Marcelo Rebelo de Sousa não esconde que entende que o atual Governo aparece frágil aos seus olhos. Em entrevista ao Público e Rádio Renascença defende que a esquerda tem de fazer tudo para levar a legislatura até ao fim, sobretudo em tempo de crise, mas que é possível que aconteça crise antes das próximas legislativas. Se o mapa político é complexo, o da pandemia não é menos. Na entrevista, Marcelo diz que é preciso baixar as expectativas em relação à vacinação e ao tempo que poderemos ter de estar confinados.
Primeiro dois alertas sobre a situação sanitária. Marcelo, na pele de candidato e de Presidente da República não se compromete com o tempo que será necessário estarmos em confinamento, diz apenas que “a pandeia tem sido inesperadamente muito mais longa e muito mais complexa de gerir” e que é preciso ir avaliando a sua evolução e baixa as expectativas em relação à vacinação: “É preciso dizer aos portugueses que o processo de vacinação vai durar um ano e meio”, disse.
Já no campo político, Marcelo Rebelo de Sousa faz uma avaliação do atual Governo que não é animadora para António Costa. O diagnóstico é grave: “É preciso que a maioria parlamentar que apoia o Governo seja forte e minimamente coesa. Isso já não acontecia no fim da legislatura anterior, os dois últimos orçamentos já foram um drama na votação”, afirmou.
Contudo, para o Presidente pode até chegar-se a um ponto em que há uma “fragilidade” para o país que é ter uma “divisão à esquerda e uma inexistência de uma alternativa à direita”. E a alternativa em mesmo de passar pela direita “e não um bloco central. (…) Não é uma solução para uma situação de crise”, reforça.
Marcelo fala de crise política como se os cenários já estivessem todos a ser equacionados na sua cabeça e coloca-os ao público: “Havendo uma crise governativa, deve procurar-se no quadro da composição do Parlamento uma solução para essa crise. Não havendo solução para essa crise, há dissolução do Parlamento”, disse. Mas tem de haver sempre uma alternativa ao Governo em funções. Marcelo não deu o exemplo de Jorge Sampaio, mas sim a decisão de Jacques Chirac que “dissolveu o Parlamento”, mas ficou depois “preso todo o mandato” porque não havia uma alternativa.
Foi essa falta de alternativa, com o deslaçamento entre o PSD e o CDS em 2017 que pesou também na balança naquele ano. Marcelo Rebelo de Sousa fala em “teoria”, mas não deixa de dizer que naquele verão, por causa dos incêndios, “podia ter havido uma situação de dissolução”.
Sobre o caso dos jornalistas vigiados por ordem de uma procuradora do Ministério Público, Marcelo Rebelo de Sousa defende o inquérito instaurado pela PGR e considera que é preciso haver “uma explicação” até no Parlamento sobre o caso, o que implicaria uma audição de Joana Marques Vidal, procuradora-geral da República quando o caso teve início.
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