O líder do PCP, Jerónimo de Sousa, reafirmou hoje, dia do centenário do partido, a fidelidade ao marxismo-leninismo, recusou ser “força de apoio” do PS e pediu “a intensificação da luta, de todas as lutas”.
“Há muito provámos que as vitórias não nos fazem descansar e as derrotas não nos fazem render. Nós, comunistas, sabemos: vale a pena lutar. Sabemos que o futuro não acontece, constrói-se e conquista-se”, afirmou Jerónimo no final de um discurso de mais de meia hora, no Rossio, em Lisboa, num comício para assinalar os 100 anos do PCP.
Logo no início, quando explicou o motivo da longevidade do partido, 100 anos depois, Jerónimo de Sousa sublinhou a filiação a “uma teoria revolucionária, o marxismo-leninismo”, e, depois de fazer um elogio à experiência do entendimento à esquerda, com os socialistas, de 2015 a 2019, também sublinhou que o PCP não é “força de apoio ao PS”.
“Nem instrumento ao serviço dos projetos reacionários do PSD, CDS e seus sucedâneos. Somos a força da alternativa patriótica e de esquerda”, disse.
E ao falar do projeto do PCP, de “verdadeira alternativa”, pediu “a convergência dos democratas e patriotas”, que “não se conformam com um país reduzido a uma simples região da União Europeia” e pediu luta.
É uma alternativa que, disse, “reclama a intensificação e alargamento da luta, de todas as lutas, pequenas e grandes, da classe operária, dos trabalhadores”, em torno da “grande central sindical”, a CGTP.
Costa congratula-se com “respostas comuns” dos últimos anos
O primeiro-ministro felicitou hoje o PCP pelo centenário do partido, congratulando-se com a “forma franca” como nos últimos anos se encontraram “respostas comuns” para os problemas de Portugal com respeito pela identidade “de uma esquerda plural”.
Numa publicação na rede social Twitter, acompanhada de uma fotografia na qual aparece ao lado do secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, António Costa prestou ainda homenagem ao “inestimável contributo” do PCP “na resistência anti-fascista e anti-colonialista e ao contributo militante para a vitalidade da Democracia no poder local democrático e na atividade sindical”.
No dia em que os comunistas assinalam o seu centenário, o primeiro-ministro e secretário-geral do Partido Socialista destacou também as relações entre os dois partidos nos últimos anos.
“Congratulo-me com a forma franca como nos últimos anos temos conseguido encontrar respostas comuns para os problemas do país e dos portugueses, no respeito da identidade própria de uma esquerda plural”, enalteceu.
António Costa felicitou o PCP nos seus 100 anos, “saudando o seu Secretário-Geral Jerónimo de Sousa e nele todos os seus militantes”.
O PCP assinala hoje os seus 100 anos com 100 ações, em dezenas de locais, estando previsto um desfile, em Lisboa, em que vai participar Jerónimo de Sousa.
As comemorações do centenário do partido vão prolongar-se até 2022, e em fevereiro o PCP lançou o livro “100 anos de luta ao serviço do povo e da pátria pela Democracia e o Socialismo”, de 300 páginas, que ilustra, em mais de 900 fotografias e imagens, momentos marcantes da história dos comunistas, das greves nos anos 1900 até à “revolução dos cravos”.
Fundado em 06 de março de 1921, em Lisboa, o Partido Comunista Português (PCP) é o mais antigo partido político do país, esteve 47 anos na clandestinidade durante o Estado Novo e foi central na resistência à ditadura.
Teve como secretários-gerais José Carlos Rates (1923-1925), Bento Gonçalves (1929-1942), Álvaro Cunhal (1961-1992), Carlos Carvalhas (1992-2004) e é atualmente liderado por Jerónimo de Sousa, desde 2004.