A Polícia Judiciária está a investigar um novo esquema de burla que está a circular através das aplicações WhatsApp e Telegram. Os burlões apresentam-se com falsas ofertas de emprego ligadas ao conhecido site de reservas Booking.com, aliciando principalmente pessoas que procuram rendimentos extra.
Tudo começa com uma proposta tentadora
Estas mensagens surgem em grupos de conversa e prometem pagamentos rápidos em troca de tarefas simples, como colocar “gostos” em páginas ou fazer pequenas interações online. No início, a vítima recebe mesmo um euro por cada ação, o que serve para criar confiança e fazer parecer que tudo é legítimo.
Ganhar a confiança para depois enganar
De acordo com a Sic Notícias, depois de algum tempo a fazer estas tarefas simples, os burlões passam a propor atividades que envolvem investir pequenas quantias, sempre com a promessa de reembolso e lucros. Como a vítima já recebeu dinheiro anteriormente, sente-se segura e acaba por avançar com valores mais elevados.
Pedro Lourenço, do Portal da Queixa, explica: “Os primeiros pagamentos são feitos precisamente para dar segurança. Quando a pessoa começa a confiar, pedem-se quantias maiores, por vezes perto dos mil euros, com promessas de retorno ainda mais atrativas.”
No entanto, a partir de certo ponto, os pagamentos deixam de acontecer e os contactos desaparecem. A vítima percebe então que foi enganada, mas nessa altura já perdeu uma quantia significativa.
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Casos a aumentar e queixas a crescer
Desde o início de 2025, já foram feitas 17 queixas no Portal da Queixa sobre este tipo de burla, somando-se a mais de 50 casos registados desde 2024. Estas burlas afetam sobretudo pessoas mais velhas, muitas vezes reformadas ou à procura de uma forma de completar o orçamento familiar.
Portal da Queixa
O Portal da Queixa, apesar de não ter poderes legais, desempenha um papel importante ao divulgar estes casos e alertar a população. Pedro Lourenço sublinha: “Mesmo que não se consiga recuperar o dinheiro, denunciar é fundamental para evitar que outros caiam no mesmo engano.”
Investigação dificultada por atuação internacional
A Polícia Judiciária confirmou que está a investigar o caso e que já recebeu várias queixas nas últimas semanas. No entanto, acredita-se que os responsáveis operam a partir de países asiáticos, o que complica muito o trabalho das autoridades portuguesas.
“Estamos a falar de grupos organizados e sediados no estrangeiro, o que dificulta imenso qualquer tentativa de investigação ou de recuperação dos valores perdidos”, alerta Pedro Lourenço. Nestes casos, a cooperação internacional é essencial, mas nem sempre fácil.
Desconfiar sempre
Num tempo em que os esquemas de burla se tornam cada vez mais sofisticados, a melhor forma de proteção continua a ser a prevenção. É fundamental desconfiar de propostas demasiado boas para ser verdade, sobretudo quando envolvem transferências de dinheiro.
Opinião de especialistas
Os especialistas alertam quenunca se deve enviar dinheiro com base em promessas de lucro rápido. E sempre que houver dúvidas, é importante confirmar a veracidade das propostas junto das entidades competentes.
A Polícia Judiciária apela ainda a que todas as vítimas apresentem queixa, mesmo que o prejuízo já tenha ocorrido. Cada denúncia pode ajudar a travar estas redes de burlões e proteger outras pessoas do mesmo destino. Partilhar informação e estar atento pode fazer toda a diferença.
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