Nestes últimos tempos em Portugal tem-se falado, e muito, da imigração. Tendo um milhão de estrangeiros a residir em Portugal a questão é muito atual.
Portugal, país pacífico e seguro, viu crescer o número de estrangeiros, mas também nestes últimos 10 anos, onde a população imigrante aumentou enormemente, conseguiu diminuir o número de crimes. Assim se deita abaixo o mito de que a imigração traz insegurança, discurso que tanto aparece nos debates políticos.
A região teria mais desenvolvimento se essas comunidades fossem mais integradas e incluídas nas instituições, associações e também na política
No Algarve, em particular, a chegada de estrangeiros tem ajudado imenso o desenvolvimento da região.
Seja os abastados reformados provenientes maioritariamente do centro e norte da Europa, que têm feito muitos investimentos, sobretudo no setor imobiliário, mas também a enorme quantidade de mão-de-obra que tem ajudado fisicamente o desenvolvimento, preenchendo muitas das necessidades que o Algarve tinha.
O aspeto económico acima citado não teve todo o aproveitamento que poderia ter tido. E isso deve-se à falta de coesão social que há na região e da qual quase ninguém fala. Basta ver que as comunidades ficam bastante fechadas entre si, prova disso são os milhares de pessoas que moram na região há décadas e não falam português.
A região teria mais desenvolvimento se essas comunidades fossem mais integradas e incluídas nas instituições, associações e também na política. Falo da política, da boa política, essa que tenta resolver os problemas de toda a sociedade, não só dos próprios apoiantes ou analisando a situação pensando na conveniência das próximas eleições. Um exemplo bem explícito, ajudar as comunidades asiáticas cada vez mais numerosas não traz benefícios eleitorais, mas sim benefícios a toda a região, pois ter pessoas à margem da sociedade já vimos em muitas partes do mundo que não traz nada de bom.
Estrangeiros com experiência e capacidade demonstrada, unidas com as conexões económicas e sociais que têm nos seus países de origem, poderiam, se incluídas, trazer enormes benefícios para todo o Algarve. Agora se isto não é aproveitado, e em muitos casos não é, estamos a desaproveitar um potencial enorme de desenvolvimento e fomentando um desinteresse pelo bem comum: cada um faz só o que lhe traz benefício próprio e a região beneficia muito menos do que poderia.
Os estrangeiros pagam milhões e milhões de impostos por ano à região, mas nada decidem sobre o que fazer com esses impostos, pois nos centros de decisões não há nenhum ou quase nenhum estrangeiro. A solução passa por políticas de inclusão reais como a de recenseamento, a de ensino público e gratuito da língua portuguesa, a de colocar mediadores culturais em determinados serviços públicos como IEFP, Segurança Social, Finanças, a de criar eventos entre as comunidades, a de auscultar mais e melhor as comunidades estrangeiras e a valorizá-las cada vez mais, oferecendo soluções aos seus anseios e necessidades.
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