A artista plástica Marília Viegas, um dos nomes fundadores da Galeria Diferença, em Lisboa, morreu na quinta-feira, aos 81 anos, disse à agência Lusa o presidente da direção da Sociedade Nacional de Belas-Artes, João Paulo Queiroz.
Marília Luísa dos Santos Viegas nasceu em Faro, em 31 de agosto de 1941.
Formada pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, onde conclui o curso de Pintura em 1972, foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, era associada da Sociedade Nacional de Belas-Artes, e dedicou-se sobretudo à gravura, primeiro na Gravura – Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses, que reuniu artistas como Júlio Pomar, Bartolomeu Cid dos Santos, Cipriano Dourado e Alice Jorge, e depois na Galeria Diferença.
A sua atividade teve início em 1964, tendo participado em mais de 150 exposições coletivas, em Portugal e no estrangeiro, e em 39 exposições individuais, segundo o seu currículo, publicado pelo Movimento Arte Contemporânea (MAC).
Expôs no Centro Cultural Português, em Paris, por diversas vezes, em particular durante a década de 1970, assim como na Lunds Konsthall, na Suécia. Participou nas exposições nacionais de gravura, nomeadamente na sede da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, em 1981 e 1987, e na III Exposição de Artes Plásticas da Gulbenkian, em 1986.
Esteve representada nas bienais de gravura de Heidelberg, na Alemanha, de Ljubljana, na Eslovénia, e de Cracóvia, na Polónia, nas décadas de 1970 e 1980, e levou a “Gravura Portuguesa” a Oxford, no Reino Unido, em 1992.
As mais recentes exposições individuais e coletivas em que participou estiveram na Casa das Artes, em Tavira (1990), na Mãe d’Água, em Lisboa (1996), e no Museu José Malhoa, nas Caldas da Rainha (2000).
O seu percurso foi distinguido com mais de uma dezena de prémios, como o da Bienal de Gravura da Câmara da Amadora, que conquistou diversas vezes, assim como os de aquisição das exposições nacionais da antiga cooperativa Gravura e do antigo Banco de Fomento.
Foi um dos dez artistas fundadores da Cooperativa Diferença, em 1979, a par de nomes como Helena Almeida, Irene Buarque, António Palolo e Ernesto de Sousa.
Foi professora na Faculdade de Belas Artes de Lisboa, até se reformar em 2004, passando então a professora associada.
Está representada em coleções particulares e de entidades como o Banco de Portugal, a Câmara Municipal da Amadora, o Centro Cultural da Malaposta, os museus de Mirandela, do Desporto e de Bello Pinero, em Ferrol, Espanha.
A página na Internet do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian dedicada a Marília Viegas apresenta três obras da artista: “Espaço I-II”, “Paisagem I” e “Marte II”.
Segundo a informação da Sociedade Nacional de Belas Artes, o corpo de Marília Viegas encontra-se em câmara ardente na Igreja de Alfragide a partir de hoje e “o funeral será realizado na segunda-feira”.
Não foi dada informação sobre o local da morte da artista e professora de arte.