O Chega elegeu 12 deputados nas eleições legislativas de domingo, passando de uma representação de apenas um deputado para a terceira força política, com 7,15% dos votos.
Segundo os dados oficiais do Ministério da Administração Interna, o Chega conquistou 385.543 votos, 7,15 do total, fixando-se como terceira força política, à frente da Iniciativa Liberal (4,98% e oito deputados), CDU (4,39%, seis deputados) e Bloco de Esquerda (4,46%, cinco deputados).
Com este resultado, o partido constituído em abril de 2019, e que participou nas suas segundas eleições legislativas, saiu da noite eleitoral como um dos vencedores, a seguir ao PS, tendo conseguido eleger mais 11 deputados do que em 2019, que se juntam agora ao presidente, André Ventura.
O Chega cumpre assim o objetivo estipulado pelo seu líder, André Ventura, que ao longo da campanha eleitoral definiu como meta ser o terceiro partido mais votado e chegou a afirmar que, no caso de haver uma maioria de direita, exigiria fazer parte do Governo se tivesse acima de 7% dos votos.
Comparativamente às legislativas de 2019, o Chega cresceu quase seis pontos percentuais e conquistou mais cerca de 318 mil votos.
Por círculos eleitorais, foi em Lisboa que esse crescimento se traduziu num maior número de mandatos. Com quase 92 mil votos (7,77%), o partido elegeu quatro deputados (em 2019 não foi além dos 2% e um deputado).
Assim, pela capital, na próxima legislatura André Ventura terá ao seu lado no parlamento Rui Paulo Sousa, empresário agrícola de 54 anos e membro da direção do Chega e pertencente ao ‘núcleo duro’ que acompanhou o líder durante a campanha, Rita Matias, que aos 23 anos lidera a Juventude Chega, e Pedro Pessanha Fernandes, presidente da distrital da capital e deputado municipal.
Pelo Porto, foram eleitos dois deputados: Rui Afonso, bancário de 42 anos, membro do Conselho Nacional do Chega e deputado na Assembleia Municipal do Porto, eleito nas últimas autárquicas, e Diogo Pacheco Amorim, de 72 anos, que é considerado um dos ideólogos do Chega e é conhecido por ter feito parte do Movimento Democrático de Libertação de Portugal (MDLP) que operou atentados bombistas após o 25 de Abril.
Dois dos círculos eleitorais em que o Chega mais cresceu foram também onde o partido conseguiu eleger outros dois deputados.
Em Faro, com quase 24 mil votos e um crescimento superior a 10 pontos percentuais, foi eleito Pedro Pinto, que se dedica à organização de espetáculos tauromáquicos e já foi cabeça de lista do Chega pelo distrito de Beja em 2019. Em Santarém, onde o partido cresceu quase nove pontos percentuais e também se aproximou dos 24 mil votos, foi eleito Pedro Frazão, médico veterinário de 46 anos, membro da Opus Dei e colaborador do ‘site’ “Voz Ibérica”, órgão de comunicação associado à extrema-direita portuguesa e espanhola.
Por Aveiro (5,63% e 20.546 votos) foi eleito Jorge Valsassina Galveias, presidente da mesa do Conselho Nacional do Chega, e por Braga (5,81% e 28.746 votos) vai sentar-se no parlamento Filipe Melo, empresário de 40 anos que foi bancário no antigo BES e atualmente é gestor de empresas, sendo também deputado da Assembleia Municipal pelo Chega.
O grupo parlamentar vai contar também com um deputado de Leiria (8,02% e 18.918 votos), Gabriel Ribeiro, investigador e doutorado em Estudos Africanos que também coordena o gabinete de estudos do partido, e um deputado de Setúbal (9,03% e 39.135 votos), Bruno Nunes, de 45 anos, consultor e administrador de empresas que foi eleito vereador em Loures e assumiu o cargo de coordenador autárquico do partido.
Alguns dos deputados agora eleitos pelo Chega têm ligações ao CDS-PP, que nestas eleições ficou fora da Assembleia da República. É o caso de Pedro Pinto (Faro), que é um antigo dirigente dos centristas, Rita Matias (Lisboa) que passou pela Juventude Popular, Pacheco Amorim (Porto), que chegou a ser assessor de Diogo Freitas do Amaral, e Rui Paulo Sousa (Lisboa), antigo simpatizante do CDS-PP.
Durante a noite eleitoral, André Ventura, reclamou uma “grande vitória” para o Chega, afirmando que o partido “prometeu e cumpriu” e disse que será a verdadeira oposição ao PS no parlamento, substituindo-se ao PSD.
Entre gritos de apoio, o líder recordou ainda outra compromisso: “Eu prometi-vos em 2019 que em oito anos seriamos a maior força política nacional. Passaram dois e já somos a terceira maior força política nacional”.