Uma mulher de 21 anos, natural do Paquistão ficou cinco dias escondida na sede da Associação de Mulheres Paquistanesas de Raval, em Barcelona, Espanha. Tudo isso para fugir a um casamento com um parente arranjado pelo seu pai.
“O pai obrigou-a, com espancamentos, a assinar um contrato de casamento com um parente”, revelou Huma Jamshed, a líder dessa associação, ao diário espanhol ABC.
Huma Jamshed refere que a vítima fugiu de casa e estava com medo de represálias, acabando por denunciar o caso às autoridades, que detiveram o pai no dia 21 de maio. O homem já tinha, em 2021, arranjado um casamento forçado com uma outra filha e foi agora acusado de tráfico de seres humanos, favorecimento da imigração ilegal e falsificação de documentos.
Huma luta desde 2005, ano da fundação da associação, para garantir os direitos das mulheres paquistanesas em Barcelona.
Em certas culturas, a figura do pai, elemento central da unidade familiar, coloca-o como a única autoridade legítima para “arranjar casamentos”. A vontade das filhas é assim irrelevante nesta matéria. As mulheres têm como obrigação habitualmente casar com parentes.
Segundo o diário espanhol ABC, o pai aproveitando-se do facto da jovem ser residente legal no país quis casar a filha com o seu sobrinho. Assim o sobrinho conseguia autorização para residir em Espanha.
Em suma, o homem, depois de apresentação às autoridades judiciais, está agora em liberdade condicional a aguardar julgamento. Foi alvo de aplicação, no entanto, de uma ordem de restrição contra a sua mulher e as suas duas filhas.