Rick Bright, ex-diretor da Autoridade Biomédica de Pesquisa e Desenvolvimento Avançado, um organismo governamental, apresentou queixa pela forma como foi afastado do seu cargo junto do Gabinete de Conselho Especial, uma agência que recebe e analisa denúncias.
Bright alega que foi transferido para um cargo de menor relevância depois de avisar sobre os riscos do patrocínio que Donald Trump fez para a aplicação de um medicamento usado no tratamento da malária (hidroxicloroquina) nos doentes com o novo coronavírus, nos Estados de Nova Jersey e de Nova Iorque, epicentro da pandemia nos EUA.
O cientista alega na denúncia que os responsáveis políticos do Departamento de Saúde e Serviços Humanos tentaram promover a hidroxicloroquina “como uma panaceia”, alinhados com os apelos do Presidente, que usou os seus ‘briefings’ diários na Casa Branca para recomendar esse químico.
Rick Bright diz ainda que as autoridades de saúde “exigiram que Nova Iorque e Nova Jersey fossem inundadas com esses medicamentos, que foram importados de fábricas no Paquistão e na Índia, sem terem sido inspecionados” pelas entidades competentes.
O cientista alega que sempre se opôs ao amplo uso desse químico, alegando que não existem evidências científicas para recomendar a sua aplicação em pacientes com a covid-19.
No mês passado, a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês) alertou os médicos contra a prescrição daquele químico, exceto em hospitais e estudos de pesquisa.
Num comunicado enviado nessa altura, a FDA sinalizou relatos de efeitos colaterais cardíacos, em algumas situações fatais, entre doentes com a covid-19 a quem fora administrada a hidroxicloroquina.