Ontem, dia 27 de outubro, decorreu a tomada de posse dos órgãos autárquicos da capital algarvia para o mandato 2025-2029, no Teatro das Figuras. Procedeu-se à eleição, por voto secreto, entre as listas candidatas à mesa da Assembleia Municipal.
Nos boletins de voto constavam duas opções, a Lista A, encabeçada pelo Engenheiro Macário Correia, Severino Correia (CHEGA) como primeiro secretário e Alexandra Gonçalves, como segunda secretária (PSD), e a Lista B, apresentada pelos socialistas, com Ana Cristina Guerreiro como candidata à presidência, Carlos Alberto como primeiro secretário e Nathalie Santos como segunda secretária. Ora, o apuramento dos resultados concedeu a vitória àquela primeira, pela diferença de um voto, registando-se ainda uma abstenção.
As manchetes que anunciam uma aliança entre o PSD e o CHEGA demoraram minutos a sair, desconsiderando por completo as palavras que o novo Presidente da Assembleia Municipal proferiu no seu discurso. Como bom democrata e autarca exemplar, o Engenheiro Macário garantiu todos os esforços inerentes à inclusão do segundo partido mais votado para a Assembleia, na mesa.
Sendo que nenhum partido tem a maioria absoluta e a eleição do presidente requeria, efetivamente, um acordo, o Partido Socialista, no apogeu da sua falta de responsabilidade democrática, recusou qualquer tentativa de diálogo. No fundo, queriam que lhes fosse entregue a Presidência da Assembleia Municipal, sem terem ganho as eleições. Corrijam-se as manchetes: “Partido Socialista recusa diálogo para a eleição do Presidente da Assembleia Municipal”.
Tinham direito ao voto os 10 deputados municipais pela coligação PPD-PSD, IL, CDS-PP, PAN e MPT, 10 pelo PS, 5 pelo CHEGA, 1 pelo Livre, 1 pela CDU, mais as Juntas de Freguesia, por inerência: 1 da Coligação, 2 do PS, 1 do CHEGA, e 1 da CDU.
Até ao último minuto antes do começo da cerimónia, os socialistas estavam desesperados por acumular votos que lhes dessem a vitória também neste órgão. Felizmente, não sucederam e conseguimos que se cumprisse a vontade dos mais de 11 mil eleitores que concederam a vitória da Assembleia Municipal ao Engenheiro Macário Correia.
Esta conduta é reveladora da postura que os socialistas irão adotar no mandato que se segue. A verdade é que António Pina, em Olhão, estava habituado a maiorias que lhe concediam carta branca para fazer o que quisesse. Em Faro, obrigam-no a ser democrata. E para alguém que está habituado a ter a faca e o queijo na mão, é algo difícil.
É com desgosto que assisto à carência de maturidade política que me rodeou ontem. Parte de mim encontra-se em luto, não por o meu partido não ter ganho a Câmara, mas por, nesta primeira oportunidade de assistir de perto o processo, ter de viver a imaturidade política encetada pelo Partido Socialista, a par da vitimização constante.
Afinal, quem mostrou superioridade democrática foram os elementos do CHEGA, que escolheram não se aliar com o PS, apesar dos esforços. Se o Presidente pudesse, distorceria as regras do jogo, como tentou fazer ontem. Eu e tantos outros farenses estaremos atentos. Não vale tudo. Votos de bom mandato Senhor Presidente: um mandato que seja democrático, transparente e sobretudo honesto!
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