O presidente da Câmara Municipal de Faro, Rogério Bacalhau, pediu esta segunda feira ao Governo, na abertura do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC), a constituição de um grupo técnico que se debruce sobre a questão da falta de água e aponte soluções para este problema a curto prazo.
Numa intervenção em que deu as boas vindas aos 260 especialistas, oriundos de 60 países, que compõem o grupo de trabalho do painel intergovernamental das alterações climáticas da ONU que hoje começaram os seus trabalhos na Universidade do Algarve (UAlg), em Faro, Rogério Bacalhau sublinhou a pertinência de realizar este encontro no Algarve.
“É paradigmático que este grupo de trabalho esteja na nossa região para reunir e se debruçar sobre os impactos das alterações climáticas. Se há região que já está a mudar por efeito das alterações climáticas, essa é o Algarve. A erosão costeira e a subida do nível médio das águas do mar são tão evidentes que ameaçam o território e põem em risco a subsistência do nosso modo de vida”, afirmou.
Rogério Bacalhau diz que é necessário que “se passe das palavras aos atos”
Para tentar chegar a soluções, Rogério Bacalhau realçou ser necessário que se passe das palavras aos atos. “Quase todos adotaram o discurso do controlo do aquecimento global e que é preciso descarbonizar e de que há metas ambiciosas por cumprir”, disse Rogério Bacalhau, alertando, no entanto, que “o facto de se enumerar vezes sem conta essa preocupação não pode levar as pessoas a pensar que estamos efetivamente a combater as alterações climáticas ou a preparar-nos para elas, porque não estamos – e os algarvios já o sentem na pele”.
De acordo com o autarca, “as soluções de que se fala para o problema da [falta de] água são muitas e diversificadas e todas têm óbices: ou são caras, ou ambientalmente incorretas”. No entanto, Bacalhau pede que “se pronuncie sobre estas soluções quem tem conhecimento para o fazer” e “se tomem decisões” para que os autarcas as possam “ajudar a implementar”.
Além do pedido de criação de um grupo de trabalho para solucionar o problema da falta de água, o edil farense requereu ainda ao Governo “a implementação de sistemas de energia renovável mais abrangentes”, um “apertar de malha da exigência ambiental nos licenciamentos do Estado”, mais e melhores – e menos poluentes – transportes públicos e ainda a resolução do “grave problema de uma ferrovia arcaica”.
De salientar que o Município de Faro aderiu, em 2011, ao Pacto dos Autarcas – que envolve autarquias empenhadas em aumentar a eficiência energética e na utilização de fontes de energias renováveis nos respetivos territórios. Em 2018 aprovou o Plano de Mobilidade e Transportes, ao mesmo tempo em que revia o Plano Diretor Municipal com vista a implementar os preceitos da mobilidade suave, e em 2019, foi a primeira cidade ibérica a assinar os Princípios da Mobilidade Partilhada.
Esta segunda-feira, o Município de Faro promovia, às 18:30, no Museu Municipal de Faro, uma rececão aos 260 especialistas que integram o grupo de trabalho do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC).
Este grande evento internacional, organizado pela Direção-Geral de Política do Mar, Universidade do Algarve e Centro de Ciências do Mar, conta com a parceria da Câmara Municipal de Faro, e acontece em Faro de 26 de janeiro a 1 de fevereiro.