A Região do Algarve é o rosto da promoção da Dieta Mediterrânica em Portugal e foi corresponsável pela candidatura à UNESCO, que inscreveu este modo de vida e modelo de alimentação, em 2013, na lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade, tendo em 2018 sido realizada a primeira Assembleia Geral do Centro de Competências para a Dieta Mediterrânica (CCDM), um fórum de âmbito nacional de pesquisa, partilha e articulação de conhecimentos sobre aquela temática, que congrega agentes de investigação e inovação, formação, capacitação, divulgação e transferência de conhecimento, com agentes económicos e organismos da administração pública, potenciando a respetiva cooperação, a nível nacional e internacional.
Segundo comunicado da CCDR do Algarve, são vários, desde então, os projetos no âmbito da promoção da Dieta Mediterrânica, cuja adoção está cientificamente relacionada com a diminuição de patologias de vários foros, mas particularmente da área cardiovascular, uma das principais causas de morte em Portugal e no Mundo. A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, a Direção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP) do Algarve e o Município de Tavira não hesitam: no próximo Quadro Comunitário de Apoio a promoção da Dieta Mediterrânica continuará a ser prioritária.
No próximo dia 8 de setembro, alguns dos maiores especialistas da área da nutrição e da saúde vão reunir-se em Tavira para, de forma transversal, analisar o impacto dos vários projetos levados a cabo, nos últimos anos, com vista à promoção da adoção da Dieta Mediterrânica e à partilha de contributos para aqueles que serão os próximos passos e que, com toda a certeza, irão ser refletidos no próximo quadro comunitário de Apoio Portugal 2030.
Para José Apolinário, presidente da CCDR Algarve citado na nota, é claro que tendo sido a Região do Algarve uma das principais promotoras da elevação da Dieta Mediterrânica a Património Cultural Imaterial da Humanidade e “surgindo, a cada dia, evidências científicas dos benefícios da adoção desta dieta em termos de qualidade de vida e de saúde, continuaremos, no âmbito dos fundos comunitários que geridos na Região, a apoiar a promoção da Dieta Mediterrânica, que, paralelamente, assume um papel diferenciador e promotor do Algarve, com tudo o que isso traz de valor à economia e à coesão social da Região”, afirma.
Já Pedro Valadas Monteiro, diretor da DRAP Algarve, enfatiza o importante papel que o recentemente constituído Polo de Inovação de Tavira, instalado no Centro de Experimentação Agrária de Tavira (CEAT) poderá vir a desempenhar “enquanto centro de referência nacional da Dieta Mediterrânica, congregando múltiplos atores, públicos e privados, com ligações a esta temática nas suas várias dimensões, a saber, alimentação sustentável, recursos endógenos e sistemas alimentares locais, património histórico-cultural e paisagem, dimensões fundamentais nas novas políticas de promoção ativa da saúde e bem-estar, capaz de gerar sinergias, multiplicando e acrescentando valor a projetos e iniciativas individuais através do networking”.
Assim, no âmbito do que tem sido o modelo de atuação da CCDR Algarve, que passa por trabalhar em rede com as várias entidades setoriais e com os municípios, ouvindo os principais agentes neles envolvidos, avaliando os estudos de impacto e pedindo os contributos dos principais especialistas de cada uma das áreas prioritárias – a sessão marcada para o próximo dia 8 de setembro é, para a CCDR Algarve, um evento para reforçar a consolidação da Salvaguarda da Dieta Mediterrânica.
A importância de continuar a apostar na dieta mediterrânica
Pedro Graça, entre outros, ex-diretor do Programa Nacional de Promoção da Alimentação Saudável da Direçã-Geral da Saúde e atual presidente da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, vai estar presente na sessão de Tavira e a sua intervenção vai incidir sobre os “5 Desafios para Proteger a Saúde da Dieta Mediterrânica”.
Defensor acérrimo deste modelo de alimentação, Pedro Graça foi co-autor, em 2018, do Manifesto pela Preservação da Dieta Mediterrânica, no qual, entre outros, defende que “a preservação da Dieta Mediterrânica (DM) implica a participação transnacional dos Governos, dos setores da cultura, agricultura e saúde, e dos cidadãos, de forma a preservar a diversidade cultural, a biodiversidade, proteger a capacidade produtiva e regenerativa dos solos e a saúde das populações. Apesar deste consenso, temos de ir mais além e identificar os setores e áreas de intervenção onde podemos fazer a diferença. Este é um contributo para a necessária discussão”.
Neste documento, Pedro Graça defende ainda que “as alterações climáticas, com o aumento das temperaturas médias, redução da pluviosidade, a demografia e desertificação, colocarão o acesso à água, a produção alimentar e o relacionamento humano sob grande pressão. A DM é reconhecidamente um modo de consumir protetor do meio ambiente. Através do consumo alimentar mais consciente poderemos fazer a diferença no planeta. A preservação da DM representa hoje um modo de preservação do planeta onde o setor do ambiente terá uma palavra central”.
Por último, mas não menos importante, Pedro Graça lembra que a Dieta Mediterrânica é reconhecidamente promotora da saúde, não só pelos alimentos que incorpora (azeite, cereais, leguminosas, fruta…), pela forma como os prepara, “mas principalmente pela frugalidade. Frugalidade significa comer em função das necessidades energéticas e comer em qualidade e não em quantidade. Só assim se evitam doenças como a obesidade ou a diabetes. A preservação da DM passa por valorizar a comida de qualidade”.
Para além de Pedro Graça, vão intervir na sessão outros especialistas de renome e com reconhecido trabalho realizado na área da nutrição e da saúde e muito particularmente na defesa da Dieta Mediterrânica, como sejam a professora Sandra Pais, da Universidade do Algarve e do ABC- Algarve Medical Center, o Dr. João Coucello da Fundação Portuguesa de Cardiologia, a professora Maria Palma Mateus, da Universidade do Algarve, e a Drª Teresa Sancho, da Administração Regional de Saúde do Algarve.