A situação em Aljezur, no Algarve, mantém-se instável devido ao incêndio que deflagrou no sábado no concelho vizinho de Odemira (Beja), havendo registo de pelo menos uma habitação ardida, disse à Lusa o presidente do município algarvio.
“Há uma habitação que ardeu, mas neste momento não disponho de mais dados”, disse à Lusa José Gonçalves, acrescentando que arderam também pequenos anexos e outros edificados naquele concelho do distrito de Faro.
Em Odemira a proprietária de um turismo rural disse à Lusa que a estrutura principal do alojamento ficou destruída.
Segundo o autarca, a situação mais preocupante é na zona entre as freguesias do Rogil e Odeceixe, onde, desde desta terça-feira de manhã, a intensidade das chamas tem vindo a melhorar ou a agravar-se consoante a direção do vento, tendo havido vários reacendimentos.
“A dimensão [do fogo] é grande, mas não tem estado vento nas últimas horas, o que também tem ajudado”, afirmou, avisando que o fogo ainda não está dominado e que ainda há muito trabalho pela frente para tentar controlar as chamas.
Retiradas 17 pessoas das suas habitações de Aljezur
Na noite de segunda-feira, o fogo obrigou à retirada de 17 pessoas das suas habitações, que ficaram alojadas nas zonas de apoio à população, mas esta terça-feira já puderam todas regressar a casa, indicou José Gonçalves.
“Nesta última hora em que os meios aéreos ainda podem operar vamos tentar tudo por tudo para que a situação fique controlada, e para manter o controlo durante a noite, é esta a nossa perspetiva”, sublinhou.
O incêndio rural numa área de mato e pinhal já entrou por algumas vezes no Algarve desde sábado, nos concelhos de Monchique e Aljezur, tendo na tarde de segunda-feira rodeado o centro de Odeceixe, em Aljezur.
Fogo de Odemira atingiu 10 mil hectares e mantém duas frentes ativas
O incêndio rural que deflagrou em Odemira já atingiu 10 mil hectares, mantendo ao início da noite desta terça-feira duas frentes ativas e obrigando as autoridades a cobrir um perímetro de 50 quilómetros, segundo a Proteção Civil.
Numa conferência de imprensa realizada pelas 19:30 no posto de comando instalado em São Teotónio – freguesia onde o fogo deflagrou, na zona de Baiona -, o comandante regional de Emergência e Proteção Civil do Algarve, Vitor Vaz Pinto, explicou que a frente norte, em Odemira (distrito alentejano de Beja), não apresenta problemas graves.
Já a frente sul apresenta duas situações mais preocupantes, no cruzamento com os municípios algarvios de Aljezur e Monchique (distrito de Faro).
Com a mudança do quadrante do vento registada ao final da tarde, disse o comandante, “o setor a sul vai ser mais exigente, também porque a orografia não permite colocar os meios aéreos onde são necessários”.
Ainda assim, e apesar de as autoridades reconhecerem haver variáveis que não podem ser controladas, é esperado um aumento da humidade, o que será favorável ao combate.
“Durante a tarde tivemos várias reativações que foram prontamente extintas pelas forças dispersas no terreno por mais de 50 quilómetros”, referiu o comandante, afirmando não ter até àquela hora a indicação de casas afetadas.
Vítor Vaz Pinto atualizou no ‘briefing’ o número de pessoas deslocadas pela GNR de forma preventiva para 1.459 – muitas das quais foram levadas para os pontos de acolhimento definidos – e referiu que 36 pessoas, na maioria agentes de proteção civil, receberam assistência do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) no terreno.
Outras oito pessoas – cinco bombeiros e três civis – chegaram a receber atendimento hospitalar, sem configurar situações de gravidade.
20 povoações e um parque de campismo evacuados
Ao início da tarde, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) indicou que 20 povoações e um parque de campismo (entretanto reaberto, sem danos) foram evacuados nestes dias e durante a tarde de hoje, segundo a informação da GNR, só a povoação da Delfeira, no município de Odemira, foi evacuada parcialmente.
Foi também referido que foram afetadas “extensas áreas de pinhal e povoamentos mistos como eucaliptal, sobreiros, medronheiros e matos”.
Segundo a página da ANEPC na internet, pouco depois das 20:00 estavam mobilizados para o combate às chamas 1.044 operacionais, 350 veículos e quatro meios aéreos, que terão de deixar de operar com a chegada da noite.
Uma das maiores preocupações das autoridades é evitar que o incêndio entre na vasta serra de Monchique, fortemente atingida por outros fogos em anos anteriores, sobretudo em 2018.
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