A Associação de Defesa do Ambiente PROBAAL – Pró Barrocal Algarvio faz fortes críticas ao projeto da Iberdrola, que surge após o ministro João Galamba ter decidido fazer leilões para exploração de energia a empresas de produção de energia solar. A PROBAAL diz-se contra a instalação da denominada “Central Fotovoltaica de Estoi”, em território REN e RAN e cujo maior impacto recai principalmente sobre o concelho de Tavira, seguindo-se São Brás de Alportel e Olhão.
Segundo comunicado emitido esta sexta-feira, a que o POSTAL teve acesso, “a Iberdrola Renewables SA. avança com um estudo de impacto ambiental para se instalar, numa área equivalente a 160 estádios de Futebol em plena Reserva Ecológica Nacional, uma das áreas do Algarve mais rica em biodiversidade e zona de infiltração máxima do aquífero Peral-Moncarapacho”.
A PROBAAL diz que em causa está “património natural sob ameaças reais” e relembra que “precisamos de energia, mas precisamos, mais ainda, de água”, deixando vários questões pertinentes em comunicado cujo conteúdo aqui se reproduz:
O erro começa desde logo no início, quando o Estado Português, pela mão de João Galamba, decide fazer leilões para exploração de energia a empresas de produção de energia solar. E decidiu então que essas centrais solares iam para o Alentejo e para o Algarve, baseado no critério único da quantidade de horas e exposição solar, algo vantajoso para os produtores que, se autorizados para outros locais, iriam, é certo, para outros locais. Vão para o Alentejo e para o Algarve porque lhes foi permitido. E se é verdade que no Alentejo podem ser encontradas grandes áreas de terrenos decapados e esgotados por uma agricultura gananciosa, no Algarve isso já não acontece.
Mas e o critério água? Precisamos de energia, mas precisamos, mais ainda, de água. E toda a energia do mundo, não nos vai dar a água que precisamos. Neste caso, em concreto deste projeto, denominado Central Fotovoltaica de Estoi, agora em desmedida Consulta Pública (42 dias para avaliar mais de 800 páginas e uma infindável lista de mapas), onde a decisão de ir para uma área REN e RAN, que é zona de infiltração máxima de um aquífero está associada a puras decisões de gestão, é lançado um Estudo de Impacto Ambiental (EIA), pródigo em ocultações e estranhas confissões.
A primeira confissão diz respeito ao terreno em questão, que foi comprado em 1999 por uma empresa mineira, que agora o passou para a Iberdrola, quer por arrendamento, quer por venda. Será que a Tecnovia, S.A. se esqueceu de dizer à Iberdrola que a população se uniu duas vezes em duas décadas para lutar pela preservação do Património e valores naturais daquele território?
A Iberdrola também tomou a medida invulgar de comprar muitos hectares de terra ao longo do local proposto, tornando a Central de Estoi uma das poucas em que o promotor é também o proprietário, uma vez que o terreno é normalmente arrendado e não comprado. Estará a Iberdrola tão segura de comprar e arrendar 154 hectares?
A segunda confissão, é que a rede de aproximadamente 175 000 painéis solares serpenteia vários pequenos ribeiros e cobre as suas cabeceiras. E vai confessando que é preciso escavar, despedregar, erradicar matos… enfim, destruir tudo aquilo que favorece a pluviosidade e permite que a água que corre para aquele vale se infiltre no aquífero Peral-Moncarapacho, o qual também carrega parcialmente o aquífero da Luz de Tavira. Ignoram ou desvalorizam igualmente o facto de que esses painéis precisam de ser limpos com água (ou químicos tóxicos). Será que nunca viram no Algarve o efeito das poeiras do deserto?
Querem que sejamos nós a poupar a água? Poupemos e recuperemos o território, que estaremos assim todos a poupar água. E com ela toda a biodiversidade, incluindo as várias espécies protegidas de fauna e flora que ali (ainda) se encontram.
Para poder assinar a Petição, clicar AQUI
Para Consulta Pública, clicar AQUI ou clicar no próprio site da PROBAAL – AQUI