Um simulacro de uma colisão entre dois navios mercantes que provocou o derrame de combustível no porto de Portimão, serviu hoje para testar os meios de prontidão e combate à poluição por hidrocarbonetos no mar.
O exercício Atlantic POLEX.PT, realizado anualmente pela Autoridade Marítima Nacional (AMN), integrou também um simulacro de derrame de combustível originado pela avaria no sistema de abastecimento no porto comercial, que “provocou” um ferido grave.
Face à “gravidade” do incidente de impacto regional foi ativado o segundo grau do Plano Mar Limpo, que prevê o reforço de material. O plano integra quatro graus, sendo o primeiro acionado para grandes acidentes com mobilização nacional de meios, o segundo com mobilização regional, o terceiro de resposta a pequenos eventos e o quarto que configura a prontidão dos meios.
No estuário do rio Arade, em Portimão, foram montados cinco cenários de contenção e recolha de fuelóleo, proteção da marina, estaleiros e zona da Docapesca, e de recolha de aves e animais marinhos.
O produto derramado “dispersou-se em duas grandes manchas de poluição que derivaram para a entrada do porto, praias adjacentes e zonas importantes para a economia local”, cabendo às autoridades proceder à sua contenção e recuperação, através da colocação de mangas/barreira.
De acordo com o diretor-geral da Autoridade Marítima Nacional, o vice-almirante Carlos Ventura Soares, o exercício “que é feito em várias áreas do país, pretende que cada área esteja preparada para responder a acidentes de poluição no mar”.
“Testamos este ano aqui no Algarve um conjunto de situações que importa precaver, dado ser região sensível em questões ambientais e associadas ao turismo”, apontou.
Segundo o responsável, o simulacro revela-se de “extrema importância” em termos de cooperação de várias entidades e de integração de meios da Docapesca, autarquias, Administração dos Portos de Sines e Algarve e da proteção civil.
Carlos Ventura Soares realçou ainda a importância da cooperação internacional através da Agência Europeia da Segurança Marítima, sediada em Lisboa, e que tem meios que estão dispostos na costa portuguesa para poder participar em combates à poluição no meio marinho.
“A questão da poluição é importante para que possamos de forma sustentável explorar o mar e ao mesmo tempo preservar o ambiente, os ecossistemas e garantir a biodiversidade, daí fazermos estes exercícios em zonas costeiras próximas das comunidades”, concluiu.
O responsável da Direção de Combate à Poluição do Mar (DCPM), o Capitão-de-Mar-e-Guerra João Marques da Costa, disse aos jornalistas que “o exercício assume especial importância no sentido de operacionalizar o Plano Mar Limpo”.
Trata-se de um plano nacional de emergência para o combate à poluição das águas marinhas por hidrocarbonetos e produtos perigosos e que estabelece um dispositivo de resposta a situações de derrames ou da sua iminência, define responsabilidades e fixa competências das autoridades.
Segundo o responsável, durante o exercício que testou cinco ocorrências em cinco áreas distintas, “não foi detetada nenhuma situação preocupante” na resposta dos meios.
“O principal foi operacionalizarmos todos os canais de comunicação das várias entidades, fazendo disto uma resposta integrada”, realçou.
Participaram no simulacro da AMN um total de 219 elementos de várias entidades, entre as quais a Proteção Civil, a Administração dos Portos de Sines e Algarve, técnicos do parque aquático Zoomarine e do RIAS, da Universidade do Algarve, da Força Aérea Portuguesa, da Agência Europeia de Segurança Marítima e observadores da Lituânia, Espanha, Marrocos e da Estónia.
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