O Tribunal Superior de Justiça de Castilla-La Mancha, em Espanha, validou o despedimento disciplinar de uma funcionária da Mercadona, que trabalhava na empresa há 34 anos, após ter sido apanhada a cobrar valores muito abaixo do preço correto em compras feitas por um vizinho.
Como foi descoberta a funcionária?
A funcionária, que integrava os quadros da Mercadona desde janeiro de 1989, foi surpreendida, em maio de 2023, a cobrar apenas 11,89 euros por um carrinho cheio de produtos, quando o valor real era consideravelmente superior, segundo o ‘Noticias Trabajo’, citado pela Executive Digest. Esta não foi uma situação isolada, pois em pelo menos mais duas ocasiões cobrou preços bastante reduzidos ao mesmo cliente habitual, que era seu vizinho.
Após uma investigação interna, a Mercadona concluiu que a trabalhadora tinha plena consciência de que estas práticas violavam as normas da empresa. A empresa considerou que esta conduta representava uma quebra de confiança e um desrespeito pelos princípios de boa-fé exigidos no local de trabalho.
A decisão da Mercadona baseou-se no seu acordo coletivo, que prevê o despedimento por justa causa em casos de infrações graves, como fraude, abuso de confiança e violação do Estatuto dos Trabalhadores. A empresa alegou que estas infrações comprometiam a integridade e os valores da organização.
O recurso da funcionária
Em resposta à demissão, a funcionária apresentou recurso, argumentando que não teve oportunidade de se defender perante os representantes sindicais antes da decisão e que a empresa fez uma aplicação incorreta do convênio coletivo.
O Tribunal Superior de Justiça analisou o caso e rejeitou os argumentos da trabalhadora, concluindo que o despedimento foi justificado e que a empresa agiu dentro dos limites legais e regulamentares. A decisão do tribunal reforça a postura rígida da Mercadona relativamente a comportamentos que possam afetar a confiança dentro da organização e comprometer o correto funcionamento das suas operações.
Este caso sublinha a importância das políticas internas da empresa no combate a práticas desleais, demonstrando que qualquer desvio das normas pode resultar em consequências graves para os funcionários envolvidos.
Tolerância zero da Mercadona
A Mercadona tem uma política de tolerância zero para situações que possam ser consideradas fraudulentas, sendo este um exemplo claro da aplicação dessas regras no contexto laboral. Para além das questões legais, o episódio levanta reflexões sobre a relação entre empregadores e trabalhadores e a necessidade de transparência e rigor no cumprimento das normas empresariais.
A decisão judicial pode também servir como um aviso para outros funcionários sobre a importância do cumprimento das regras internas e das implicações que qualquer desvio pode ter na sua relação contratual com a empresa. A empresa reforça frequentemente as suas diretrizes internas e promove formações para garantir que os seus colaboradores compreendem as normas e a importância de agir com integridade.
Este caso destaca ainda a relevância dos acordos coletivos e do Estatuto dos Trabalhadores na regulação das relações laborais e na definição das sanções aplicáveis a cada infração. Por fim, a decisão judicial valida a atuação da Mercadona, demonstrando que a empresa seguiu os procedimentos adequados para assegurar a legalidade do despedimento.
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