A cidade de Faro vai ser o palco da 35.ª Cimeira Hispano-Portuguesa, a realizar-se na próxima quarta-feira, dia 23 de outubro. Este encontro, que será copresidido pelo primeiro-ministro português, Luís Montenegro, e pelo presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, marca a primeira vez que ambos os líderes estarão à frente deste importante evento bilateral.
Entre os principais temas em discussão, destaca-se a análise da ligação ferroviária entre Faro, Huelva e Sevilha, uma infraestrutura que tanto a região da Andaluzia como o Algarve consideram de extrema relevância para o desenvolvimento económico e turístico de ambos os lados da fronteira. Esta ligação ferroviária de alta velocidade pretende facilitar a mobilidade entre as duas regiões, fomentando a cooperação transfronteiriça e o turismo, enquanto promove uma maior integração económica e social entre Portugal e Espanha.
No âmbito deste projeto, o Parlamento da Andaluzia já aprovou uma iniciativa proposta pelo Partido Popular (PP), que visa garantir o compromisso de ambas as partes no desenvolvimento desta linha ferroviária de alta velocidade. A aprovação desta medida sublinha a importância crescente que as infraestruturas de transporte têm vindo a adquirir nas relações bilaterais entre os dois países.
A cimeira ibérica não se limitará à discussão da ligação ferroviária entre Faro e Sevilha. O Governo da Extremadura, outra região fronteiriça de Espanha, também espera que deste encontro saia um compromisso claro relativamente à finalização das obras da linha de alta velocidade Madrid-Talavera-Extremadura-Lisboa, com uma previsão de conclusão até 2030.
Além do foco nas infraestruturas, um tema recorrente nas cimeiras entre os dois países, a questão dos caudais do rio Guadiana também será abordada. Portugal e Espanha esperam ratificar um acordo que prevê a definição de um regime de caudais mensal no troço final deste rio, um recurso natural fundamental para ambas as nações.
Recorde-se que a última cimeira entre os dois países decorreu em Lanzarote, no ano passado, com António Costa ainda à frente do Executivo português. Esta será, portanto, a primeira cimeira para Luís Montenegro enquanto primeiro-ministro, após a sua tomada de posse.
Embora se preveja que a cimeira aborde diversas áreas de cooperação bilateral e questões internacionais, como a crise no Médio Oriente, não se espera que o encontro traga à tona polémicas recentes, como as declarações feitas em setembro pelo ministro da Defesa português, Nuno Melo, acerca da soberania de Olivença. Segundo apurou o Huelva Informação junto de fontes diplomáticas, esta questão não está na agenda oficial de Portugal nem será tema de discussão no Algarve.
Esta cimeira reforça a tradição de encontros bilaterais anuais entre os dois países, alternando entre Portugal e Espanha, e contará com a presença de vários ministros de ambos os governos. O objetivo é consolidar a cooperação em áreas estratégicas e fortalecer os laços históricos que unem estas duas nações ibéricas, reforçando a importância da sua relação no contexto europeu e internacional.
Com a promessa de avanços em áreas cruciais como as infraestruturas de transporte e a gestão de recursos hídricos, a cimeira do Algarve poderá ser um marco importante na cooperação entre Portugal e Espanha, com impactos positivos para as regiões transfronteiriças.
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