Os 16 municípios do Algarve vão tomar medidas para que o consumo urbano de água não ultrapasse os níveis de 2019, estando dispostos a ir mais longe, se necessário, segundo o presidente da Comunidade intermunicipal.
“Nós estamos dispostos a fazer esse esforço, à semelhança daquilo que fizemos o ano passado, para tentar assumir este desígnio regional, para que no final deste ano o consumo urbano seja de crescimento zero em relação a 2019”, disse o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), António Miguel Pina.
À margem de uma reunião entre os 16 presidentes de câmara do Algarve, na sede da AMAL, em Faro, o presidente daquele organismo indicou que, assim como em 2022, este ano haverá, entre outras medidas, uma diminuição da água usada na rega de jardins e o encerramento antecipado de piscinas públicas.
“É, no entanto, um desafio difícil, tendo em conta que, quando comparado com 2019, espera-se um ano turístico ainda maior”, alertou o também presidente da Câmara de Olhão, admitindo que pode ser necessário conter o aumento do consumo de água recorrendo a “outros instrumentos”.
O responsável regional referia-se à possibilidade de as autoridades concelhias retirarem os chamados contadores de água para rega pedidos pelos consumidores individuais.
“Com esta falta de água, não é compreensível que haja este tipo de contadores para regar os seus quintais ou as suas piscinas a um preço mais barato dos contadores normais”, avisou António Miguel Pina.
O consumo de água dos municípios representa entre 05 e 10% do consumo, sendo os particulares responsáveis por 90% do consumo total urbano.
As câmaras algarvias decidiram em 2022 o encerramento das piscinas municipais públicas durante o mês de agosto, medida que foi prolongada até final de setembro, com exceção das piscinas abertas nos territórios mais do interior.
O Conselho Intermunicipal aprovou ainda, na mesma altura, entre outras medidas, o encerramento das fontes ornamentais, a redução dos dias de rega e a paragem da rega dos espaços verdes públicos relvados com reconversão por espécies autóctones e com necessidades menores de disponibilidade hídrica.
Os 16 presidentes de câmara algarvios iniciaram a sua reunião de hoje com uma videoconferência com o ministro do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro, que, segundo António Miguel Pina, lhes confidenciou que “durante este mês [junho] será anunciado o local” em que ficará localizada a dessalinizadora prevista para ser construída no Algarve.
O ministro teve oportunidade de expor aos autarcas as medidas restritivas ao consumo de água no Algarve anunciadas na quinta-feira pelo Governo, nomeadamente no sotavento (leste) algarvio e a redução em 15% no consumo da água das massas subterrâneas na região.
Numa conferência de imprensa conjunta com a ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, Duarte Cordeiro disse na quinta-feira, em Lisboa, que tinha sido decidido reduzir em 20% a quota de água para a agricultura nas barragens de Odeleite e Beliche, e reduzir também em 20% a água utilizada nos campos de golfe.
No caso de campos de golfe e jardins, quando há alternativas, o corte será de 50%, disse Duarte Cordeiro.
O Governo também decidiu constituir de imediato, acrescentou, uma “task force” dedicada ao Algarve, com elementos da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e da Direção-Geral da Agricultura, entre outros, para rever os títulos de utilização dos recursos hídricos que foram atribuídos, “para condicionar os mesmos títulos à instalação de equipamentos de monitorização do consumo de águas subterrâneas”.
Além de medir esses consumos o objetivo é reduzir o uso de 15% da água das massas subterrâneas do Algarve, salientou o ministro.