As primeiras jornadas parlamentares do Livre, ainda sem data, vão decorrer em Elvas, município “que teve a maior votação da extrema-direita” nas últimas legislativas, foi este sábado anunciado pelo deputado Paulo Muacho.
“Decidimos que as primeiras jornadas parlamentares do Livre vão acontecer em Elvas [no distrito de Portalegre], que foi o município que teve maior votação da extrema-direita. O Livre não aceita, não pode aceitar, e não vai aceitar que abandonemos estas pessoas, estas regiões à extrema-direita”, defendeu o deputado, no 14.º Congresso do Livre, que decorre até domingo na Costa de Caparica, no concelho de Almada, no distrito de Setúbal.
O parlamentar destacou o Alentejo e o Algarve como regiões “especialmente vulneráveis ao apelo da extrema-direita”.
“São regiões que se sentem esquecidas, que sentem que a sua voz não está representada no parlamento, que não sentem que veem os seus interesses defendidos. E, portanto, nós temos também a responsabilidade de ser a voz destas pessoas, do progressismo, no Alentejo, no Algarve”, defendeu.
Questionado pela agência Lusa, o deputado precisou que embora a data ainda não esteja definida, é previsível que as jornadas decorram após as eleições europeias, marcada para 09 de junho.
No período de apresentação de moções de caráter específico, Jorge Pinto, deputado eleito pelo Porto, destacou a moção “mais ecologia na ação política do Livre” indicando que a ecologia é um dos quatro pilares de atividade do partido.
“Nós não fazemos a ecologia do combate à torneira aberta enquanto se lava os dentes, nem a ecologia esquecendo que há uma realidade social e política que acompanha as politicas ambientais”, disse.
Jorge Pinto defendeu que não existe justiça ambiental sem justiça social, nem justiça social se não houver justiça ambiental ecológica.
“Para nós a ecologia é e será sempre central em todas as políticas, social, libertária e de esquerda”, salientou.
Uma das moções que mais debate provocou durante a tarde, sobre a criação de um circulo temático para debater as questões da juventude, foi apresentada por Daniel Ferreira, que alertou que partidos da extrema-direita estão diariamente nas escolas e nas redes sociais apelando ao voto dos jovens.
Vários congressistas foram ao púlpito para manifestar apoio à moção ou ainda para considerar que não se justifica a criação de um circulo temático.
Durante a discussão, foi rejeitada a possibilidade da criação de uma juventude partidária, estrutura que o partido não tem, e que os congressistas consideraram desnecessária para debater temas que dizem respeito aos mais jovens.
“Como cabeça de lista pelo Algarve estive em vários debates. Muitos jovens perguntavam onde estava o capítulo de juventude no plano eleitoral do Livre e eu não tinha resposta”, disse.
Rodrigo Teixeira, candidato nas legislativas pelo Algarve, foi um dos que defendeu a moção, considerando que uma juventude partidária não coloca em causa a característica do partido de não ter “uma piscina do grandes e dos pequenos”.
“Podemos gabar que estamos num partido que não tem piscina dos grande e dos pequenos, que não temos de esperar até aos 35 anos para discutir com os adultos qualquer tema”, disse.
Patricia Gonçalves, presidente da mesa do congresso, terminou os trabalhos destacando o facto de a moção ter tido tanto debate.
“É impressionante a quantidade de gente que veio ao palco defender a moção 17. Isso quer dizer que o Livre está a crescer e por isso peço que pensemos muito bem na mensagem que nos trouxeram através desta moção”, disse.
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