A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social defendeu hoje que o caso de alegada negligência no tratamento de uma idosa num lar de Boliqueime deve ser “averiguado até às últimas circunstâncias” e apelou à denúncia de situações semelhantes.
Ana Mendes Godinho falava aos jornalistas à margem do 7.º Congresso da Ordem dos Contabilistas Certificados, que decorreu no Altice Arena, em Lisboa.
Questionada sobre a morte e um alegado caso de negligência no tratamento de uma idosa na Santa Casa da Misericórdia de Boliqueime, em Loulé, distrito de Faro, que foi revelado hoje pelo Correio da Manhã, a ministra afirmou que “é um caso de uma gravidade” em que se tem de “tirar todas as averiguações que é preciso”.
A governante salientou que a Segurança Social tinha tido uma denúncia “no início deste mês e, logo após a denúncia, desencadeou as averiguações que está a fazer”, sendo que também existe uma “participação por parte do Ministério Público”.
“Tem de se tirar todas as consequências, apurar todos os factos” para saber o que aconteceu, reforçou Ana Mendes Godinho.
A ministra fez ainda um apelo para que casos semelhantes sejam denunciados.
“Se alguém tiver informações sobre situações dessas naturalmente que denunciem e informem para que possa haver intervenção, a Segurança Social, sempre que há uma denúncia, atua”, reforçou.
“O que eu apelo aqui é que, sempre que haja informação, peço mesmo que haja essas participações e denúncias porque a preocupação de todos nós, como sociedade, é também garantirmos exatamente que há esta capacidade de proteção dos idosos como regra, temos é que garantir que situações que aconteçam deste estilo têm de ser averiguadas até às ultimas circunstâncias para garantir que não acontece”, insistiu Ana Mendes Godinho.
A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social disse aos jornalistas que quando tomou conhecimento do caso pediu esclarecimentos à Segurança Social, tendo sido informada que a situação tinha sido comunicada no início do mês e que se tinha avançado para averiguações logo que houve esse conhecimento.
Por mais que uma vez, a governante sublinhou que é preciso investigar este caso “até às últimas circunstâncias”.
Neste momento estão “a ser avaliadas as circunstâncias, é isso que tem de ser feito imediatamente e para ter a garantia de que todos os factos são apurados”, reforçou.
“Acima de tudo, temos de salvaguardar a garantia de proteção das pessoas idosas, nomeadamente as que estão em instituições”, por isso é preciso que se identifique o que aconteceu, “para se adotarem os procedimentos necessários em função do que foi apurado”, acrescentou a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.
O Ministério Público “está a investigar os factos em apreço, tendo determinado a realização de autópsia médico-legal no âmbito de inquérito oportunamente instaurado”, confirmou a Procuradoria-Geral da República, após questionada pela Lusa.
O caso foi revelado hoje pelo diário Correio da Manhã, que publicou um vídeo, divulgado nas redes sociais, que mostra uma mulher de 86 anos deitada numa cama com dezenas de formigas em várias partes do corpo.
O mesmo jornal adiantou que a idosa acabou por morrer um mês depois deste episódio, que terá ocorrido em julho passado.
Por seu turno, a Santa Casa da Misericórdia de Boliqueime anunciou, na quarta-feira, através da rede social Facebook, ter aberto um inquérito para apurar responsabilidades ao alegado caso, que classificou de “negligência grave”.
A instituição particular de solidariedade social precisou que o “inquérito de natureza disciplinar” foi determinado depois de ter tido conhecimento do vídeo partilhado nas redes sociais a denunciar o caso.
“Tendo tido conhecimento a semana passada, que algum ou alguns dos seus colaboradores não garantiram o cuidado adequado a uma utente, […] determinou a instauração de um inquérito […] para apurar quem é ou são os responsáveis por esta situação inadmissível e será implacável na punição”, lê-se no documento.
No texto, a Santa Casa da Misericórdia de Boliqueime adianta ter apresentado uma queixa-crime contra a autora da publicação do vídeo, face aos termos “insultuosos e acusações infundadas”.
A agência Lusa tentou contactar a provedora da Santa Casa da Misericórdia de Boliqueime, tendo sido informada que a mesma estava indisponível por se “encontrar em reunião da direção”.