Numa altura em que as instituições de saúde públicas do Algarve têm sido postas em causa, uma publicação recente no Facebook tem chamado a atenção para os desafios que são enfrentados pelos pacientes que procuram atendimento médico no Hospital de Portimão. Gloria Balan partilhou um relato que levanta questões sobre a qualidade e eficácia dos cuidados hospitalares no serviço local.
Gloria testemunhou, esta quinta-feira, uma série de situações perturbadoras que ocorreram nas instalações hospitalares de Portimão. Pacientes em sofrimento aguardaram 17 a 18 horas para serem atendidos por um médico. A sala de espera transformou-se num palco de angústia, com pessoas a chorar e desmaiar devido à tensão acumulada.
“Pessoas em estado de grande sofrimento à espera 17 a 18 horas para serem vistas por um médico, hoje dia 10 de agosto de 2023, assisti a várias situações lamentáveis, desde pessoas a chorar, outras a desmaiar na casa de banho e na sala de espera”, relatou.
Um incidente particularmente perturbador envolveu um paciente que, após horas de espera numa maca no corredor e dores intensas, deixou o hospital e deitou-se no chão em frente à entrada.
“Um INEM chegou com um senhor (…), ficou na maca no corredor, estava com tanta dor que se levantou e foi para a rua, pois não aguentou estar de pé e deitou-se no chão em frente à porta do hospital”, acrescentou Gloria na referida publicação.
Gloria relata também um possível caso de negligência médica que enfrentou durante uma cirurgia anterior no hospital. Uma cirurgia que deveria ser feita sob anestesia geral foi realizada com anestesia local, resultando em complicações e sofrimento prolongado.
“Fui operada no hospital de Portimão no dia 8 de março de 2022, sofri negligência médica, uma cirurgia com anestesia local que deveria ser anestesia geral, e sofri horrores durante horas. O meu corpo entrou em choque”, referiu.
Gloria testemunhou situações em que ferimentos foram tratados de forma inadequada e casos em que pacientes desistiram da espera interminável para procurar atendimento noutra parte.
Esses relatos suscitam preocupações profundas sobre o nível de cuidado oferecido no Hospital de Portimão. Os pacientes, já em estado vulnerável, enfrentam tempos de espera excessivos e, em alguns casos, encontram cuidados inadequados ou ineficientes.
A confiança no sistema médico local está abalada, e muitos pacientes sentem-se forçados a procurar alternativas, mesmo que isso signifique pagar por cuidados em hospitais privados, como foi o caso de Gloria, que se deslocou posteriormente ao Hospital Particular de Alvor.
“Eu disse à senhora que ia para o Hospital Particular de Alvor, preferia pagar, já chegava tanto sofrimento. Muitas outras pessoas fizeram o mesmo. Fomos para o Hospital Particular de Alvor”, escreveu Gloria.
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