Um grupo de clientes manifestou-se esta segunda-feira em Lisboa, depois de ver sair das suas contas quantias que, dizem, nunca autorizaram, num caso que denunciou como fraude bancária Eurobic. As transferências, de milhares de euros, terão ocorrido após contactos com funcionários bancários, o que levou os lesados a exigir responsabilidades à instituição.
De acordo com a Agência Lusa, os protestos decorreram junto à sede do Eurobic, atualmente sob a designação Abanca. Os manifestantes empunhavam cartazes com frases como “Confiámos o nosso dinheiro no Eurobic/Abanca, fomos roubados” e “O dinheiro era nosso, a culpa é vossa”. Dizem que o banco “lava as mãos”, alegando ter cumprido os procedimentos, enquanto os clientes garantem que nunca autorizaram as operações.
“Foi o banco que me mandou entrar”
Entre os lesados está Elisabete Rebelo, responsável pela empresa Rotunda Peças. Contou que, ao tentar fazer uma transferência online, estranhou o processo e contactou a sua agência. Uma funcionária colocou-a em contacto com um colaborador do banco, em Lisboa, que lhe deu instruções sobre como proceder. Pouco depois, da conta da empresa desapareceram 85 mil euros.
“O banco lava as mãos. Se eu entrei num site fraudulento foi o banco que me mandou entrar. A responsabilidade é do banco. Eu pago-lhes para guardarem o meu dinheiro e os meus dados pessoais”, afirmou.
Outro dos manifestantes, Joaquim Saiote, relatou que também foi vítima de uma transferência indevida. “Foi feita uma operação de valor muito elevado da conta da empresa para outra conta do mesmo banco. O banco não considera burla, diz que fomos nós que fizemos a transferência”, explicou, negando essa versão.
José Almeida contou que da conta da sua empresa saíram mais de 106 mil euros, divididos em cinco transferências. “Não dei coisíssima nenhuma, nenhuma credencial. Numa segunda-feira ia fazer transferências para os fornecedores e bloquearam-me a conta”, relatou. Quando tentou resolver o problema, já nada havia a fazer.
Segundo o empresário, foi possível identificar os destinatários e os NIB das contas para onde o dinheiro foi enviado, mas as transferências não foram revertidas. “Isto criou problemas sérios à empresa, desde pagamentos a fornecedores até aos salários dos trabalhadores”, lamentou.
Queixas apresentadas e respostas insuficientes
Os manifestantes representam um grupo de 15 pessoas afetadas entre junho e julho deste ano, em contas pessoais e empresariais. Dizem ter conhecimento de outros casos e prometem novas ações. Todos apresentaram queixa e aguardam o desenrolar do processo no Ministério Público.
Segundo a mesma fonte, os clientes afirmam não ter obtido resposta do Banco de Portugal, apesar das reclamações apresentadas.
Comunicado do banco
Em comunicado, o Eurobic/Abanca referiu que “a segurança e a confiança dos clientes são a prioridade máxima” da instituição e lamentou que “as fraudes continuem a afetar clientes de todo o sistema bancário”, sublinhando o aumento da sofisticação dos esquemas.
O grupo espanhol afirmou ainda que coopera com as autoridades na prevenção e investigação destes crimes e que as auditorias internas “não detetaram falhas nos sistemas informáticos do banco”, atribuindo as burlas a “esquemas externos baseados em sites falsos, phishing e chamadas enganosas”.
De acordo com a Agência Lusa, o Eurobic/Abanca garantiu compreender “as dificuldades enfrentadas pelos clientes” e reiterou a sua disponibilidade para os apoiar.
Leia também: Esta cidade fica a 1:30 h de avião desde Portugal e é a melhor do mundo para viver a reforma
















