Tiago Matos Gomes, presidente do Volt Portugal, disse este domingo que a criação de regiões administrativas é uma das “bandeiras” do seu partido. Para Matos Gomes, não pode haver “regiões de primeira e regiões de segunda”.
Em declarações à agência Lusa, durante a campanha em Olhão, o presidente defende um debate nacional para dar futuro ao processo já na próxima legislatura: “nós temos um país umas vezes unicéfalo, outras vezes bicéfalo, entre Lisboa e Porto, e obviamente que as regiões do interior têm sofrido com isso ou as regiões que não estão tão próximas de Lisboa e do Porto”.
O objetivo é uma maior igualdade e um menor centralismo entre as regiões.
A fazer campanha no Algarve usou essa mesma região como exemplo – “a primeira região a experimentar o que é ser uma região administrativa”. Percorreu as principais ruas da cidade, distribuiu panfletos e contactou com as poucas pessoas que se encontravam nas ruas e nas esplanadas.
Matos Gomes sublinhou ainda que o Volt é um partido que existe em toda a Europa, “é um partido pan-europeu”. A concorrer como cabeça-de-lista nas legislativas de dia 30 em Lisboa, teve tempo para incentivar votos fora de terras portuguesas. “Não podemos votar aqui”, responde um casal de franceses. “Sim, mas podem votar em França no mesmo partido”. E a caminhada continua com episódios semelhantes.
“Eu não voto aqui, sou italiano”, declara um homem sentado numa esplanada em frente da Ria Formosa. Tem cerca de 60 anos. Pergunta ainda “Vocês são da esquerda socialista?”. “Não, somos um partido do centro. E também pode votar no Volt em Itália”, diz um dos membros da comitiva do Volt Portugal. Mas a resposta não foi a que esperavam: “eu sou de direita”.
Em declarações à Agência Lusa, Tiago Matos Gomes diz que quer adotar um modelo que respeite a vontade das populações e não separe comunidades locais, permitindo manter as suas tradições.
“Não me parece, e isto é uma opinião pessoal, que as atuais Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), que dividem, por exemplo, o Ribatejo em duas regiões (…) não me parece nada um bom modelo [para a criação de regiões administrativas]”.
Este fim de semana, Tiago Matos Gomes e Bruno Ferreira (cabeça-de-lista por Faro) percorreram os concelhos de Portimão, Faro e Olhão.
O primeiro ministro, António Costa, em dezembro passado, afirmou no congresso da Associação Nacional de Municípios Portugueses, que depois da avaliação do caminho de descentralização de competências em 2023, no ano seguinte, será dada “voz ao povo”. Irá ser possivelmente avaliada a capacidade de integração nas comissões de coordenação e desenvolvimento regional (CCDR) dos diferentes órgãos de administração desconcentrados do Estado.
O presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, mostrou-se favorável à realização do referendo à regionalização em 2024. Encorajou os partidos a entregarem, no dia das eleições, as suas ideias quanto ao tema.
Em 1998, no referendo sobre regionalização, dos 4,1 milhões de votantes, 63,52% responderam “não” à pergunta “Concorda com a instituição em concreto das regiões administrativas?”.