Em toda a Europa, a esperança de vida está a aumentar, mas a qualidade de vida após os 60 anos não é igual em todos os países. Há locais onde envelhecer significa mais saúde, participação social e bem-estar, e outros onde os desafios económicos e de acesso a serviços reduzem a satisfação nesta fase da vida.
Os países mais felizes para envelhecer
De acordo com o Eurostat, a esperança de vida na União Europeia ultrapassa em média os 80 anos. No entanto, viver mais não significa necessariamente viver melhor, e é por isso que organismos internacionais analisam também outros indicadores. O Índice de Envelhecimento Ativo da União Europeia, por exemplo, mede dimensões como saúde, rendimentos, habitação, relações sociais e participação cívica.
Segundo este índice, os países nórdicos (Suécia, Dinamarca e Finlândia) lideram de forma consistente. Nestes territórios, os cidadãos mais velhos permanecem ativos no mercado de trabalho durante mais tempo, beneficiam de sistemas de saúde robustos e de políticas públicas que incentivam a integração social.
Europa Central e do Sul em perspetiva
Na Europa Central, Países Baixos e Áustria surgem também bem posicionados. A aposta em infraestruturas acessíveis, mobilidade urbana adaptada e apoio comunitário reforça a autonomia e contribui para níveis elevados de satisfação.
Já na Europa do Sul, países como Portugal, Espanha e Itália apresentam bons valores de esperança de vida, mas enfrentam dificuldades adicionais. O rendimento disponível após a reforma e a acessibilidade a cuidados de saúde são fatores que limitam a qualidade de vida. Ainda assim, a forte ligação familiar e comunitária típica destas sociedades compensa em parte essas fragilidades, criando redes de apoio fundamentais.
Fatores que influenciam o bem-estar após os 60
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, fatores como saúde, rendimentos adequados, relações sociais sólidas e participação em atividades culturais ou de voluntariado são determinantes para um envelhecimento positivo. A perceção de utilidade social, destaca o relatório Ageing Europe, é um dos maiores fatores de felicidade, ultrapassando até a dimensão da riqueza material.
O caso português
Portugal tem registado avanços significativos em termos de longevidade, mas os desafios permanecem. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, mais de 20% da população portuguesa tem hoje mais de 65 anos. A necessidade de reforçar políticas públicas que promovam o envelhecimento ativo é cada vez mais evidente.
Iniciativas como universidades seniores, programas de voluntariado e o incentivo ao turismo sénior mostram que é possível enriquecer esta fase da vida, mesmo quando os recursos financeiros são limitados.
Um futuro em construção
Envelhecer é inevitável, mas a forma como cada sociedade organiza os seus apoios determina se esta etapa será vivida com dignidade ou com dificuldades acrescidas.
O exemplo dos países mais bem classificados demonstra que, quando há equilíbrio entre políticas públicas eficazes e escolhas individuais saudáveis, é possível transformar a velhice numa fase de realização e bem-estar.
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