O PSD acusou esta terça-feira o PS de ter degradado o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e propôs “redesenhar o sistema”, com recurso ao privado e instituições sociais, prometendo acesso aos serviços “a tempo e horas” para todos.
Durante uma sessão temática sobre saúde, em Faro, o presidente do PSD, Rui Rio, considerou que em Portugal “a sociedade começou a degradar-se em muitos patamares, está mais enquistada, tudo funciona pior”, e que “se há setor da vida nacional que o PS degradou foi justamente o SNS”.
Em seguida, as propostas do PSD para este setor foram apresentadas pelo deputado Ricardo Batista Leite, cabeça de lista às legislativas de domingo pelo círculo de Lisboa, que resumiu desta forma o objetivo deste partido: “Redesenhar o sistema de saúde, com o SNS como coração desse sistema, e olhar para o sistema como um todo”.
Batista Leite sustentou que atualmente o SNS “não está a funcionar” e deixa sem resposta quem não tem seguros ou ADSE para recorrer ao privado, acusando o PS de ter criado “um serviço de saúde para ricos e um serviço de saúde para pobres”.
“As pessoas que estão doentes ligam para o médico de família que não existe, ligam para o centro de saúde, não atende, ligam para o SNS24 que não funciona. Alguém que está doente, o que é que faz? Vai a um serviço de urgência que é a única porta aberta. Portanto, é um sinal daquilo que não está a funcionar”, disse.
O PSD quer uma “mudança de modelo”, com aposta nas unidades locais de saúde (ULS), em que, “se for necessário investir numa determinada área onde não existe a resposta pública”, os respetivos gestores “tenham a autonomia e a capacidade de intervenção para fazer as parcerias com as instituições particulares de solidariedade social (IPSS), com o setor privado, sem tabus, garantindo uma resposta a tempo e horas com qualidade para todos”, adiantou.
“Não é algo novo, já existe na lei, já existem até sete ULS, mas nós queremos garantir a sua expansão pelo território nacional”, referiu.
Batista Leite defendeu que Portugal tem de assumir as suas limitações económicas e “utilizar com muita inteligência e com enorme capacidade de gestão todos os recursos que existem” no território nacional.
“Não há tabus ideológicos connosco. Nós temos uma prioridade, que é garantir que os portugueses tenham acesso de qualidade à saúde a tempo e horas e faremos isso com todos os recursos que existem no território nacional”, reforçou.
O deputado destacou a proposta que consta do programa do PSD de atribuir aos portugueses sem médico de família “um médico assistente”, com recurso ao setor privado e ao setor social, até 2025/2026, quando estimou que haverá “o número de médicos de família suficientes para garantir a cobertura a toda a população”.
Batista Leite prometeu também que o PSD irá “garantir condições para os profissionais, para os conseguir reter, para os conseguir atrair”, embora sem explicar como, apontando como inaceitável que haja “uma enfermeira a trabalhar há 20 anos no SNS a ganhar pouco mais de 900 euros líquidos”.
O social-democrata apontou igualmente como inaceitável que haja pessoas que não conseguem pagar todos os medicamentos de que necessitam. “É algo que é digno do terceiro mundo e que nós não podemos aceitar”, declarou, sem avançar propostas concretas para pôr fim a essas situações.
Batista Leite realçou, por outro lado, a proposta do PSD de permitir que “quando o hospital não responde a tempo e horas as pessoas possam ir ao privado” para consultas e exames, como acontece com cirurgias.
Em matéria de cuidados primários, o cabeça de lista do PSD por Lisboa referiu que o seu partido propõe as unidades de saúde primárias (USF) “como o modelo universal em todo o território nacional” e criticou a atual coexistência das USF com as unidades de cuidados de saúde personalizados (UCSP), considerando que resulta em “portugueses de primeira e de segunda”.
Rui Rio afirmou querer “implementar na sociedade portuguesa e principalmente na governação um maior rigor, por contraponto ao facilitismo que normalmente é a governação socialista”, com “uma atitude reformista”.
Segundo o presidente do PSD, no setor da saúde “é preciso gestão, é preciso planeamento, é preciso acabar com tabus ideológicos”.