A praia da Fuzeta, no concelho de Olhão, necessita de uma intervenção de emergência para repor 150 mil metros cúbicos de areia e garantir o seu usufruto na época balnear, admitiu esta quinta-feiraa ministra do Ambiente.
“Precisamos mesmo de justificar a abertura de um concurso de emergência para que [a obra] esteja pronta no início da época balnear”, disse Maria da Graça Carvalho, durante uma visita a esta praia na Ria Formosa, no distrito de Faro.

A governante esteve esta quinta-feira na praia da Fuzeta, no âmbito de uma visita técnica da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), para “ver os danos causados” pelas últimas tempestades que fustigaram a costa algarvia.
A necessidade de justificar a abertura de um concurso público em regime de emergência para injetar areia na praia visa, segundo a ministra, evitar um concurso internacional normal “que pode atrasar e não dar tempo” que a obra fique concluída para o verão.
“Sem uma intervenção de emergência, vai ser difícil termos isto pronto para a época de praia. Do que foi visto esta quinta-feira e das opiniões dos técnicos que estão connosco, temos mesmo justificação para avançar”, apontou.
A intervenção inclui dragagens e a injeção de cerca de 150.000 metros cúbicos de areia, para recuperar uma extensão de 600 metros de praia com 30 metros de largura.
O financiamento necessário já está assegurado e foi transferido para a Agência Portuguesa do Ambiente, entidade responsável por conduzir o processo, afirmou a ministra.

Maria da Graça Carvalho admitiu também a necessidade de intervir para resolver problemas que envolvem todas as ilhas-barreira da Ria Formosa e noutros locais da costa, algarvia para combater a erosão costeira.
Segundo a titular da pasta do Ambiente, neste momento decorre o concurso para uma intervenção entre Quarteira e Vale do Garrão, no concelho de Loulé, numa extensão de 6,6 quilómetros, com um custo de 14 milhões de euros.
As obras em Quarteira têm já “o Estudo de Impacto Ambiental positivo, existindo uma questão que está a ser ultimada, que é a licença do património, para se poder arrancar com as obras”, explicou a ministra.
Em fase mais adiantada, indicou, está a intervenção na Praia do Vau, no concelho de Portimão, decorrendo neste momento a fase de abertura das propostas para as obras estimadas em dois milhões de euros.
As obras para combater a erosão na costa algarvia são financiadas por fundos comunitários, através do Programa Operacional Sustentável, concluiu.
“Sem praias, a economia do Algarve colapsa”, alerta autarca de Olhão
Por seu turno, António Miguel Pina, presidente da Câmara de Olhão, afirmou que “este é um problema para o qual temos vindo a alertar a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e tem sido o Município a fazer algumas operações de cosmética nos últimos anos. Mas, como a Senhora Ministra disse, este cordão dunar precisa de uma intervenção robusta. Depois teremos uma intervenção estruturada, que também terá de ser a pensar na pesca”.
“O Algarve exige que o próximo governo, seja ele qual for, crie um programa de defesa do cordão dunar da Ria Formosa, assim como a desobstrução dos seus canais. A Ria Formosa necessita deste cuidado! E, porque as praias do Algarve são o pulsar da economia algarvia, exige-se que o próximo governo tenha uma linha específica para a manutenção das praias do Algarve, porque os mais de 5% que representamos na economia nacional desaparecerão se não tivermos as praias em boas condições”, referiu o presidente do Município de Olhão e da Área Metropolitana do Algarve (AMAL), durante a visita à Ilha da Fuzeta, neste momento com uma praia praticamente inexistente devido à forte ondulação.

Os comerciantes da Fuzeta vivem “com ansiedade”, receosos que os seus negócios na praia possam não funcionar devido ao estado do areal: “Temem porque o seu ganha pão do próximo verão pode não existir, com as consequências sociais que daí advêm”, enfatizou o autarca olhanense, acrescentando que “sem praias esta nossa economia colapsa”, advertiu António Miguel Pina.
Na sua passagem por Olhão, Maria da Graça Carvalho presidiu ainda à inauguração do Espaço Energia de Quelfes, um novo balcão de apoio ao cidadão que passa agora a integrar a Rede Espaço Energia. Estes espaços foram criados ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e são operacionalizados pela ADENE – Agência para a Energia.
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