A chegada da noite polar em Utqiaġvik, no Alasca, é um fenómeno que desperta sempre curiosidade, sobretudo para quem acompanha temas ligados ao clima e aos extremos da natureza. Todos os anos, esta região enfrenta um longo período sem luz solar direta, e a temática do desaparecimento prolongado do Sol continua a intrigar quem vive longe do Círculo Polar Ártico.
Segundo os registos astronómicos e a informação avançada pelo jornal americano The Herald Review, o Sol pôs-se oficialmente em Utqiaġvik na passada terça-feira. A partir desse momento, iniciou-se a chamada noite polar, um período durante o qual o astro não volta a nascer durante vários meses. Este fenómeno é resultado da inclinação do eixo da Terra, que impede que os raios solares alcancem diretamente a região mais a norte dos Estados Unidos durante o inverno.
A mesma publicação sublinha que o Sol apenas voltará a surgir no horizonte a 22 de janeiro do próximo ano, marcando cerca de dois meses completos de escuridão solar direta. Apesar disso, a população da cidade não vive totalmente na escuridão total, uma vez que, em determinados momentos do dia, a luz crepuscular ainda se faz sentir, criando uma espécie de claridade suave que antecede o regresso do dia.
Uma realidade anual para quem vive no extremo norte
Esta ausência prolongada de luz natural faz parte da rotina anual dos habitantes de Utqiaġvik. A cidade, situada a mais de 500 quilómetros a norte do Círculo Polar Ártico, é um dos locais mais extremos do planeta em termos de variações sazonais de luz. No verão, o fenómeno oposto também acontece, com mais de dois meses de Sol permanente sem que este se ponha, de acordo com a fonte anteriormente citada.
O impacto desta alternância é forte no quotidiano, exigindo adaptações no sono, na atividade económica e até na organização comunitária. Para muitos moradores, esta é simplesmente mais uma etapa anual, já integrada no ritmo natural da região.
Ciência explica o que acontece
A explicação científica para o desaparecimento do Sol é simples: a inclinação do eixo terrestre, de cerca de 23,5 graus, faz com que, no inverno, o hemisfério norte se afaste da luz solar. Quanto mais a norte se está, mais acentuado é o efeito. Durante este período, o Sol permanece sempre abaixo do horizonte, impossibilitando o nascer do dia tal como o conhecemos em latitudes mais temperadas.
Os cientistas, citados pela mesma fonte, destacam que a noite polar não significa ausência total de luminosidade. As fases de crepúsculo podem oferecer momentos de claridade, dependendo das condições atmosféricas.
Um fenómeno que atrai curiosos
Todos os anos, a chegada da noite polar atrai a atenção de curiosos, investigadores e fotógrafos. Para muitos, este é um período adequado para observar auroras boreais, já que o céu escuro permite que o fenómeno seja mais visível. A própria comunidade local costuma aproveitar este período para celebrar tradições associadas ao inverno e à sua cultura ancestral.
Ao mesmo tempo, turistas e entusiastas do clima procuram acompanhar o fenómeno, mesmo que à distância. A cada ano, multiplicam-se publicações nas redes sociais e plataformas informativas sobre o momento exato em que o Sol desaparece e o longo período em que não regressa.
Espera-se agora o regresso da luz
Com o calendário definido, resta apenas aguardar pelo dia 22 de janeiro do próximo ano, quando o Sol voltará a romper o horizonte e marcar o fim da noite polar. Para os habitantes de Utqiaġvik, este momento simboliza o início de um ciclo novo e o regresso progressivo da luz, que aumentará diariamente até culminar nos meses de Sol permanente do verão.
A noite polar pode ser uma realidade distante para quem vive em latitudes médias, mas, de acordo com o The Herald Review, continua a ser um dos fenómenos naturais mais impressionantes e marcantes do inverno no extremo norte do planeta.
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