Numa era em que o dinheiro físico é cada vez menos utilizado, a recusa de alguns estabelecimentos em aceitar pagamentos por Multibanco em Portugal pode parecer surpreendente. Muitos de nós já dispensam a carteira física, optando por soluções digitais como a Carteira Google, Apple Pay ou MB Way.
Contudo, a realidade é que ainda existem muitos negócios, especialmente os pequenos, que não disponibilizam terminais Multibanco. Esta realidade, como nos conta o Leak , contrasta com outros países europeus onde o uso de dinheiro físico se tornou raro.
Por que motivo tantos estabelecimentos recusam Multibanco? Em resumo, a resposta encontra-se nas taxas associadas a cada transação feita através dos terminais Multibanco. Embora seja conveniente para os consumidores e possa aumentar as vendas, representa um desafio financeiro para os estabelecimentos, especialmente aqueles com margens de lucro reduzidas.
Esta situação é particularmente verdadeira para estabelecimentos que lidam com produtos de baixa margem de lucro. Por exemplo, numa papelaria, a compra de um lápis através do Multibanco pode resultar no estabelecimento não obter qualquer lucro ou até mesmo ter prejuízo.
A SIBS gere as transações quando os consumidores optam pela opção “Multibanco” nos terminais, cobrando uma taxa por cada transação. Além disso, os bancos também impõem custos pelo aluguer dos terminais de pagamento (TPA), acrescentando despesas às já existentes, como anuidades, juros e manutenção de contas.
Em estabelecimentos com maior volume de negócios, os bancos tendem a reduzir essas taxas, incentivando o uso de terminais Multibanco. No entanto, nos locais menores e com menor volume de negócios, a presença destes terminais é limitada.
Adicionalmente, a falta de terminais pode facilitar a evasão fiscal, especialmente em estabelecimentos sem controlo de stock, como restaurantes e cafés. Sem a emissão de faturas, torna-se mais fácil contornar as obrigações fiscais.
Enquanto Portugal avança na digitalização, a questão das taxas associadas aos terminais Multibanco e a facilidade de evasão fiscal podem continuar a ser obstáculos para a aceitação generalizada destes métodos de pagamento eletrónico.
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