O ciclista francês David Gaudu (Groupama-FDJ) subiu hoje à liderança da Volta ao Algarve em bicicleta, ao vencer a segunda etapa, que terminou no alto da Fóia, em Monchique.
Gaudu foi o mais forte na chegada à contagem de primeira categoria, coincidente com a meta, terminando os 182,4 quilómetros após a saída de Albufeira em 4:50.51 horas, menos um segundo do que o italiano Samuele Battistella (Astana) e do que o britânico Ethan Hayter (INEOS).
Na geral, Gaudu lidera com um segundo de avanço sobre o norte-americano Brandon McNulty (UAE Emirates) e sobre o belga Remco Evenepoel (Quick-Step Alpha Vinyl).
Na sexta-feira corre-se a terceira etapa, a mais longa da atual edição da Volta ao Algarve, com uma ligação de 211,4 quilómetros entre Almodôvar e Faro.
O azar de uns foi a sorte de David Gaudu
Tobias Foss e Sergio Higuita foram os protagonistas involuntários na primeira vitória da época do francês David Gaudu, que ultrapassou incólume a queda no ‘sprint’ do alto da Fóia para vestir a amarela da Volta ao Algarve em bicicleta.
Após uma subida calculista dos favoritos, o ciclista francês da Groupama-FDJ passou incólume ao lado da queda que envolveu os campeões norueguês e colombiano – os dois cruzaram a meta a pé, com a bicicleta pela mão – e emergiu vitorioso do ‘sprint’ no ponto mais alto do Algarve, não escondendo a sua felicidade pelo triunfo e pelo ‘bónus’ de vestir de amarelo.
“É muito bom, estou mesmo feliz, é a primeira vitória do ano da equipa. Fiquei pelas primeiras posições e consegui ganhar”, resumiu o talentoso francês, que, aos 25 anos, já tem no currículo um 11.º lugar no Tour2021 e um oitavo na Vuelta2020, edição em que ganhou duas etapas.
A felicidade de Gaudu contrastou com a desolação de Foss (Jumbo-Visma) e Higuita (BORA-hansgrohe), que podem ter ficado irremediavelmente afastados da luta pela vitória final, ao perderem, respetivamente, 36 e 41 segundos, mas também com o ‘fracasso’ da INEOS, que depois de um soberbo trabalho na parte inicial dos 7,1 quilómetros da subida à Fóia, teve de ‘contentar-se’ com o terceiro lugar de Ethan Hayter na tirada, a um segundo do vencedor, e com a consolação de ter quatro homens no ‘top 10’ da geral.
Mas antes do francês erguer os braços no alto da Fóia, com o tempo de 04:50.51 horas, e da geral sofrer uma ‘revolução’ – houve 182,4 quilómetros para percorrer desde Albufeira, imediatamente animados pelo então camisola da montanha, o português João Matias (Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados), os ‘nacionais’ César Martingil (Rádio Popular-Paredes-Boavista) e Tomás Contte (Aviludo-Louletano-Loulé Concelho), além de Unai Iribar (Euskaltel-Euskadi) e Nicolas Zukowski (Human Powered Health).
O quinteto saltou do pelotão ao quilómetro seis, conquistou, com a ‘autorização’ da perseguidora Quick-Step Alpha Vinyl, uma vantagem máxima que rondou os quatro minutos, e foi alcançado a menos de 29 quilómetros da meta, já depois de Ion Izaguirre (Cofidis) ter abandonado a corrida, na sequência de uma queda, e de o camisola amarela Fabio Jakobsen, indiferente à luta pela geral, ter descolado.
Na Picota, ataques inofensivos começaram a selecionar o pelotão, com o aniversariante Delio Fernández (Atum General-Tavira-AP Maria Nova Hotel) a ser aquele que mais tempo resistiu à perseguição comandada, primeiro, pela Alpecin-Fenix e, depois, pela INEOS, responsável por um ritmo altíssimo – inicialmente, ‘cortesia’ de Geraint Thomas e, depois, de Jonathan Castroviejo e Dylan van Baarle – que esticou e reduziu o grupo.
A formação britânica assumiu as ‘despesas’ da seleção, antes da entrada em cena da Quick-Step Alpha Vinyl, mas, cautelosos, os candidatos vigiaram-se incansavelmente, cabendo a um corajoso Frederico Figueiredo (Glassdrive-Q8-Anicolor) a iniciativa de agitar a corrida, com o português a entrar isolado nos derradeiros 1.000 metros.
“Quando vi que tinha ganhado espaço e olhei para trás, ainda pensei que poderia dar para ganhar a etapa, mas sei que estes últimos metros são muito longos”, lamentou, em declarações à Lusa, um desiludido ‘Fred’.
Apanhado o português, os ‘tubarões’ juntaram-se para ‘sprintar’ e, numa aceleração pelo lado direito, Tobias Foss e Sergio Higuita tocaram-se, caíram, com a sua queda a prejudicar aqueles que vinham atrás, como Remco Evenepoel (Quick-Step Alpha Vinyl), vencedor na Fóia em 2020 – um feito perpetuado na estátua instalada a poucos metros da meta – e hoje mero sexto classificado, a um segundo do vencedor.
Do lado oposto à queda, seguiam Gaudu e Samuele Battistella (Astana), que foi segundo a um segundo, seguido de Hayter, Brandon McNulty (UAE Emirates) e Daniel Martínez (INEOS).
“No ‘sprint’, vi que outros corredores entraram mal na curva, e procurei ir pelo interior. Lancei o meu ‘sprint’ e foi até à linha”, explicou, depois, o feliz vencedor, que, na sexta-feira, vai partir para os 211,4 quilómetros entre Almodôvar e Faro, a mais longa etapa da 48.ª edição, com um segundo de vantagem sobre McNulty e Evenepoel, segundo e terceiro da geral, respetivamente.
Declarações
Declarações após a segunda etapa da 48.ª edição da Volta ao Algarve em bicicleta, ganha pelo francês David Gaudu (Groupama-FDJ), no final de uma ligação de 182,4 quilómetros, entre Albufeira e o alto da Fóia (Monchique):
David Gaudu, Fra, Groupama-FDJ (vencedor da etapa e líder da geral individual): “É muito bom, estou mesmo feliz, é a primeira vitória do ano da equipa. Fiquei pelas primeiras posições e consegui ganhar.
Queria estar na frente, sabia que o ‘sprint’ seria rápido. Apanhámos vento de frente e nos últimos quilómetros havia ventos cruzados. Disse à equipa para só irem para a frente nos últimos três quilómetros.
Pessoalmente, tratava-se da primeira chegada em alto da época. A equipa esteve soberba, a eles um grande obrigado.
No ‘sprint’, vi que outros corredores entraram mal na curva, e procurei o ir pelo interior. Lançei o meu ‘sprint’ e foi até à linha.
O meu estado de forma, a meio de fevereiro, deixa-me satisfeito, tendo em vista o próximo grande objetivo, o Paris-Nice. No Algarve, discutir a classificação geral será duro. Tentarei fazer o melhor possível no contrarrelógio, mas a última etapa é-me mais favorável.
Remco Evenepoel, Bel, Quick-Step Alpha Vinyl (terceiro classificado da geral individual): “A queda não decidiu a etapa, talvez os primeiros três, quatro.
Decidi deixar-me ficar entre a sétima e 10.ª posição para o ‘sprint’, e assim não consegues subir até à frente. Hoje, esperava apenas chegar no primeiro grupo e foi o que aconteceu, por isso correu bem”.
Frederico Figueiredo, Por, Glassdrive-Q8-Anicolor: “Como tinha perdido tempo para a geral com a queda de ontem [quarta-feira], tentei a minha sorte a faltar 1,2 quilómetros.
Quando vi que tinha ganho espaço e olhei para trás, ainda pensei que poderia dar para ganhar a etapa, mas sei que estes últimos metros são muito longos.
Tinha ideias de lutar pela geral, mas com a queda de ontem [quarta-feira] já não é possível. Vou voltar a tentar ganhar a etapa no Malhão, que é una subida muito mais ao meu jeito. Essa é a ideia e tentar tirar partido deste ritmo que o Algarve nos vai dar”.