
A “Dieta Mediterrânica” Património Cultural Imaterial (PCI) da Humanidade tem Tavira como comunidade representativa de Portugal desde 4 de Dezembro de 2013.
No mês em que decorreu, nesta cidade, a 5ª edição da Feira da Dieta Mediterrânica e assumindo Portugal, ao longo deste ano, a presidência da coordenação deste património, reforçamos a importância deste tema.
A Direção Regional de Cultura do Algarve (DRCAlg) apresentou-se nesta Feira com dois projetos culturais relacionados com o PCI da região algarvia.
Direcionada para crianças, a partir dos cinco anos, e suas famílias, a “Oficina dos Alimentos Incríveis! – Arte, criatividade e gastronomia” é um projeto educativo concebido e orientado por Marina Palácio (Teatro Experimental de Lagos) que se realizou no “Largo do Brincar”, no sábado, das 10.30 às 12.30 horas. Uma oficina de nutrição criativa, poética e sensorial sobre alimentos mediterrânicos, temperada com música aromática, escrita criativa e tipografia caligráfica, que tem como objetivo explorar os alimentos em toda a sua forma, desde a degustação alimentar, musical até à literária, a partir de livros.
Já no Palácio da Galeria pôde assistir-se aos documentários “Algarve em Festa”, em língua portuguesa mas legendados em inglês, que deram a conhecer três festividades da região – a Festa das Tochas Floridas (São Brás de Alportel), a Festa da Pinha (Estoi), a Festa das Chouriças (Querença) – e a Confeção da Doçaria Tradicional Algarvia, que, tal como a Dieta Mediterrânica, são parte do PCI da região.
Pensar a Dieta Mediterrânica na Cultura do Algarve
Mais do que um regime alimentar, a Dieta Mediterrânica é uma forma de estar que reúne à volta da mesa pessoas que partilham uma herança cultural, o que envolve o respeito pelas crenças de cada comunidade, a manutenção das suas tradições e a valorização da sua identidade.
Pelo que é importante pensar a Dieta Mediterrânica nas suas várias dimensões, que incluem:
– contextos domésticos – ambiente, produção e consumo;
– contextos comunitários – celebrações e festividades;
– contextos regionais – contrastes e complementaridades – do familiar ao tradicional – da casa ao restaurante.
Numa região habitualmente referida pelos turistas que atrai, é relevante pensar na proteção e salvaguarda; tradição e inovação; autenticidade; deslocalização e outras problemáticas (auto-representação, identidade, performance, mercantilização, estilos de vida e mudança social).
A participação nesta Feira é um dos meios que a DRCAlg utiliza para dar a conhecer o PCI da região. Para além desta participação, é membro de diversos grupos regionais e nacionais no âmbito da salvaguarda da Dieta Mediterrânica e desenvolve a vertente da edição e apoio à publicação de obras que, entre outros temas, versam sobre Lendas, Provérbios e estudos sobre a alimentação no Algarve.
Outro dos propósitos da DRCAlg, no sentido de salvaguardar o PCI da região, tem sido o apoio às comunidades que pretendem registar e salvaguardar a sua herança cultural através do registo e inventariação, para que as gerações vindouras se sintam parte integrante de uma comunidade com passado, presente e futuro.
(Artigo publicado no Caderno de Artes Cultura.Sul)