época baixa do turismo, o impacto na hotelaria é menor, notou, sublinhando que o impacto não seria o mesmo se estas restrições ocorressem na chamada época turística.
“O que nós esperamos é que estas restrições contribuam para esbater o problema e que, no início da próxima época turística, isto é, na Páscoa, já possamos contar com uma procura que possa contribuir para a retoma [do setor]”, referiu.
Também João Soares, diretor-geral de um hotel em Quarteira, considerou que as medidas anunciadas “não têm um grande impacto na hotelaria”, uma vez que o setor já passou por este procedimento em agosto, quando os hotéis eram obrigados a pedir o certificado de vacinação ou um teste negativo.
Por outro lado, no que respeita ao regresso da obrigatoriedade do uso de máscaras em locais fechados, o também representante da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) no Algarve notou que “a grande maioria dos hóspedes já usa máscara dentro do hotel”, o que acaba por dar “alguma segurança” aos visitantes.
“Aquilo que nos preocupa e que esperamos que nunca mais venha a acontecer é a proibição de circulação”, sublinhou, acrescentando que estima “um Natal e uma passagem de ano normais” e que o Algarve seja a zona do país mais procurada para estes festejos.
Se para os hotéis estas novas regras parecem não trazer grandes problemas na época festiva, já as festas de fim de ano habitualmente realizadas na rua e organizadas pelas autarquias podem ser prejudicadas, embora ainda haja tempo para solucionar o problema.
“Penso que pode haver algumas restrições, mas as autarquias têm que ter mecanismos para, de alguma forma, terem os espaços condicionados de forma a poderem certificar a vacinação e o teste como lhes é pedido. Dentro dos hotéis penso que isso não será um problema”, concluiu João Soares.
O regresso à exigência de certificado digital para aceder a alojamentos turísticos, que tinha deixado de estar em vigor em 01 de outubro, foi uma das medidas para a contenção da pandemia anunciadas na quinta-feira por António Costa após uma reunião do Conselho de Ministros, em Lisboa.