Mário Pinto morreu aos 74 anos. O homem morava no Algarve, com a família, até que uma infeção num dedo do pé o levou para o hospital. Seis meses depois, a 5 de junho acabou mesmo por morrer.
A filha, Cátia Pinto conta ao Correio da Manhã que “no Hospital de Portimão o médico disse logo que teria de ser amputado o dedo. Assim foi. Ele foi para Faro para fazerem a cirurgia. Os velhos são tratados como descartáveis. Durante meses, o meu pai sofreu como não merecia. Sentiu que andava de um lado para o outro e que ninguém se importava com a sua sorte”.
Cátia recorda que depois da amputação do dedo do pé do pai o homem teve alta e novos problemas surgiram, uma vez que a infeção continuou a alastrar-se.
De acordo com o médico de Portimão devia haver amputação da perna. O Hospital de Faro, no entanto recusou, num primeiro momento.
A filha explica à mesma fonte que “preferiram fazer a colocação de veias artificiais, mas nesse mesmo dia disseram-lhe que tinha de amputar a perna. Ainda voltou a Portimão e só regressou a Faro no dia 3 de maio”.
Mário preparava-se para a cirurgia nessa altura. Falou inclusive com psicólogos. Tinha em mente que para continuar vivo tinha que perder um membro.
Mário teve que esperar pela operação e a infeção alastrou-se
“Não havia salas disponíveis e teve de esperar até 17. Operaram-no e mandaram-no para Portimão. Sabiam que ele já não estava bem, que a infeção alastrara.” Mário ainda lutou com a Covid-19 que supostamente apanhou em Faro. “Sinto-me muito revoltada por não o terem salvo”, refere Cátia.
A família da vítima não aceita a forma como trataram Mário Pinto: “Não nos dizem nada. Só sabemos que ele morreu de paragem cardíaca”. O homem terá percebido que estava a morrer e nos últimos dias só chorava, segundo a família.