Recentemente assisti à apresentação do conceito de um Geoparque, que dá pelo nome de Algarvensis, e que é candidato à aceitação por parte da Unesco, para esse fim.
O mesmo integra grande parte do interior do Algarve, nomeadamente nos concelhos de Loulé, de Sives e de Albufeira, e tem como objectivo a valorização desse mesmo território.
Existem várias experiências muito positivas por toda a Europa, e até pelo mundo fora.
Saliento a importância do mesmo, e o envolvimento dos Senhores e Senhora Presidente de Câmara, destes três concelhos Algarvios.
Todos sabemos que actualmente já existe uma oferta turística no interior, e sem querer tirar disso nenhum tipo de benefício, o facto é que desde o início de 2013, enquanto Presidente da Região de Turismo do Algarve, procurei colocar o Barrocal e a Serra na agenda dos visitantes do Algarve. O nosso apoio à Via Algarviana e a Rota Vicentina, em colaboração com os Municípios do Algarve foi essencial para a referência que hoje estão a ter, na oferta turística da Região.
Bem, mas voltando ao conceito do Geoparque, o mesmo passará a ter uma relevância estratégica para o interior, diga-se Barrocal e Serra Algarvia, se o mesmo for acompanhado de medidas estruturantes que ajudem na economia local, e preservem o essencial da Fauna e da Flora desse mesmo território, mas com o entendimento não radical e inflexível que algumas entidades tem sobre esses territórios.
Os municípios, diga-se os Autarcas, devem assumir essa causa como uma bandeira não só local mas regional.
Devem estabelecer um conjunto de ofertas integradas nas diferentes especifidades dos territórios, como a sua comercialização em rede e em complementariedade.
Complementaridade dos produtos como a Gastronomia, a Cultura, o Artesanato, os passeios pedestres, os trilhos, e as rotas para as bicicletas, enfim, um número de actividades e que já se fazem mas que precisam ser organizadas e promovidas, ainda com mais força e obviamente com mais meios humanos e financeiros.
Tudo isto é muito importante, mas existe uma questão de fundo que não está, nem nunca foi resolvida. Falo do ordenamento do território, tema que já abordei algumas vezes, mas que neste caso ainda é mais relevante.
Sabemos que o interior só se desenvolve se houver mais economia, e isso só pode ser feito com pessoas e para pessoas, e daí a necessidade de se criarem as infra-estruturais necessárias a sua fixação.
Sem esse fator humano residente e estabilizado, não será possível atingir os objetivos por muito válidos que sejam, e até o são.
Importante é que no contexto do ordenamento seja possível autorizar pequenas construções e ampliações, de modo a garantir quer a habitabilidade quer a actividade económica.
Se isto não tiver um sentido prático, nomeadamente no alojamento, o que vai acontecer é um litoral cada vez com mais carga humana, e um interior só para ser visitado durante o dia, e à noite todos vêm dormir ao Algarve, como se diz, da 125 para norte.
Que não se deixe perder esta oportunidade de desenvolver o interior, mas ajudemos todos os Autarcas a lutarem contra a inércia, e os poderes instituídos, de modo a termos um Algarve mais coeso e sem tantas assimetrias.
Pensem nisso!
O Algarve agradece!