Para quem cultiva legumes e frutas em casa ou está a preparar o terreno para uma pequena horta, existe uma técnica agrícola que pode contribuir de forma significativa para o crescimento saudável dos tomateiros. Este método não exige o uso de fertilizantes sintéticos nem recorre a sistemas avançados. Trata-se de uma estratégia acessível, baseada na proximidade entre espécies vegetais, que melhora a resistência das plantas e cria um ambiente mais estável.
A introdução de calêndulas junto aos tomateiros é uma técnica amplamente defendida por especialistas em horticultura e jardinagem, conforme explica o The Mirror. Esta planta, também identificada pelo nome “marigold”, é reconhecida pelo seu odor característico, que funciona como um repelente natural contra várias pragas.
Efeito dissuasor natural
Entre os principais organismos afastados por esta flor encontram-se os nemátodes e os afídeos, ambos responsáveis por danos relevantes nas culturas de tomate. O aroma intenso das calêndulas interfere nos mecanismos de localização dos insetos, reduzindo a probabilidade de ataque direto aos tomateiros.
Aliadas dos predadores naturais
Além de afastarem pragas, as calêndulas atraem também insectos considerados benéficos, como as joaninhas, que desempenham um papel importante no controlo de pragas de forma biológica. A presença destes auxiliares contribui para a diminuição da utilização de pesticidas e ajuda a construir um ambiente de cultivo mais equilibrado. São flores de fácil manutenção, capazes de se adaptar a diferentes tipos de solo e variações climatéricas, conjugando funcionalidade com impacto ecológico.
Segundo o The Mirror, há ainda indícios de que a presença de calêndulas na proximidade de tomateiros pode beneficiar a qualidade do solo, graças às interações entre os sistemas radiculares. Estas flores libertam compostos específicos que inibem microrganismos potencialmente nocivos.
Este tipo de consociação ajuda igualmente a conservar a estrutura e fertilidade do solo. Para além das vantagens práticas, as calêndulas trazem cor e diversidade visual à horta, reforçando o equilíbrio ecológico do espaço cultivado.
Requisitos de luz e floração
As calêndulas são classificadas como plantas de fotoperíodo longo, o que significa que necessitam de várias horas de exposição solar para iniciar o processo de floração. Habitualmente só florescem no verão, quando os dias são mais longos e superam o limiar mínimo de luz diária. Estas flores precisam de pelo menos sete horas de sol por dia para se manterem produtivas. As suas inflorescências podem variar entre formas simples e dobradas, em tons que vão do amarelo ao laranja.
Outro ponto relevante é que estas flores são comestíveis, podendo ser utilizadas na preparação de refeições. Este aspeto reforça a utilidade da calêndula na horta doméstica. Devido ao seu aroma intenso e características naturais, são frequentemente empregues como método alternativo de controlo de pragas em espaços agrícolas. A sua presença tornou-se comum em explorações que priorizam práticas sustentáveis.
Combinação estratégica entre espécies
De acordo com o portal A Cientista Agrícola, a consociação de culturas baseia-se na plantação conjunta de espécies diferentes, com o objetivo de obter vantagens mútuas. No caso das calêndulas, estas são frequentemente plantadas em conjunto com culturas como tomate, batata, morango, alho-francês e feijão.
A escolha adequada das plantas deve ter em conta fatores, como as necessidades em nutrientes, profundidade das raízes, altura das espécies e o tempo de desenvolvimento. Esta abordagem pode aumentar a resiliência e produtividade da horta.
A consociação entre espécies de famílias botânicas distintas reduz o risco de proliferação de doenças e pragas. Isto acontece porque os agentes patogénicos enfrentam mais obstáculos para se transferirem entre culturas diferentes. A diversidade na plantação torna mais difícil o estabelecimento de pragas específicas, contribuindo para uma abordagem sustentável e adaptada a pequenas explorações.
Um caso concreto: o alho-francês
Uma associação comum envolve o cultivo conjunto de calêndulas e alho-francês, cultura vulnerável ao ataque da mosca do alho. Quando plantadas nas proximidades, estas flores emitem compostos que dificultam o acesso da praga. Esta integração demonstra como a escolha de companheiras vegetais adequadas pode prevenir perdas. A proteção proporcionada pelas calêndulas reduz ainda a necessidade de utilizar inseticidas.
As calêndulas demonstram eficácia contra pragas variadas, como a mosca branca, os nemátodes, o escaravelho do espargo e organismos que atacam couves. A procura por métodos mais naturais de defesa agrícola tem reforçado o uso destas flores tanto em hortas familiares como em explorações profissionais. O seu cultivo insere-se numa tendência crescente de práticas agrícolas regenerativas e de baixo impacto.
Contributo para práticas mais sustentáveis
O papel das calêndulas como elementos de proteção torna-as relevantes para estratégias agrícolas menos dependentes de substâncias químicas. “A consociação de culturas permite reduzir significativamente a utilização de pesticidas, ao mesmo tempo que promove a biodiversidade”, afirma à mesma fonte Carla Mendes, engenheira agrónoma. A introdução destas práticas aumenta a resiliência dos sistemas agrícolas e torna-os menos vulneráveis a flutuações externas.
Uma horta rica em biodiversidade é mais estável e menos sujeita a desequilíbrios causados por pragas ou doenças. A variedade de plantas atrai um leque mais alargado de insectos auxiliares, promovendo o controlo natural de forma mais eficaz. O cultivo de flores como as calêndulas reforça esse equilíbrio e acrescenta benefícios suplementares. Esta técnica é de aplicação simples, mesmo em espaços urbanos ou varandas com pequenos recipientes.
Solução prática e vantajosa
Plantar calêndulas junto aos tomateiros é uma medida prática, acessível e com resultados comprovados. Para quem tem uma horta doméstica, esta técnica representa uma alternativa eficaz para melhorar o desempenho das culturas sem depender de químicos. A sua eficácia está bem documentada por experiências no terreno e por estudos agronómicos.