O Santa Clara garantiu este sábado presença na próxima edição da Liga Conferência, ao terminar a I Liga portuguesa de futebol na quinta posição, impondo-se por 2-1 ao Farense, e beneficiando da derrota do Vitória de Guimarães, em Alvalade.
A formação dos Açores, que consegue a sua melhor classificação de sempre na I Liga, somou 57 pontos, mais três do que o Vitória de Guimarães, sexto (54), regressa assim à fase preliminar da terceira competição europeia de clubes, na qual marcou presença na época 2021/22
Em Faro, um golo de Serginho, aos 48 minutos, desfez o empate a uma bola com que as duas equipas chegaram ao intervalo, depois de Gabriel Silva ter colocado os açorianos em vantagem aos 42, e de Neto ter marcado para o Farense nos descontos do primeiro tempo (45+7), de grande penalidade.
O Farense fechou a prova na 17.ª e penúltima posição, com 27 pontos, mais três do que o Boavista, último, também despromovido.
Santa Clara vence, garante Liga Conferência e ‘condena’ Farense à descida
O Santa Clara garantiu o regresso às competições europeias, ao vencer em casa do Farense, por 2-1, na 34ª e última jornada da I Liga de futebol, desfecho que ‘condenou’ os algarvios à descida.
Gabriel Silva, aos 42 minutos, e Serginho, aos 48, marcaram os golos do triunfo dos açorianos, que se apuraram para a segunda pré-eliminatória da Liga Conferência 2025/26, enquanto Ângelo Neto assinou, aos 45+7, de grande penalidade, o golo do momentâneo empate da formação da casa, que não conseguiu aproveitar as derrotas de Estrela da Amadora e AVS.
O Santa Clara terminou o campeonato no quinto lugar, com 57 pontos, mais três do que o Vitória de Guimarães, derrotado em Alvalade por 2-0 pelo Sporting, que se sagrou campeão.
Já o Farense, de regresso ao segundo escalão dois anos depois, foi 17.º e penúltimo classificado, com 27 pontos, os mesmos de AVS, 16.º, em vaga de play-off, e a dois do Estrela da Amadora, 15.º.
O Santa Clara, privado de cinco jogadores por castigo, surgiu com o mesmo número de novidades no ‘onze’ (Guilherme Ramos, Frederico Venâncio, Matheus Pereira, Pedro Ferreira e Gabriel Silva), face ao triunfo caseiro sobre o Famalicão (2-1).
No Farense, o avançado espanhol Darío Poveda, fulcral nas duas últimas vitórias ao sair do banco para marcar os golos decisivos, ganhou a titularidade na única mudança operada por Tozé Marreco, que prescindiu de um central (Lucas Áfrico), em relação ao jogo em Guimarães (2-1).
A equipa algarvia posicionou-se em ‘4x4x2’, enquanto os açorianos mantiveram o habitual ‘3x4x3’, com o equilíbrio a ser a nota dominante nos minutos iniciais.
Nesse período, as principais emoções pertenceram aos adeptos da casa, que iam mostrando satisfação pelos resultados favoráveis que chegavam da Vila das Aves e do Estoril, aproximando os anfitriões da ansiada manutenção em caso de vitória.
Os níveis altos de ansiedade afetavam as duas equipas, que na primeira meia-hora estiveram longe das duas balizas, à exceção de um remate de Gabriel Silva, que passou ligeiramente por cima, aos 12 minutos.
Aos 28 minutos, Rony Lopes tentou um ‘chapéu’, que saiu demasiado alto, com Gabriel Silva a responder no minuto seguinte com a principal ocasião até ao momento, num remate cruzado de ângulo apertado que passou a centímetros da linha de baliza.
A três minutos do intervalo, o Santa Clara adiantou-se no marcador – Gabriel Silva assinou um livre direto em posição frontal, com uma execução de grande qualidade –, mas a situação de vantagem durou pouco tempo.
Nos descontos, o videoárbitro descortinou uma cotovelada de Guilherme Ramos sobre Rui Costa na área, confirmada por Cláudio Pereira após visionar as imagens, e o médio Ângelo Neto não desperdiçou a respetiva grande penalidade, restabelecendo a igualdade.
O Santa Clara recolocou-se na dianteira no início do segundo tempo, num lance em que Serginho ganhou o ressalto na disputa com Cláudio Falcão e, ‘na cara’ de Kaique, atirou com sucesso.
A formação da casa ‘acusou’ bastante o golo contrário, acumulando muitos erros na saída de bola, que até podiam ter sido aproveitados de outra forma pelos forasteiros, mais tranquilos na abordagem ao jogo.
À exceção de um remate de fora da área de Rui Costa, aos 64 minutos, que Gabriel Batista defendeu para canto, houve ‘pouco’ Farense numa fase em que aos algarvios bastava apenas empatar para, pelo menos, ir ao ‘playoff’ com o Vizela, terceiro classificado da II Liga.
Gabriel Silva, aos 81 minutos, e Matheus Pereira, aos 85, até estiveram perto do 3-1, quando o Farense já tentava tudo e deixava a defensiva a descoberto.
Nem mesmo na fase de assédio final o Farense conseguiu oportunidades de golo, para desespero dos seus adeptos, enquanto o Santa Clara festejou o triunfo e o apuramento europeu após o apito final.
Declarações após o jogo Farense-Santa Clara (1-2)
– Tozé Marreco (treinador do Farense): “Aquilo que foi o jogo, foi um bocadinho o reflexo do que se passou na época.
Uma entrada na segunda parte em que nada fazia prever [o golo do Santa Clara], depois de termos chegado ao empate num momento importante.
Frente a um Santa Clara forte nas transições, que tentou ao máximo explorar, faltou aquilo que faltou em muitos momentos da época, que foi golo.
E, na parte final, discernimento. Treinámos na academia, durante a semana, a possibilidade de ter de ir atrás do resultado, de ter de atacar com mais gente e chegar lá com cruzamentos, mas não tivemos o discernimento que devíamos ter tido.
Disse aos jogadores que cada um deve assumir as suas responsabilidades, as suas falhas. Fizemos estes pontos, que não foram suficientes. Tendo em conta como encontrámos isto à sétima jornada, foi duríssimo. Lutámos ate ao fim, mas não foi possível.
Não corrijo outros sem antes pensar onde podia ter melhorado. Assumi as responsabilidades que eram minhas. Encontrámos uma equipa sem ideias, com oito lesionados, e trabalhámos sobre isso, sobre os zero pontos, tentando dar uma ideia de jogo e tornar o plantel mais forte a partir de janeiro, com os reforços.
Tenho uma coisa certa: a consciência tranquila de que tudo fizemos. A justiça do futebol podia ter-nos dado mais pontos. Merecíamos mais pontos, por aquilo que jogámos, por aquilo que fizemos. Mas tivemos uma debilidade, que foi não marcar golos, o que nos prejudicou muito.
Como deve imaginar, temos todos de respirar fundo, cada um fazer a sua análise, fazer o luto à sua forma. Vão ser dias duríssimos, mas que hão de passar.
E custa-me ainda mais por ser um clube com esta história, com esta abrangência, merecia mais pontos do que teve e merecia ficar na I Liga. Mas o futebol é assim, é a única profissão em que podemos fazer 90% das coisas bem e não ganhar”.
– Vasco Matos (treinador do Santa Clara): “Um dia muito marcante para todos nós. Vai ficar na história. Trabalhámos muito, trabalhamos muito. Há muita gente aqui dentro cujo trabalho não é visível, mas não nos deixam faltar nada.
Não consigo com palavras descrever o que sinto. Extremamente emocionado, e muito feliz por aquilo que todos conquistámos hoje aqui em Faro.
Isto vem desde o ano passado, quando chegámos aqui, juntamente com a administração. Uma palavra para a administração, para o Klauss [Câmara, presidente da SAD], que partilha todos os dias connosco.
É fruto da nossa união, da nossa capacidade de trabalho, da nossa resiliência. Mesmo com todas as dificuldades que temos. Disse isso aos jogadores ao intervalo, quando estavam chateados pela grande penalidade que deu o empate: que não se esquecessem de como treinamos, que isto ia dar para nós. Eles acreditaram. Somos uma família. O segredo é esse.
[Continuidade nos Açores] Neste momento, sinceramente, não faz muito sentido falar sobre isto. É um momento histórico para desfrutar, porque o mérito foi de muita gente. O rosto mais visível é sempre o treinador, mas estou muito feliz nos Açores. Tenho contrato, acabei de renovar. Deixa-me muito orgulhoso levar o Santa Clara e os Açores à Europa.
Agradecer aos açorianos, aos nossos adeptos, incansáveis no apoio à equipa. Estamos muito contentes, os jogadores estão de parabéns, todos estão de parabéns e agora é desfrutar deste momento histórico.
Dedico isto a muita gente, especialmente à minha família, que sofre muito com a minha ausência. A minha esposa, os meus filhos, os meus pais. Mas dedico também àqueles que todos os dias lutam muito para que não nos falte nada”.
Jogo no Estádio de São Luís, em Faro
Farense – Santa Clara, 1-2
Ao intervalo: 1-1
Marcadores:
0-1, Gabriel Silva, 42 minutos.
1-1, Ângelo Neto, 45+7 (grande penalidade).
1-2, Serginho, 48.
Equipas:
– Farense: Kaique, Pastor, Marco Moreno, Cláudio Falcão, Paulo Victor, Ângelo Neto (Filipe Soares, 66), Samuel Justo (Raúl Silva, 78), Rony Lopes (Álex Bermejo, 66), Marco Matias, Rui Costa (Tomané, 78) e Darío Poveda (Yusupha, 66).
(Suplentes: Miguel Carvalho, Zé Carlos, Tomané, Yusupha, Álex Bermejo, Filipe Soares, Derick Poloni, Raúl Silva e Lucas Áfrico).
Treinador: Tozé Marreco.
– Santa Clara: Gabriel Batista, Guilherme Ramos, Adriano Firmino, Frederico Venâncio, Lucas Soares, Pedro Ferreira, Serginho (Daniel Borges, 76), Matheus Pereira, Vinícius Lopes (Edney Silva, 90+4), Gabriel Silva (João Costa, 90) e Wendel Silva (Matheusinho, 76).
(Suplentes: Néneca, Matheusinho, João Costa, Adriel Moraes, Edney Silva, Daniel Borges, José Tavares, Italo e Henrique Silva).
Treinador: Vasco Matos.
Árbitro: Cláudio Pereira (AF Aveiro).
Ação disciplinar: cartão amarelo para Frederico Venâncio (15), Matheus Pereira (32), Marco Moreno (40), Rony Lopes (49), Serginho (57), Wendel Silva (64) e Adriano Firmino (78).
Assistência: Cerca de 5.000 espetadores.
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