A Organização das Nações Unidas (ONU) apresentou, recentemente, o aviso mais severo de sempre da comunidade científica mundial sobre os efeitos das emissões de gases de estufa e consequentes alterações climáticas. De acordo com o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas a que a TVI24 teve acesso, Portugal é uma das regiões mais vulneráveis do mundo às alterações climáticas. Neste sentido, a Associação Zero também tem alertado para esta prioridade ambiental.
As alterações climáticas estão longe de ser uma matéria para serem feitas apostas. Para saber mais sobre esses tópicos e similares existem outro tipo de sites com mais informações. A desertificação, seca, fogos florestais, erosão da linha de costa devido à subida do nível médio do mar e o aumento de tempestades, a diminuição da produtividade agrícola, a dificuldade na manutenção de sistemas agrícolas mais sensíveis a limitações hídricas ou de produção nacional, a propagação de doenças transmitidas por vetores e a poluição atmosférica são algumas das consequências previstas.
A Visão divulgou, nos últimos dias, um estudo realizado no Centro de Investigação da Marinha e Ambiental da Universidade do Algarve, apresentou um cenário dramático para a erosão costeira até 2100. Foram combinados 35 anos de observações de satélite da evolução costeira com 82 anos de projeções relativos ao aumento da temperatura do ar e da subida do nível do mar, usando diferentes modelos climáticos e simularam mais de 100 milhões de eventos de tempestades e quantificaram globalmente a erosão costeira resultante. Os resultados indicam que metade das praias do mundo podem desaparecer até ao final do século.
“As praias arenosas ocupam mais de 30% da costa do planeta e servem como zonas-tampão, protegendo a costa e os ecossistemas costeiros das ondas e inundações. Têm uma função ‘amortecedora’ que se tornará cada vez mais importante com o aumento do nível do mar e da frequência de tempestades mais intensas, em consequência das alterações climáticas”, refere o investigador da Universidade do Algarve, Theocharis A. Plomaritis. No entanto, mesmo que o aquecimento global seja controlado, as sociedades precisarão se adaptar e proteger melhor as praias de areia da erosão. “A presença humana torna as praias menos resilientes”, referem os autores, lembrando que “as costas arenosas formam um ambiente extremamente dinâmico devido à alteração das condições das ondas, do nível do mar e dos ventos, além de fatores geológicos e antropogénicos”.
As praias, em Portugal, poderão perder até 60 metros de areal. A reposição artificial de areias em que os municípios têm apostado estão a “mascarar” alguns impactos, porém apenas por breves períodos. Mais concretamente, e pela sua localização costeira, o Algarve é uma das regiões mais ameaçadas. A falta de água disponível, o aumento das temperaturas, a subida do nível do mar, o aumento das cheias e a perda de biodiversidade têm sido alguns dos fenómenos que o Algarve deverá enfrentar até ao final deste século. Os dados resultam de um estudo da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), para a realização do Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas.
Este plano tem como foco a identificação das principais vulnerabilidades climáticas (atuais e futuras) e o estudo das possíveis estratégias de adaptação dos concelhos que constituem: Albufeira, Alcoutim, Aljezur, Castro Marim, Faro, Lagoa, Lagos, Loulé, Monchique, Olhão, Portimão, São Brás de Alportel, Silves, Tavira, Vila do Bispo e Vila Real de Santo António. De âmbito nacional, surgiu ainda o programa COSMO, que inclui a realização de trabalhos e tarefas de monitorização nas praias, dunas, fundos submarinos próximos e arribas, designadamente a realização de levantamentos topográficos (com meios terrestres e aéreos) e hidrográficos ao longo de uma série de locais previamente selecionados da faixa costeira de Portugal Continental. O futuro começa hoje. Encontre mais conteúdos sobre esta temática através do seguinte link: https://cosmo.apambiente.pt/about.