Será que a portuguesa afinal era grega? Este hino destinado a levantar o orgulho de um povo contra o imperialismo inglês, que levará de novo à glória o país e o seu povo, é a nossa melhor mensagem ao povo grego que hoje luta contra o imperialismo alemão e os seus agentes na imposição a toda a Europa de um capitalismo selvagem, o neoliberalismo: Na primeira linha PSD e CDS-PP e na segunda, estará ou não um PS que não se entende o que pensa e quer (ou não diz, o que será o mais provável).
Mas face à mensagem obtida dos seus congéneres, pode imaginar-se o pior! Primeiro Sócrates, o que era só sorrisos para a Merkel e nos entregou no matadouro. É de salientar o que se ouve dos socialistas nos cafés: afinal não era tão mau como se dizia. Afinal tentou o desenvolvimento. Afinal não era neo-liberal. Afinal as parcerias público privadas eram uma alternativa socialista. Depois, o “Hollande” que para ser eleito, arregaçou as mangas e disse que ia mudar tudo e acabar com a austeridade e depois amansou e parece um cordeirinho ao pé das exigências alemãs. A seguir veio o Junker. O homem até veio com uma longa teoria económica que inverteria a política alemã, da austeridade ao desenvolvimento, e que atraiu os holofotes da sociedade do espectáculo. Mas a luz apagou-se e agora exige mais austeridade à Grécia.
Por cá o Santo António (Costa),de Lisboa, mostrou-se muito “porreiro-pá” a anunciar que com ele a política alemã (do Passos Coelho e Portas) estava lixada e até deixou passar algumas deixas que permitiriam inferir que era a favor de uma renegociação da dívida e a afirmar-se solidário com a Grécia. Talvez seja má informação minha, mas penso que se meteu em covas e desapareceu da frente da luta, ou então anda pelos bastidores a urdir um grandioso movimento europeu. Mas até agora nada consta, a não ser uma cena bizarra que as televisões transmitiram em que os líderes dos PS Português (A.Costa) e Espanhol (P.Sanchez), enquanto declaram juntar esforços para combater a política alemã, são mostrados a fazer qualquer coisa junto de uma árvore que mais parece que estão a fazer um daqueles rituais afro-amaricanos, que implicam matar um animal junto a uma árvore, mais ou menos sagrada. Não se percebe se é uma perua Lagarde ou uma cabra Merkel. Nem a macumba parece que lhes esteja a chegar sequer para resolverem os seus problemas internos.
A Televisão tem andado esquecida de dizer que o sócio da Merkel no governo que impõe a austeridade a toda a Europa, é o PS alemão. Esta é boa. Não é? Afinal que distingue os socialistas dos partidos de direita alemães? Nada. Quanto a Portugal, terão que ser os socialistas a dizer, de modo claro o que querem. Parafraseando Eça de Queirós: O manto diáfano da fantasia, não tapa a nudez crua da verdade! Por muito que a “televisão”, se esforce para nos apresentar o A. Costa como a “alternativa” a esta política, fica patente que, para além do espetáculo, não fica grande diferença. A maquilhagem e os holofotes não escondem as rugas de uma política velha. Agora com o caso Grécia, fica claro que o PS tanto diz que apoia como critica e a política do sim, mas talvez não, ou do nim, não dá nunca bons resultados. Em primeiro lugar e desde logo porque não se entende nada! E depois porque em política não dá para fazer cambalhotas. No dia (29 Jun) em que o Presidente teve a inteligência de dizer que mais ou menos um na Europa, tanto faz, os comentadores, talvez desconhecendo quem tinha dito isso, foram unânimes em considerar esse raciocínio de perigosa idiotice. Normalmente, neste tipo de situação, as regras do jornalismo imporiam ouvir imediatamente o contraditório. As vozes alternativas foram esquecidas com uma límpida e inocente simplicidade e nem o PS ouviram; ou será que não quis falar?
Mesmo aqueles que aparentemente mais se aproximam do PS, mostram que no fundo, a esquerda socialista em Portugal pensa da mesma maneira, mas tem dificuldade em compreender o PS. Ana Drago disse: “Há uma lacuna óbvia na forma como António Costa tem tido dificuldade em falar sobre a questão da dívida e do Tratado Orçamental. … Vamos ter de fazer escolhas muito difíceis …Gostava de perceber melhor do lado do PS essa disponibilidade para confrontar a Europa em nome de um projeto de democracia em Portugal” (Publico, 22Jun). Pois são exatamente estas as questões que se estão colocando na Grécia e a seu respeito que poderá o PS dizer de diferente do que diz o PS alemão ou francês?