Um simples cansaço pode esconder mais do que parece. As válvulas do coração desgastam-se com o passar dos anos e, segundo cardiologistas, esse desgaste está a provocar um aumento dos casos de doença valvular cardíaca em Portugal.
A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC) alerta que sintomas aparentemente inofensivos, como falta de ar ou fadiga, podem ser sinais de uma patologia grave e silenciosa.
Coração envelhece, mas nem sempre é “a idade”
No âmbito do Dia Mundial da Terceira Idade, a APIC sublinha a importância de reconhecer e tratar precocemente estas doenças, que se tornam mais comuns após os 70 anos. “Muitas vezes mortal e mais frequente com a idade, a doença valvular cardíaca é uma realidade que pode surgir de forma silenciosa.
O envelhecimento exige maiores cuidados na manutenção da saúde do coração”, explica Rui Campante Teles, coordenador nacional da iniciativa Valve For Life / Corações de Amanhã.
O problema é que muitos doentes associam o cansaço e a falta de energia à idade, atrasando a ida ao médico. “Muitas pessoas desvalorizam estes sinais, procurando ajuda apenas quando a situação já é grave, o que pode ser tarde demais”, acrescenta o especialista.
Duas doenças em destaque: estenose aórtica e insuficiência mitral
A estenose aórtica, que afeta cerca de 32 mil portugueses, é uma das principais causas de insuficiência cardíaca na terceira idade. A doença ocorre quando a válvula aórtica deixa de abrir completamente, bloqueando o fluxo de sangue e forçando o coração a trabalhar mais.
Já a insuficiência mitral, a segunda doença valvular mais comum, faz com que o sangue volte parcialmente para o átrio esquerdo, reduzindo o bombeamento e provocando fadiga progressiva e falta de ar. Ambas as patologias são mais frequentes em idosos e, sem tratamento, podem ser fatais.
Diagnóstico precoce pode salvar vidas
Para melhorar a literacia e o acompanhamento destes casos, a APIC criou em março de 2025 o Núcleo de Ligação ao Doente Valvular, um espaço de escuta e informação coordenado por cardiologistas e representantes de doentes. O objetivo é ajudar os portugueses a reconhecer sinais de alerta e agir a tempo.
A associação recomenda a realização de check-ups cardíacos regulares a partir dos 60 anos, com especial atenção ao ecocardiograma, exame que permite avaliar o estado das válvulas.
“O diagnóstico precoce é essencial para garantir qualidade de vida e evitar complicações graves”, reforça Rui Campante Teles.
Uma mensagem para a terceira idade
O envelhecimento é inevitável, mas o coração pode envelhecer bem se for vigiado. O alerta dos cardiologistas é claro: não ignore o cansaço constante, a falta de ar ou a dificuldade em fazer tarefas simples. Estes sinais podem indicar um problema valvular que, tratado a tempo, tem solução.
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