O primeiro-ministro resiste ao encerramento das escolas, mas não o coloca de parte. Ainda esta quarta-feira, a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, e a ministra da Saúde, Marta Temido, terão uma reunião com epidemiologistas e o primeiro-ministro irá depois ouvir delas o que defendem. As conclusões dessas conversas vão ser depois avaliadas pelos ministros no Conselho de Ministros de amanhã. “Os números de hoje são particularmente dramáticos e demonstrativos da gravidade da situação que existe no país. É cedo para tomar conclusões finais das medidas que tomamos na semana passada… mas é preciso sempre calibrar para saber se é necessário tomar mais alguma medida”, disse abrindo a porta a que amanhã o Governo tome já algumas medidas.
Questionado diretamente sobre se o Conselho de Ministros poderá tomar essa decisão, António Costa respondeu: “O Conselho de Ministros tomará sempre as decisões necessárias”. Mas deixou a nota. “Temos feito tudo por tudo para que as escolas não encerrem” por causa do “feito negativo” no processo educativo das crianças.
A escalada de pressão para o fecho das escolas não pára de aumentar e sai diretamente da campanha presidencial/Belém, que é como quem diz, de Marcelo Rebelo de Sousa. Foi o Presidente recandidato que insistiu no tema ainda ontem, levanto o primeiro-ministro a assumir que o encerramento das escolas pode ser uma realidade se a estirpe britânica for predominante. E voltou a ser outra vez Marcelo a empurrar o Governo nesse sentido esta quarta-feira quando, numa escola, disse que “as escolas potenciam a disseminação social”. António Costa estava em Bruxelas, na apresentação do programa da presidência portuguesa no Parlamento Europeu e tentou sacudir a pressão presidencial sobre o assunto, mas acusou o toque.
Para já, Costa tentar pôr água na fervura. “Não podemos tomar decisões conforme as pressões”, disse no início de uma conversa com jornalistas portugueses em Bruxelas. No final, viria a declaração que não o quer fazer, mas poderá ter de o fazer: “Vamos fazer tudo para evitar o encerramento das escolas e só devemos fazer em último caso”. E acrescentou o que já tinha dito na terça-feira na Assembleia da República se a estirpe britânica for predominante, “podemos ter de chegar lá [fechar as escolas], mas penso que o desejo de todos é não chegarmos lá”, disse.
Os dados que António Costa precisa para tomar uma decisão são os do estudo do Instituto Nacional Ricardo Jorge (INSA) sobre a influência da estirpe britânica no país, podendo ser conhecida a sua influência por escalões etários. O INSA tinha prevista a sua publicação para esta semana, mas ainda não se sabe quando. Em Bruxelas, Costa voltou a dizer que se “for relevante” fará a avaliação sobre as escolas.
Contudo, esta quarta-feira saiu um estudo de vários investigadores do INSA que indica que a estirpe britânica pode ser responsável por cerca de 60% dos casos em Fevereiro. Costa assume que estes dados é que o podem fazer mudar de posição, mas insiste que o encerramento das escolas tem um grande “custo para a aprendizagem. Estamos a falar da formação de uma geração e este é um dano cujo o preço a pagar não é hoje” mas “ao longo dos próximos anos”.
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