O espetáculo “Alice no País do Lixo” estreia no dia 23 de fevereiro no Centro Cultural de Lagos, com sessões às 10:30 e 15:30, que se repetem no dia 24. No dia 25 haverá uma sessão às 16:00.
Este é um espetáculo de dança-teatro que conta a viagem de uma menina de oito anos por um mundo incrível e estranho. Tomando o mundo surreal e imaginativo de “Alice no País das Maravilhas” como inspiração e ponto de partida, “Alice no País do Lixo” toma um olhar lúdico e crítico sobre os restos da atual sociedade de consumo: os nossos resíduos.
A sociedade de consumo e os seus diferentes aspectos têm sido tópicos recorrentes no trabalho da artista Maria Clara Villa-Lobos desde 2000. Com “Alice no País do Lixo”, a artista pretende abordar estas questões sociais e ambientais dirigidas às crianças, de uma forma lúdica e criativa.
Ela gostaria de as sensibilizar para as consequências da sociedade de consumo que nos leva a criar sempre mais e mais desperdício no planeta, poluindo os nossos oceanos, espaços naturais e urbanos do mundo inteiro.
Alice é uma rapariga de oito anos que vive num país desenvolvido. Como muitas meninas da sua idade, tem muitos brinquedos e coisas com que brincar, mas sendo filha única, ainda se aborrece sozinha. O que Alice realmente adoraria ter era um animal de estimação, um animal real, verdadeiro! Não mais um como as dezenas de animais de peluche que já tem. No seu oitavo aniversário, Alice pede um animal de estimação mas recebe mais um animal falso, um grande coelho branco. À noite, enganada e zangada, atira o brinquedo discretamente para o lixo e vai dormir…
Sentindo-se culpada, acorda de repente e enquanto procura o coelho no caixote do lixo, cai dentro dele. Estranhamente, o caixote do lixo é muito profundo e Alice cai e continua a cair até aterrar numa montanha de lixo… numa terra imaginária onde o lixo se espalhou por toda parte. Alice tenta desesperadamente procurar o brinquedo perdido na montanha de lixo, o que não é tarefa fácil.
Assim começa uma aventura neste país do lixo onde Alice vai encontrar criaturas estranhas e lugares misteriosos como o Sétimo Continente, o Lixo Dançante, o Monstro do Saco de Plástico, os Gémeos Obesos, o Cisnes Negro, o Rei de Wasteland entre outros… Inspirando-se no trabalho de artistas visuais que fazem uma utilização criativa dos resíduos, bem como no famoso livro de Lewis Carroll, em “Alice no País do Lixo”, Maria Clara Villa-Lobos leva o público numa viagem ao mundo de resíduos analisando os seus diversos aspetos, não só o lado negativo, mas também o criativo e transformador.
Maria Clara Villa-Lobos
Bailarina e coreógrafa brasileira, vive na Bélgica desde 1995, trabalhou como bailarina para várias coreografias (Rui Horta, Willi Dorner, Sasha Waltz, etc.) antes de lançar a sua própria criação coreográfica. Fundou a sua companhia XL Prdutions em 2000, com a qual criou: incluindo XL, porque o tamanho importa (2000), M, uma peça de tamanho médio (2003), XXL (2005), Super! (2007) , o solo Head On (2009), a peça de público jovem Têtes à Têtes (2011), entre outros.
Entre as colaborações estão a do Collectif du Lion para o espetáculo de rua Sous les pavés (2012), depois a do Bal Moderne, para a qual a MCVL criou várias coreografias. Os seus espectáculos têm percorrido cerca de quinze países, principalmente na Europa (França, Bélgica, Noruega, Suécia, Dinamarca, Áustria, Alemanha, Inglaterra, Polónia, Holanda…), mas também no Brasil, Canadá e Coreia do Sul. MCVL foi artista em residência no Théâtre Les Tanneurs em Bruxelas de 2012 a 2017.
Em fevereiro de 2014, Clara criou o espectáculo Mas-Sacre, ambientado com a música de Stravinsky’s Rite of Spring, uma criação seleccionada pelo Théâtre des Doms como parte do Festival Off d’Avignon.
Em dezembro de 2016, criou uma peça de teatro para o público jovem, Alex au pays des poubelles, selecionada para o Rencontres du théâtre jeune public 2017 em Huy. No campo pedagógico, o MCVL é formada para ensinar Iyengar yoga, ensina yoga e dança contemporânea a crianças na Dancing Kids, escola fundada por Anne Teresa de Keersmaeker em Bruxelas.
Em “Alice no País do Lixo”, tal como na história de Carroll, a menina viaja até um lugar estranho. A diferença é que desta vez não acaba no País das Maravilhas, mas sim no do Lixo.
Fica a questão: será que existem ligações entre estes dois lugares? Será que o País das Maravilhas se transformou no País do Lixo, 150 anos mais tarde? E se sim, como e porquê? São estas as questões que “Alice no País do Lixo” estimula a serem descobertas pelo público mais jovem.
Como as questões acerca dos resíduos, da sociedade de consumo e dos seus aspetos são tão vastas e complexas, consideramos interessante e de valor aprofundar a reflexão sobre as mesmas através de Oficinas do Espectador. De facto, o tema oferece muitas possibilidades para atividades, seja no campo do movimento, da música, das artes plásticas ou da consciência ambiental.
Por exemplo, fazer um saco de plástico “dançar” ou fazer música com garrafas de água e outros objetos reciclados leva-nos a olhar para estes objetos que deitamos fora todos os dias de uma forma diferente e, portanto, a valorizá-los. Isto permite-nos então abordar a questão da poluição causada por estes objetos a fim de provocar uma reflexão e um olhar crítico sobre a sociedade em que vivemos.
“Alice no País do Lixo” é uma produção da AORCA, em co-produção da XL PRODUCTION e Câmara Municipal de Lagos, que conta com os apoios da Arte & Ambiente de Direção-Geral das Artes, Junta da Freguesia de São Gonçalo de Lagos, Turismo do Algarve, Casa Vale da Lama, Projecto Novas Descobertas, Associação de Dança de Lagos, Messe Militar de Lagos, Estúdios Victor Córdon e Moldopóli.