A Mákina de Cena estreia no Cineteatro Louletano na sexta-feira o espetáculo “Samotracias”, com direção artística de Carolina Santos, que “explora a difícil e obscura relação entre género e migração”, segundo um comunicado daquela associação cultural.
A peça é “inspirada” na obra “Les Samothraces”, de Nicole Caligaris, partindo da figura da estátua sem rosto e fragmentada da deusa grega da Vitória (Nice de Samotrácia), exposta atualmente no Museu do Louvre, para “pensar as relações complexas entre desigualdade de género e migração, numa realidade tão mediática, mas tão pouco conhecida”.
“Samotracias” é apresentado a 21 de outubro no Cineteatro Louletano e em seguida parte em digressão pelo Algarve, com apresentações a 23 de outubro no Auditório Carlos do Carmo, em Lagoa, e a 28 e 29 de outubro no Instituto Português do Desporto e Juventude, em Faro, para chegar a 12 e 13 de novembro ao Teatro Ibérico, em Lisboa.
O espetáculo apresenta “Pepita, Sandra e Sissi, três mulheres de diferentes gerações, nacionalidades e línguas — português, espanhol e francês —, [que] manifestam o mesmo desejo: o de partir”, explica a Mákina de Cena, em comunicado.
“Pela ambição ou pela urgência da fuga, cruzam-se os destinos de uma jovem que procura a fama no estrangeiro, uma mãe viúva que se recusa a um casamento forçado e uma senhora que, passadas décadas de servidão, procura um fim diferente para a sua vida”, precisa a associação cultural, acrescentando que “esmagadas pela esperança de um outro futuro, [as três mulheres] assistem, porém, ao desvanecimento dos seus sonhos numa viagem cruel”.
A peça propõe um compromisso, tanto em cena como nos seus processos de criação artística, com temas da atualidade como as desigualdades e as violências de género, “que nunca deixam de acompanhar as experiências das mulheres migrantes”.
Desde “Les Samothraces”, publicado em 2000 pela escritora francesa Nicole Caligaris, “a tragédia daqueles que continuam a andar sem rumo, casa ou sorte multiplicou-se”, lembra a associação cultural.
“Aconteceu Mória, aconteceu uma pandemia global, […] continuou Gaza, continuou o Irão, continua o género a ser tabu”, disse a diretora artística, Carolina Santos, citada no comunicado.
A nota conclui que, “sem se esquivar dos dilemas da atual geopolítica portuguesa e europeia, numa história fictícia, mas não por isso menos real, ‘Samotracias’ segue, de perto, os itinerários de mulheres desenraizadas e, por isso mesmo, sempre em movimento”.
“Samotracias” é a primeira internacionalização da estrutura algarvia, reunindo uma equipa com elementos de Portugal, Chile, Colômbia e França.
Com direção artística de Carolina Santos, a obra tem cocriação e interpretação da própria diretora artística e de Letícia Blanc e Ulima Ortiz.