Cada vez mais pessoas procuram na emigração a resposta a um mercado de trabalho que, em muitos casos, não consegue oferecer salários competitivos ou estabilidade. A Alemanha continua a ser um dos destinos de eleição, sobretudo em áreas como os transportes. Dois motoristas espanhóis partilharam recentemente a sua experiência neste país da UE e revelaram os números concretos do que recebem e gastam todos os meses.
Segundo o jornal espanhol AS, a decisão de deixar o país não foi fácil, mas tanto Celina como Daniel acreditam que valeu a pena. Depois de se mudarem para a Alemanha para trabalhar como motoristas de autocarro, encontraram um cenário bastante diferente do que viviam em Espanha.
Quando questionados sobre o ordenado neste país da UE, explicam que o valor pode variar. O salário depende da carga fiscal de cada trabalhador e do número de horas extraordinárias realizadas. Ainda assim, indicam uma média mensal de cerca de 2.900 euros, sendo possível alcançar valores entre 2.800 e 4.000 euros.
Salário não é o único atrativo
Mais do que o rendimento, destacam outros fatores que consideram determinantes. A qualidade do sistema de saúde, o acesso a apoios familiares e até a perceção do custo de vida pesaram na escolha de permanecer no país.
Um dos pontos que mais surpreendeu foi a existência de uma prestação fixa de 225 euros por filho até aos 25 anos de idade. O detalhe que chama a atenção é que este valor não depende dos rendimentos do agregado familiar, o que garante uma rede de apoio uniforme a todas as famílias.
Rendas abaixo da realidade ibérica
Quando o tema passa para a habitação, a diferença entre países torna-se evidente. Celina paga cerca de 880 euros por mês, valor que já inclui todas as despesas. Daniel, que optou por viver numa localidade mais pequena, gasta apenas 550 euros de renda.
Ambos comparam estes valores com o que deixaram em Espanha e não têm dúvidas de que, no geral, é mais fácil encontrar alojamento acessível na Alemanha. Sublinhando que o mercado português se tornou incomportável, consideram que a habitação é hoje um dos maiores motivos para a saída de famílias inteiras do país.
Exigência e estabilidade
Apesar das vantagens, a vida de motorista de autocarro neste país da UE não é necessariamente mais fácil. Os horários são exigentes e a disciplina no cumprimento das regras é muito apertada. Ainda assim, garantem que a estabilidade e a forma como os direitos laborais são respeitados compensam o esforço.
Ambos admitem que a mudança de país implicou um processo de adaptação cultural e profissional, mas realçam que a segurança no trabalho e a previsibilidade financeira fazem toda a diferença no dia a dia.
Rede EURES como porta de entrada
A Alemanha, tal como outros países da União Europeia, procura trabalhadores através da rede EURES, que liga serviços de emprego públicos e privados do Espaço Económico Europeu e da Suíça. O objetivo é facilitar o recrutamento transnacional e atrair mão de obra para setores onde a falta de profissionais é crónica.
É através desta rede que também muitos portugueses têm encontrado oportunidades que dificilmente conseguiriam em Portugal. Além do setor dos transportes, há vagas em áreas como saúde, hotelaria, construção e indústria.
O futuro fora
De acordo com o AS, a experiência de Celina e Daniel é, para muitos, um retrato fiel do que significa emigrar em busca de melhores condições. Reconhecem que não é um caminho fácil, mas acreditam que é uma solução que pode mudar radicalmente a vida de quem aceita o desafio.
Do lado de lá, olham para o futuro com mais otimismo e a certeza de que, pelo menos para já, a decisão foi a mais acertada.
Para quem pondera dar o mesmo passo, os dois motoristas aconselham a preparação prévia, desde a aprendizagem do idioma até à consulta de todas as condições contratuais. O mais importante, dizem, é não arriscar sem informação fiável.
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