Desde 2018 que uma alfarrobeira, que está prestes a completar cem anos, abriga uma das casas mais procuradas do país. Segundo o Portugal de norte a sul, esta casa na árvore é a casa mais procurada do Airbnb no Algarve.
Os últimos detalhes da construção do Conversas de Alpendre, um dos turismos rurais mais procurados em Vila Nova de Cacela, estavam a ser finalizados quando Cristina Gonçalves teve a ideia de construir uma casa na árvore para o neto. O marido, José Carlos Gonçalves, não concordou, “nem pensar, se vão fazer uma casa na árvore é para mim. Faz-se uma coisa a sério”, referiu à NiT.
Assim, a casa foi construída numa escala para adultos, numa quase centenária alfarrobeira, tornando-se um dos quartos mais cobiçados desde 2018. Este alojamento familiar destaca-se no segmento do turismo rural.
José Carlos, pai de Marta, juntamente com o genro Tiago, e o neto Francisco, decidiram apostar tudo neste negócio ao mudar-se para Vila Nova de Cacela. Os pais de José Carlos também deixaram Lisboa para trás em busca de um refúgio perfeito nesta quinta de um hectare, após uma carreira agitada que os mantinha frequentemente fora de Portugal.
“Sempre houve uma vontade, nomeadamente dos meus filhos, de termos uma segunda casa para passarmos férias. Eu nunca gostei da ideia”, conta José Carlos à NiT. Acabou por ser convencido a explorar o Algarve em busca do lugar ideal.
Apesar de conhecerem a região apenas de passagem, isso não importou quando descobriram o Conversas de Alpendre. “Lembro-me bem, estava um dia frio, cinzento, chuvoso. Dizem que os amores à primeira vista não existem, mas foi isso que aconteceu”.
A casa já era um pequeno bed & breakfast com seis quartos. Decidiram comprá-la, mas mudaram de ideias a meio do processo
“Como gostávamos das coisas todas bonitas e em condições, decidimos que iríamos reabri-lo como um pequeno hotel e, quando desse jeito, fechávamos só para nós e para as nossas férias. Assim ficávamos mais empenhados na casa, tínhamos tudo sempre impecável e ainda tínhamos um staff para nos ajudar”, explica José Carlos.
Foi então que a filha, Marta Guevara, decidiu assumir o negócio e mudar-se para o Algarve com a família.
Ocuparam a quinta em 2016, reabrindo ao fim de um mês. No primeiro inverno, fecharam e iniciaram uma remodelação completa. “Só ficaram quase as paredes exteriores”, recorda José Carlos. No final, a contagem de quartos subiu de seis para 10, inaugurando-se em 2017 o novo Conversas de Alpendre. Foi a partir daí que surgiu a vontade de adicionar particularidades, como a nova cabana e um quarto armazém. Mas a estrela foi o primeiro acréscimo: a enorme casa na árvore.
“O carpinteiro que trabalhava connosco era um tipo assombroso, fazia trabalhos espetaculares e abraçou o projeto da casa na árvore”, recorda. “É uma casa diferente do habitual e, aqui no Algarve, há de ser uma das poucas senão a única.”
Erguida no topo da velha alfarrobeira, a sete metros de altura, a casa proporciona uma vista única de 180 graus, que percorre a costa de Espanha até Tavira, permitindo ainda vislumbrar o nascer do sol. As grandes janelas pairam sobre o laranjal, oferecendo privacidade natural. Totalmente feita em madeira, a casa oferece um quarto amplo com um chuveiro envidraçado no meio, permitindo desfrutar da vista desafogada.
A construção não foi isenta de desafios. Construída de cima para baixo, o acesso revelou-se um problema. A escada de acesso ao quarto teria que ser demasiado comprida para um ângulo confortável. Dois hóspedes arquitetos sugeriram um patamar intermédio dentro da árvore, resolvendo o problema. A escada principal sobe discretamente pela copa junto ao tronco até o patamar ao ar livre, equipado com um sofá, que dá acesso ao quarto.
“As casas na árvore estão no imaginário de toda a gente e, claro há uma grande procura por isto. As pessoas querem experimentar. Se tivéssemos duas ou três casas destas, estariam sempre cheias, mas preferimos não ter. Queremos que seja uma coisa única”, referiu José.
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