Com tudo o que uma escolha desta natureza tem de subjetivo, o POSTAL não podia deixar passar este período sem assinalar, como tem feito em anos anteriores, o nome daqueles que mais se destacaram no desempenho dos seus cargos ou atividades, em prol da região e do país.
Esta escolha em nada desmerece o trabalho, seguramente, louvável e competente de outros atores e agentes públicos ou privados na região.
Assinalamos também a covid-19 como o acontecimento do ano que marcou profundamente a vida económica e social do país em geral, e da região algarvia em particular.
ISILDA GOMES: Não é propriamente uma novata na política, mas agarrou na Câmara de Portimão numa situação financeira muito difícil e soube dar a volta por cima. Resolveu o buraco das contas e projetou o nome e as potencialidades da cidade e do concelho nas manchetes dos jornais e televisões do país e do mundo. A sua capacidade de entender os sinais dos tempos permitiu-lhe perceber que há oportunidades que não se podem perder.
Os motores da Fórmula 1 passaram-lhe à porta e ela soube colocá-los na pista das realizações improváveis. Depois, foi o grande prémio MotoGP. Teve a perspicácia de semear para colher. Se não no imediato por causa da pandemia, pelo menos num futuro próximo.
Portimão já está no mapa das grandes realizações do desporto motorizado. E ficam todos a ganhar.
JOSÉ APOLINÁRIO: Ex-presidente da Câmara de Faro, deputado em varias legislaturas, europedutado e secretário de Estado das Pescas em dois governos, foram alguns cargos e funções que desempenhou.
A sua eleição para presidente da CCDR Algarve, ocorrida recentemente, é o culminar de uma já longa carreira política. Este será, porventura, o seu desafio mais exigente: gerir o pacote financeiro no quadro do Plano de Recuperação Europeu, destinado a resolver os estrangulamentos estruturais do Algarve e, ao mesmo tempo, não defraudar as expectativas daqueles que defendem a Regionalização como o processo que falta na reforma administrativa do Estado.
A sua experiência de cargos públicos, a legitimação para o exercício das funções para o que agora foi eleito e o acesso aos corredores do poder central são mais valias importantes de influência política que não deixará de usar tendo em vista a resolução dos problemas com que o Algarve se confronta. Há oportunidades que não se podem perder.
FRANCISCO AMARAL: É um bom exemplo de autarca e a consciência política de um Algarve que foi perdendo as referências. Primeiro em Alcoutim, que colocou no mapa do país e do desenvolvimento. Agora, em Castro Marim.
Num caso como no outro, soube estar acima das questiúnculas da pequena política para se transformar numa figura cuja idoneidade e integridade moral reunem o aplauso e o consenso generalizados.
A sua dimensão humana presente no contributo cívico que sempre acumulou, desinteressadamente, com o exercício de cargos públicos, fazem dele um exemplo de político, autarca e de cidadania, merecedor do respeito e admiração de todos.
ANTÓNIO MIGUEL PINA: Chegou a pensar-se que dificilmente sairia da sombra do pai. Mas aos poucos, passo a passo, soube desbravar o seu próprio caminho. No segundo mandato à frente da Câmara de Olhão, está a fazer um trabalho com uma visão de futuro para um município que, desde sempre, teve de lutar contra os poderes instalados.
A cidade de Olhão respira hoje melhores ares e a requalificação da zona ribeirinha, com os projetos já desenhados para os próximos anos, começa a ser um bom exemplo de gestão política, urbanística e ambiental. Falta-lhe um projeto e uma ideia de referência do ponto de vista cultural, para a sua afirmação definitiva no contexto regional.
Enquanto presidente da AMAL soube ainda – como ninguém depois de Carlos Tuta – projetar e afirmar a instituição como parceiro fundamental e indispensável na discussão dos assuntos da região do Algarve. Sabe comunicar e tem uma boa gestão da política de informação.
JOSÉ MENDES BOTA: É seguramente o político algarvio com mais experiência no exercício de cargos públicos nacionais e internacionais. Falta-lhe apenas um lugar de governo. Deputado em várias legislaturas, presidente da Câmara de Loulé, membro do Conselho da Europa e eurodeputado, saiu em 2014 para Bruxelas onde integrou o gabinete do Comissário Europeu, Carlos Moedas.
Depois passou para o Serviço das Relações Exteriores da União Europeia e foi durante os últimos anos primeiro conselheiro da UE junto da Santa Sé. No seu regresso, faz saber que não tem projetos políticos, mas é difícil conceber que tanta experiência e conhecimentos acumulados não venham a ser colocados ao serviço do País e do Algarve.
Apesar de, compreensivelmente, não esconder o brilho no olhar de um avô babado, é ainda muito novo para a reforma política e para se deixar ficar pelas romarias à Mãe Soberana. Mas um pouco de meditação transcendental também não faz mal. Espera-se um regresso ainda mais inspirado!
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MÁRIO CENTENO: Não há muito mais a dizer deste algarvio, nascido em Olhão. Foi ministro das Finanças dos governos de António Costa, de onde saiu para assumir o alto cargo de Governador do Banco de Portugal a cujos quadros pertencia.
Na sua folha de serviços tem o registo e o mérito no processo de recuperação económica do país e de ter conseguido para Portugal o primeiro superavit orçamental em democracia. A sua competência técnica e política como ministro das Finanças de Portugal teve o reconhecimento da Europa que o elegeu presidente do Eurogrupo, cargo que desempenhou com brilhantismo.
Não se recandidatou ao lugar, para assumir as funções de governador do Banco de Portugal.
O REGRESSO DA FÓRMULA 1 E DO MOTOGP: Em tempo de pandemia calhou a sorte ao Autódromo Internacional do Algarve. Vinte e quatro anos depois, foi o regresso do grande circo da Fórmula 1 a Portugal, com público nas bancadas que não foram cumpridores das regras do distanciamento social.
Por causa disso, o Grande Prémio MotoGP, que acabou por consagrar o vencedor português, Miguel Oliveira, só pôde ser acompanhado pela televisão. Foram dois acontecimentos importantes para a promoção do Algarve e que tiveram retorno imediato – no caso da Formula Um – na restauração e na hotelaria.
Falta à organização do Autódromo Internacional do Algarve e à Federação Portuguesa de Automobilismo, assegurarem um lugar do autódromo no calendário dos circuitos regulares.
FARENSE E PORTIMONENSE ENTRE OS GRANDES DA PRIMEIRA LIGA: Após muitos anos sem equipas no Campeonato Nacional da Primeira Liga, este ano há a assinalar a subida do Farense após 18 anos de ausência e a permanência do Portimonense entre os grandes do nosso futebol.
Os dois clubes não vão ter tarefa fácil para conseguirem o objetivo que passa pela manutenção. Ainda assim, aguardam que a abertura dos estádios aos adeptos do futebol possa ser um fator fundamental para a obtenção dos resultados que se esperam.
De qualquer modo, ter duas equipas a disputar a primeira divisão dá visibilidade aos clubes, às cidades que representam e à região do Algarve.
COVID-19, PROFISSIONAIS DE SAÚDE E DE SEGURANÇA: A doença infeciosa Covid-19, causada por um coronavírus, marcou o ano de 2020 de forma transversal. Qualquer pessoa pode ser infetada ao inspirar o vírus se estiver a uma certa proximidade de alguém com Covid-19 ou tocar numa superfície contaminada e, em seguida, tocar nos olhos, no nariz ou na boca. Obrigou a mudar comportamentos sociais e económicos afetando o mundo inteiro.
No Algarve registam-se recordes nas taxas de desemprego e no fecho de muitas empresas. Apesar da maioria das pessoas que contraem a Covid-19 terem sintomas ligeiros ou moderados, ainda pouco se sabe sobre as recuperações.
A região algarvia não escapou a esta 3ª vaga: já regista mais de 100 óbitos e onze mil infetados, com tendência a crescer nos próximos dias. Particularmente aos profissionais de saúde e às forças de segurança, a todos deixamos o nosso sincero OBRIGADO!