Com o R acima do 1, os peritos e os governantes reúnem-se no Infarmed para avaliar a evolução da pandemia e discutir o arranque para a nova fase do desconfinamento. Amanhã será votado e discutido novo estado de emergência
Esta apresentação acontece dias antes de o Governo fazer nova avaliação da situação epidemiológica do país para decidir se avança ou não para a terceira fase de desconfinamento, a partir do dia 19 de abril.
CDS apoia renovação do estado de emergência mas critica Governo passar imagem de “insegurança” na vacinação
O CDS apoia a renovação do estado de emergência mas quer mais na testagem e no controlo fronteiriço para impedir a entrada das variantes sul-africana e britânica em território nacional. Falando aos jornalistas na sede do CDS depois da audiência com o PR, a porta-voz do partido Cecília Anacoreta Correia manifestou ainda preocupação com o plano de vacinação e com a postura errática que o Governo tem tido.
“Manifestámos preocupações com o facto de ter havido demasiadas hesitações e erros entre as autoridades nacionais e europeias em relação às vacinas, e o governo é o principal responsável por uma perceção de insegurança na vacinação”, disse. Francisco Rodrigues dos Santos também esteve na audiência com o PR, que decorreu através de videoconferência, mas como está nos Açores deixou a reação aos jornalistas para a porta-voz do partido.
PS apoia novo estado de emergência e abre porta a atuação local “com outra dureza”
O PS manifestou ao Presidente da República o apoio à renovação do estado de emergência para os próximos 15 dias, juntando-se assim ao PSD, CDS e PAN. “O plano de desconfinamento deve prosseguir de acordo com o previsto”, disse José Luís Carneiro, secretário-geral adjunto do PS. “Mas é importante que haja flexibilidade para atuar em termos locais com outra dureza”, acautelou, antecipando a eventual necessidade de “atuar de modo localizado e preciso”.
Questionado sobre o próximo ser o último estado de emergência, o socialista afirmou que “essa é a vontade de todos”. Não excluiu, no entanto, “outros instrumentos jurídico-constitucionais” que existem para garantir “outros níveis de intervenção”, como, de resto, “o decurso desta pandemia já demonstrou”.
Apesar de assinalar que “a vacinação está a resultar” e que “até ao fim de setembro 70% da população deverá estar imunizada”, José Luís Carneiro apontou “riscos que importa acautelar”. “Os níveis de incidência têm vindo a aumentar, o Rt também tem vindo a crescer em todo o país e as variantes britânica e sul-africana”, enumerou.
E deixou o alerta: “Todos devemos continuar a redobrar cuidados, sermos prudentes do ponto de vista individual e coletivo”.
Rio quer travão nos concelhos em risco e renovará Estado de Emergência até Marcelo entender
No final da audiência com o Presidente da República e depois de ter ouvido os especialistas na sede do Infarmed, Rui Rio não tem dúvidas que o próximo passo a dar é pôr um travão nos concelhos que já estão acima do limiar do risco – mesmo que isso envolva surtos localizados. É a única forma de evitar que “daqui a um mês ou dois” o travão tenha de ser posto no país todo.
“A ideia é não continuar o desconfinamento global no país todo, ou seja, não o fazer nos concelhos que estão com o indicador de risco mais elevado, assim como nos concelhos limítrofes. Se não travarmos aí vamos ter de travar o país todo outra vez dentro de um mês ou dois”, disse em declarações aos jornalistas, lembrando o alerta dos especialistas de que dentro de um mês, se continuarmos com este ritmo, podemos duplicar os casos. “Estamos numa situação pior”, disse.
Questionado sobre as renovações do Estado de Emergência, e se esta que se segue será ou não a última, Rio chutou para Marcelo e deixou claro que não será obstáculo ao Governo. “A posição do PSD é de nao obstaculizar a que o governo tenha todos os meios necessários para combater a pandemia”, disse.
Se este será o último estado de emergência ou não, Rio deixa para o PR. “Mal seja possível não haver Estado de Emergência penso que o PR é o primeiro interessado nisso, confiamos plenamente no que o PR quer fazer e apoiamos. Se já não for necessário renovar mais, tanto melhor”, disse, sublinhando que “se tivermos confinamentos localizados em determinados concelhos talvez não seja preciso esta moldura legal, e possa haver uma mais suave”.
PAN apoia renovação do estado de emergência
O Partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) confirma que volta a apoiar a renovação do Estado de Emergência, que será votada na quarta-feira no Parlamento.
“Para nós, o Estado de Emergência mantém-se com a sua validade na medida em que no processo de desconfinamento que o país está a fazer e para acompanhar aquelas que ainda são medidas de restrição pelo Governo, estas ainda necessitam de cobertura jurídica”, afirmou o porta-voz do PAN, André Silva, à saída da audiência online com o Presidente da República.
Só com a declaração do Estado de Emergência em vigor, sublinhou o dirigente do PAN, é que todas essas medidas são possíveis, numa altura em que o país caminha para a terceira fase do plano de desconfinamento.
Além do PAN só o PSD apoiou até agora a renovação do quadro de exceção, considerando os restantes partidos que o Governo peca ao banalizar este instrumento legal nesta fase da pandemia e do desconfinamento.
BE não quer “banalização do Estado de Emergência” e insiste em “apoios sociais já”
O Bloco de Esquerda está preocupado com “a banalização” do Estado de Emergência (EE), que caminha para a 14ª reedição. No final da reunião virtual com o Presidente da República, Catarina Martins disse que o partido entende que há a dupla necessidade de avançar com o desconfinamento gradual que estava previsto sem pôr em causa os números da pandemia, sobretudo tendo em conta o atraso no plano de vacinação.
Entre avançar ou impor novas medidas, Catarina Martins tem uma certeza: “um país desconfinado não precisa de EE, portanto se a nova fase avançar sem outras medidas, não tem sentido estarmos em EE.”
A coordenadora do BE frisou a importância da vacinação, que ficou clara esta manhã na reunião de peritos no Infarmed, e que permitiu reduzir o número de óbitos e internamentos. Porém, temos um “problema” a nível europeu, que é “a forma como o processo de vacinação está a ser tratado”. Catarina Martins aponta a falta de produção e distribuição de vacinas, apelando a que Portugal compre “vacinas de mais proveniências”. “Também deve haver um esforço para se ultrapassar a questão das patentes para se produzirem mais vacinas, como se fez nos EUA, com uma clareza que a Europa nunca teve.”
Independentemente da decisão que saia desta quinta-feira em relação ao EE e às novas medidas, a líder bloquista insistiu num ponto que já tinha apontado no início da semana: os apoios sociais não estão a chegar a horas, nem a todos os que precisam. “Esses apoios têm ficado aquém do que é necessário. O Governo parece começar a reconhecer que o Orçamento do Estado é insuficiente”, pelo que o Bloco apela a que o executivo “coloque os apoios no terreno o mais cedo possível”.
Contando 37 mil trabalhadores independentes e sócios-gerentes abrangidos pelos apoios, número que vai ser alargado em função das alterações legislativas, Catarina Martins rematou a intervenção com um imperativo. “É fundamental que os apoios cheguem já.”
PCP: “Opção não pode ser confina, desconfina volta a desconfinar”
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, critica as decisões que tem sido tomadas pelo Governo no âmbito do combate à pandemia e apela à aceleração do plano de vacinação.
“A opção não pode ser confina, desconfina volta a desconfinar. As linhas vermelhas têm como principal objetivo voltar a confinar o que vem sendo desconfinado”, afirmou Jerónimo de Sousa.
PSD quer ouvir “com urgência” a task force da vacinação
O PSD pediu a audição urgente da Comissão Técnica de Vacinação contra a covid-19 no parlamento para que sejam dados esclarecimentos aos deputados sobre eventuais atualizações do plano, diz a agência Lusa.
O requerimento do PSD pede que a audição seja realizada de forma conjunta “com a urgência possível” na Comissão de Saúde e na Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia da doença covid-19 e do processo de recuperação económica e social.
“O Plano de Vacinação contra a covid-19 entrou, esta semana, na 2.ª fase de vacinação e os critérios de prioridade terão sofrido atualizações, de acordo com o que tem vindo a ser comunicado na imprensa. Contudo, não consta de nenhuma norma da Direção Geral de Saúde (DGS) qualquer referência a novos critérios, novas prioridades ou sequer alteração de patologias consideradas prioritárias”, justificam os sociais-democratas.
O PSD acrescenta que “também não é do conhecimento público nenhuma versão atualizada do plano de vacinação contra a covid-19 onde os critérios em vigor estejam identificados, nem tampouco a informação dada pela Direção geral de Saúde de que a vacina da AstraZeneca teria um limite inferior de idade para ser ministrada”.
“Apesar da ausência de informação formal, alguns dos critérios parecem já ter sofrido alterações. O que poderá não acontecer de forma homogénea se a comunicação não for clara e transparente entre os vários agentes envolvidos”, advertem.
Todos os bombeiros com primeira dose esta semana
Todos os bombeiros vão ficar vacinados com a primeira dose da vacina contra a covid-19 até ao final desta semana, anunciou hoje no parlamento o ministro da Administração Interna, citado pela Lusa.
“Os bombeiros concluíram esta semana integralmente o processo de vacinação em primeira dose, isso permitirá estarem prontos não só para a resposta pré-hospitalar, que nunca deixaram de assegurar, mas também para o aproximar da época de maior número de incêndios rurais”, disse Eduardo Cabrita.
O ministro avançou que a taxa de vacinação na Polícia de Segurança Pública e na Guarda Nacional Republicana é “superior a 50%”.
Eduardo Cabrita está hoje à tarde a ser ouvido na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.
CDS quer alunos testados nas escolas
O CDS quer que a política de testagem nas escolas aumente e que inclua também os alunos, e não apenas o pessoal docente e não docente. Foi essa a perceção com que a dirigente do partido Cecília Anacoreta Correia ficou depois de ouvir os especialistas na reunião do Infarmed, uma vez que foi dito que “a frequência de infeção dos estudantes é idêntica à dos profissionais das escolas”.
Daí que não faça sentido limitar a testagem apenas a uma parcela, quando a outra fica a descoberto – sobretudo agora que, a partir de segunda-feira, se espera que as aulas presenciais abram também para o ensino secundário e universidades.
“As escolas devem funcionar como sentinelas no controlo da pandemia e isso só se faz com reforço da testagem abrangendo as crianças que são o universo maior”, disse num vídeo publicado depois da reunião.
PS diz que “também temos de analisar as questões da economia”
O PS registou hoje que o índice de transmissão do novo coronavírus está a aumentar em Portugal e adiantou que a continuidade do plano de desconfinamento do Governo vai estar em avaliação nos próximos dias.
Esta posição foi transmitida pelo deputado e dirigente socialista João Azevedo, na Assembleia da República, após ter participado por videoconferência em mais uma reunião sobre a evolução da situação epidemiológica em Portugal, no Infarmed, em Lisboa.
“Na sequência da reunião, percebemos que o índice de transmissão (o Rt) teve infelizmente alguma inversão. Portanto, este plano de desconfinamento que está proposto para os próximos dias certamente que está a ser avaliado, tendo em vista darem-se garantias de segurança aos portugueses”, declarou o ex-presidente da Câmara de Mangualde e deputado eleito pelo círculo de Viseu.
João Azevedo salientou depois que o combate à covid-19 “é uma responsabilidade coletiva e individual”. “Temos de avaliar a situação de duas formas, começando pela saúde pública e pela proteção dos cidadãos, mas também temos de analisar as questões da economia, do plano de coesão territorial e a atividade diária das populações. Se a parte pedagógica for feita, algo que compete a todos nós, incluindo partidos e Governo, esta linha vermelha será limitada”, referiu.
O objetivo, segundo João Azevedo, é “estancar” o aumento da propagação da covid-19 e impedir que se inverta a atual situação. “O próximo dia 19 é o dia D desta parte do plano de desconfinamento. Se nos empenharmos todos na prevenção, isso poderá acontecer. Mas vamos esperar pelos próximos dias”, disse, reforçando a sua nota de prudência.
PEV: “Temos todas as condições para continuar o desconfinamento”
A deputada d’Os Verdes (PEV), Mariana Silva, volta a manifestar-se contra a renovação do Estado de Emergência e considera que o país tem “todas as condições” para avançar no plano de desconfinamento.
“Os números foram positivos. Agora podemos passar para outra fase do desconfinamento em segurança, como tem sido feito até hoje”, afirmou Mariana Silva em declarações aos jornalistas.
Para a deputada do PEV, o país tem reunidas todas as condições para continuar o desconfinamento na próxima segunda-feira, sendo certo que com o aumento da mobilidade irá aumentar o número de infeções. “É preciso rastrear, testar, vacinar”, insistiu.
Afirmando que tem sido demonstrado que as escolas são “espaços seguros”, com planos e regras de higienização e segurança, Mariana Silva apelou à adoção de medidas semelhantes noutros contextos. “Vamos então aplicar planos também nos locais de trabalho, nos teatros, nos transportes públicos. Foi isso que fizemos questão de dizer ao sr. Presidente da República. Temos todas as condições para continuar o desconfinamento”, reforçou.
Por último, a deputada do PEV defendeu que é preciso acelerar o plano de vacinação, que na sua opinião segue a “passos de caracol”, insistindo na necessidade de se adquirirem mais vacinas a outros fornecedores.
“Parar agora o desconfinamento seria um erro tremendo”, diz Ventura
“É importante que o processo de desconfinamento não pare. Estamos com sectores da economia muito fragilizados”, avaliou esta terça-feira o deputado do Chega, exemplificando com a restauração, a hotelaria, o turismo, o comércio e o fitness.
Para André Ventura, “voltar atrás é criar um problema muito sério à sociedade e à economia”, algo para que o seu partido tem “sensibilizado o Governo”.
O deputado considera “fundamental” aumentar a vacinação, lembrando que o executivo tinha garantido “um número que está muito aquém do que seria desejável”. “Temos de continuar a vacinar”, apelou, e “as escolas são um ponto fulcral”: “é preciso testar massivamente e continuar a controlar a comunidade educativa e escolar”.
No próximo debate sobre o estado de emergência, Ventura dirá que “o processo de desconfinamento não pode parar” e que “é necessário reforçar, ainda que provisoriamente, apoios a sectores que estão terrivelmente desgastados com esta pandemia”.
No final de um vídeo enviado à imprensa, reiterou que “parar agora seria um erro tremendo, com consequências para a vida das pessoas, para o emprego, para os rendimentos das famílias, dos trabalhadores e das empresas”.
Iniciativa Liberal contra obrigatoriedade do teletrabalho até ao fim do ano
O líder da Iniciativa Liberal (IL), João Cotrim de Figueiredo, considera que os dados epidemiológicos mais recentes são favoráveis e que o país deve avançar por isso para a terceira fase do desconfinamento.
“Os dados são positivos e justificam a continuação do desconfinamento. É altura de Portugal retomar o seu trabalho e a sua vida”, declarou João Cotrim de Figueiredo à saída da audiência com o Presidente da República.
O dirigente dos liberais disse ainda ter apelado a Marcelo para que use a sua influência junto do Governo para o fim da obrigatoriedade do teletrabalho e para a reabertura dos espaços recreativos e dos parques infantis.
“Achamos que não há cobertura constitucional para obrigar pessoas a trabalhar em casa”, observou Cotrim de Figueiredo, apontando para um estudo que revela que 42% dos portugueses sentem dificuldades em cumprir as tarefas laborais ao domicílio.
O deputado da IL destacou ainda o maior nível de testagem e a maior “solidez dos dados” disponibilizados esta manhã na reunião no Infarmed, mas pediu maior celeridade nos processos de rastreio e de vacinação.
Questionado sobre se este será o último decreto do Estado de Emergência, Cotrim de Figueiredo disse que o Presidente da República “preferiu não se comprometer” em relação a isso.
Vacina da Johnson ainda não começou a ser dada. “A vacina é a nossa melhor arma”
A ministra da saúde foi questionada sobre o facto de os Estados Unidos terem pedido a suspensão da vacina da Johnson and Johnson depois de detectados casos de coágulos no sangue em seis mulheres.
Para Temido os riscos secundários são descritos nas vacinas e é preciso que o “risco/benefício sejam considerados com o que representam de vantagens face a eventuais riscos”.
A ministra não tem dúvidas que “a vacina é a nossa melhor arma no longo prazo para sairmos desta doença”. Para já, “é prematuro” fazer uma avaliação sobre aquela vacina específica que ainda nem chegou a Portugal e manter a “confiança nas entidades reguladoras”. Sá amanhã chegarão as primeiras doses.
Sobre as escolas: “É o aspeto social que mais queremos proteger”
Nas respostas a jornalistas, a ministra diz que as “escolas são a nossa preocupação e o “aspeto social que mais queremos proteger” e como tal têm sido tomadas medidas para lhes conferir “maiores garantias de segurança”.
Os especialistas mostraram que é nos grupos mais jovens que a doença tem corrido mais e como tal, Temido que diz esses dados mostram “a necessidade de termos uma particular atenção aos grupos mais jovens, em que a doença é menos severa, mas que são agentes importantes na transmissão da infecção”, disse.
Temido diz que vacinas estão a chegar “não tantas quanto queríamos”
A ministra da saude mantém a estratégia de vacinação por grupo etário, que tem de ser “combinada com uma quantidade de situações de doenças específicas que têm de ser prevenidas”, daí que a quantidade de vacinas disponíveis para esses casos seja menor.
E referiu de novo que “se vacinarmos as pessoas com mais de 60 anos, conseguimos ter um impacto estimado na mortalidade de 96%”. A “abordagem etária será prioritária”.
Temido diz que têm chegado “quantidades cada vez mais significativas” de vacinas, mas infelizmente “não tantas quanto desejaríamos”.
Temido mantém em aberto início da nova fase de desconfinamento
A ministra da Saúde não refere se vai haver mudanças na estratégia de desconfinamento a partir de dia 19 de Abril e diz que “estes dias são decisivos para que se consolidem tendências e para que possamos tomar decisões na quinta-feira para o período que vem a seguir a partir de dia 19”. Em cima da mesa está sempre a possibilidade de haver “paragens ou avanços”.
A ministra da saúde remete para os trabalhos que acontecerão a seguir “no sentido de tomar as melhores decisões”, referindo sempre que a estratégia foi sempre pensada para ser aplicada de forma “gradual, progressiva e de ritmo lento”.
Contudo, admite. “Já estivemos numa situação epidemiológica mais favorável”, verdade que, referiu, com “um nível de confinamento superior”. “Vamos procurar continuar a garantir o equilíbrio”, disse.
Quanto à possibilidade de um desconfinamento a duas velocidades, Temido diz que a “avaliação local, regional tem sido sempre feita” e que há um “histórico em relação a essa abordagem” que aconteceu no outono passado.
“Não queremos perder mais vidas inutilmente, nem causar doença cujas consequências no longo prazo sejam ainda desconhecidas”, disse.
Temido lembra que peritos referiram que risco na escola “é bastante reduzido”
Como terceira nota, releva o facto de haver uma redução da incidência nos maiores de 80 anos, resultado da vacinação e de os peritos terem referido que os casos e risco “em ambiente escolar quer na comunidade escolar é bastante reduzido”.
A vacinação é “o melhor instrumento” uma vez que “quando vacinarmos toda a população com mais de 60 anos teremos a capacidade de atuar que atingirá cerca de 96% dos casos fatais”
Marta Temido diz que “houve uma alteração” das circunstâncias
No final da reunião do Infarmed, a ministra da Saúde refere que esta reunião acontece numa “circunstância de estarmos perante uma alteração da tendência de algumas semanas” uma vez que “o risco de transmissão efetivo superior a 1. Estamos com uma incidência que contudo se mantém moderada”, disse.
Como segunda nota, Temido avisa que os peritos avisaram que dentro de “duas a quatro semanas podemos estar a atingir uma incidência de 120 casos/100 mil habitantes” e que “estes prazos temporais para atingir estes números dependem do número de crescimento se manter constante, um ritmo inferior ou superior, levará a que estes calendários sejam mais alargados ou reduzidos”.
Todas as pessoas acima dos 60 anos vacinadas até à última semana de maio ou primeira de junho
Com o aumento da entrega de vacinas e o processo a acelerar, o coordenador da task force estima que seja possível ter todas as pessoas acima dos 60 anos vacinadas até “à ultima semana de maio ou primeira de junho”.
Esta previsão é particularmente importante porque 96,4% das mortes por covid-19 registadas até agora dizem respeito a pessoas com mais de 60 anos, frisou Gouveia e Melo.
Outra meta anunciada remete para a vacinação com pelo menos uma dose dos mais de 30 anos atingida em final de julho/agosto.
O coordenador explicou ainda que 90% das vacinas que vão chegando vão agora ser distribuídas de acordo com o critério da idade – começando pelo grupo 70-80 anos, depois 60-70 e assim sucessivamente – e as restantes serão alocadas a pessoas com determinadas doenças – a lista final está em fase de aprovação pela DGS – não relacionadas com a idade.
Fase 2 do plano já arrancou e 400 mil pessoas na faixa 65-80 anos já foram vacinadas
Com os grupos prioritários para a fase 1 do plano de vacinação com elevadas taxas de cobertura vacinal (valores entre os 80% e os 99%), o processo avançou já para a fase 2, que integra pessoas com mais de 65 anos que não tinham sido vacinadas antes. E até agora já foram vacinadas 400 mil pessoas deste grupo, o equivalente a 27% deste universo, anunciou Henrique Gouveia e Melo.
O critério principal para esta fase é o da idade, ou seja, avançando dos mais velhos para os mais novos.
As escolas são o retrato do que se passa nas comunidades
Tendo em conta não só que são os mais velhos que estão a ser vacinados e como tal o vírus na comunidade está a correr sobretudo nas faixas etárias mais baixas, as escolas podem dar um retrato do que se passa na comunidade. Como sugestão final, diz o especialista da Universidade do Porto, “as escolas podem e deverão ser estruturas sentinela para a vigilância epidemiológica e contribuem de forma relevante para a compreensão da dinâmica da infecção na comunidade”.
Portugal deve receber em abril 1,9 milhões de vacinas
Henrique Gouveia e Melo, coordenador da task force para a vacinação contra a covid-19, confirma a previsão de receção de 1,9 milhões de vacinas no mês de abril e um total de 11 milhões ao longo do segundo trimestre.
Até domingo passado, Portugal recebeu 2,6 milhões de vacinas e administrou cerca de 2,1 milhões: primeiras doses foram 1,5 milhões, ou seja mais de 15% da população já tem uma dose tomada, e 6% tomou duas doses, terminando o seu processo de vacinação.
Henrique de Barros diz que há segurança nas aulas presenciais: “Medidas de mitigação nas escolas funcionam”
Tendo em conta a”variabilidade entre as turmas”, com turmas com infecções e outras sem qualquer infecção, Henrique de Barros conclui que “há fenómenos de protecção que estão a funcionar” o que leva a reter que “as infecções podem não estar a ocorrer em espaço escolar”.
Para o especialista, há mais risco fora das escolas: “Há um papel importante do risco fora da comunidade escolar”,disse. E, além disso, as grandes variações “mostram que as medidas de mitigação no ambiente escolar funcionam e favorecem a segurança das atividades letivas”.
Nas conclusões do estudo que apresentou, Henrique de Barros escreveu que “o risco de infecção está aumentado quer nas crianças quer nos profissionais das escolas quando os contactos de risco ocorrem fora da comunidade escolar”.
Um olhar para as escolas: situação nas escolas em estudo “é semelhante”
Henrique de Barros começa por dizer que foi preciso estudar um “aspeto que nos tem preocupado nos últimos tempos” que é o facto de haver um “ritmo de diminuição no diferentes grupos etários” e de “abaixo dos 10 anos ultrapassaram o valor de um”. Contudo, lembra, este ritmo também tem mudado.
Esta questão tem a ver com o facto de a vacinação estar a ser feita dos mais velhos para os mais novos e como tal haver uma maior “suscetibilidade” de propagação da doença entre os mais novos.
Para isso, foi realizado um estudo a 1129 estudantes e 210 profissionais nas escolas de Santa Maria da Feira e Paredes, para o especialista, é preciso não “generalizar com facilidade e ter atenção cuidada a cada espaço geográfico”.
Casos de alunos e profissionais que tiveram contacto com o vírus é “semelhante” entre as escolas e daí que esta apresentação tenha como título “as escolas como estruturas de vigilância”. “Apresentam o mesmo marcador de história de infecção”, disse.
Ajuntamentos têm aumentado
Nas últimas duas semanas, houve mais portugueses a admitir ter reunido um grupo de 10 ou mais pessoas. As conclusões foram apresentadas há minutos por Carla Nunes, da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, que mostrou uma subida desde 19 de março, altura em que houve 4,9% de pessoas a admitir a presença em ajuntamentos dessa ordem, ao passo que a 2 de abril esse valor passou para 7,5%.
A especialista falava já no final da apresentação sobre as perceções sociais em relação à pandemia, e destacou também dados relacionados com a vacinação.
Mesmo frisando que as perguntas foram alteradas, Carla Nunes mostrou que a intenção de não tomar a vacina subiu de 1,7% para 7,8%. A especialista destaca, no entanto, que essas diferenças podem estar diluídas noutras respostas.
“Apesar de ter havido algumas alterações nas intenção, não parece haver evidência de problemas na execução do plano de vacinação por parte da população.”
Perito sugere indicador que equilibra incidência de cada concelho com os seus vizinhos
O indicador da ‘Incidência Ajustada’ é uma forma de combinar a incidência de cada concelho e os seus vizinhos, suavizando situações que estejam a ser destacadas apenas devido ao tamanho pequeno de um municípios, por exemplo.
Óscar Felgueiras, da ARS Norte e um dos autores da proposta de desconfinamento entregue ao Governo, explica que este indicador serve para identificar zonas do país onde há maior incidência num conjunto de concelhos mais alargada do que propriamente apenas num deles. Aplicando este indicador, as zonas de Moura e Odemira, por exemplo, são as que têm efetivamente maior risco neste momento.
Segundo o perito, este indicador “pretende ser métrica acessível”, reduzindo “o risco de sobrevalorizar pequenos números em populações pequenas”. Pretende ainda ser uma “ferramenta para implementar medidas de saúde pública preventivas” e servir como “complemento ao indicador da incidência concelhia”.
Um exemplo de como a incidência do concelho individualmente pode ser desequilibrada é o de Vimioso, que tem neste momento 249 casos por 100 mil habitantes, que corresponde a 10 casos em 4 mil habitantes. Se forem considerados os quatro concelhos com os quais partilha fronteiras, existem 36 casos em 67 mil habitantes, ou seja, uma incidência de 53 casos por 100 mil habitantes, abaixo do patamar de risco.
O que Óscar Felgueiras sugere é aplicar ainda sobre esse indicador um ajustamento, resultando na Incidência Ajustada, que permitiria não suavizar em excesso o risco de uma região mas também evitar a sobrevalorização de concelhos mais pequenos.
É preciso reduzir contactos fora da “bolha”, testar mais e aumentar vacinação para compensar subida do Rt
O aumento do Rt e da mobilidade no país, que vai avançando no processo de desconfinamento, obriga a compensar com outras regras de segurança sanitária.
Baltazar Nunes elencou as principais, como o aumento da testagem, o isolamento de casos e rastreio de contactos, a redução do número de contactos fora da bolha familiar, e o reforço de medidas em locais como a escola e o trabalho.
Por último, mas não menos importante, aumentar a cobertura das vacinas, sobretudo acima dos 65 anos.
Vacinação permitiu prevenir entre 78 e 140 mortes em três meses
O plano de vacinação está a ter efeito na incidência de SARS-CoV-2 e sobretudo nos números mais preocupantes da pandemia, como internados e mortes, com valores que Baltazar Nunes, do INSA, resumiu assim:
- Redução de entre 3% a 5% de camas ocupadas em unidades de cuidados intensivos
- Entre 9 a 10% de redução de internamentos
- Prevenção de entre 78 a 140 mortes, entre janeiro e abril
Variante do Reino Unido vale 83% dos novos casos. As de Manaus e África do Sul “residuais”
A variante do Reino Unido representa mais de 80% dos novos casos em Portugal e o aumento da prevalência desta linhagem do SARS-CoV-2 está a ser registada nos vários países europeus para os quais há dados, indica João Paulo Gomes, do do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.
Mesmo assim, a variante do Reino Unido já representa 94% das infeções no Algarve e Madeira. Só na região Norte a prevalência é mais baixa (71%).
Quanto às restantes variantes, como a de Manaus e a sul-africana, estão a perder importância para a variante do Reino Unido. A primeira representava em março 0,4% dos casos e a da África do Sul 2,5%, ou seja, níveis “residuais” de transmissão em Portugal, nota João Paulo Gomes.
Ainda assim, o especialista alertou para a necessidade de manter a vigilância sobre a variante da África do Sul, muito disseminada no mundo e mais preocupante do ponto de vista epidemiológica pela possível capacidade de interferir com a eficácia das vacinas.
Em conclusão, João Paulo Gomes defendeu que apesar da necessidade de monitorização constante das variantes brasileiras e da África do Sul, a situação atual “não é impeditiva da continuação do plano de desconfinamento”.
Portugal com nível de incidência “muito mais baixo do que a maioria dos países da Europa”
Na comparação com o resto da Europa, Portugal conhece uma “troca de posições” em relação à última reunião do Infarmed, a 21 de março.
O Rt está agora acima de 1, enquanto “há um conjunto de países que apresenta um Rt abaixo de 1, fruto das medidas implementadas e também dos níveis de incidência muito elevados que foram atingidos” nesses países, conta Baltazar Nunes, do INSA.
“No entanto, refira-se, Portugal está com um nível de incidência muito mais baixo do que a maioria dos países da Europa.”
Algarve, Açores e Madeira acima dos 120 casos por 100 mil habitantes, LVT “menos complicada”
Apresentam-se agora as situações e projeções por região, tendo em conta os atuais valores de transmissibilidade da doença. Baltazar Nunes, responsável pela unidade de investigação epidemiológica do INSA, explica que, com esta tendência, a região Norte e o Alentejo demorarão entre duas semanas a um mês a chegar ao valor limite de 120 casos por 100 mil habitantes.
Algarve, Açores e Madeira já lá estão.
Quanto a Lisboa e Vale do Tejo, a situação é “menos complicada”, já que a taxa de crescimento é “praticamente nula”, pelo que não apresenta risco de chegar a esses valores tão cedo.
O resumo da situação epidemiológica em Portugal, segundo a DGS
Em resumo, segundo André Peralta Santos, da DGS, a situação epidemiológica do país é esta:
– tendência de ligeiro crescimento do número de novos casos
– aumento da incidência no grupo etário abaixo dos 9 anos
– manutenção da tendência de decréscimo na população com mais de 80 anos
– região do Algarve com tendência crescente e acima de 120 novos casos por 100 mil habitantes
– diminuição das hospitalizações e da mortalidade
– aumento do número de testes
– diminuição da positividade e do atraso na notificação laboratorial
Com o valor atual do Rt (1,05), o tempo que leva para dobrar o número de casos no país é de 35 dias
O Rt que indica o índice de transmissibilidade, ou seja, o número de casos originado por cada infeção, está em 1,05 nos últimos cinco dias, diz Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.
O especialista do INSA compara com o valor da última reunião (0,89) para dizer que, depois de uma tendência “sistemática” de descida desde fevereiro, o índice sofre agora uma inversão dessa tendência, que é agora de crescimento e novos casos por dia.
No último dia em que há dados, 8 de abril, o Rt foi de 1,09.
Ainda segundo Baltazar Nunes, com este Rt, o tempo que leva a passar para o dobro dos casos está em 35 dias.
Intensificação da testagem e diminuição da positividade
Quanto à testagem, houve “intensificação” geral e, sobretudo, os concelhos com maior incidência estão a testar mais. A taxa de positividade diminuiu e, apesar de alguns concelhos estarem acima dos 4% definido como linha vermelha pelos peritos, a generalidade do país mantém-se abaixo desse limiar.
Segundo Peralta Santos, há um aumento geral da testagem na população ativa, “menos expressiva” na população mais jovem. E há uma “melhoria” da notificação laboratorial, com 6% de atraso agora.
O responsável da DGS refere ainda a “boa notícia” de Portugal estar abaixo do limiar de mortalidade estabelecido pelo ECDC.
Inversão de tendência no contágio: crianças com incidência crescente
Segundo a DGS, comparando com o início do ano, a incidência é muito mais baixa em todos os grupos etários. Mas há uma “inversão” da tendência de contágio, refere Peralta Santos, da DGS, e um aumento da incidência da faixa etária até aos 9 anos de idade e, pelo contrário, um aprofundamento da tendência decrescente na população com mais de 80 anos.
Os “esforços de vacinação” ajudam a explicar a tendência decrescente, já muito visível, entre a população mais idosa.
Quanto às hospitalizações e UCI, mantém-se uma descida. A distribuição por idades, em enfermaria mantém o padrão normal: o grupo dos 80 anos tem o maior número de doentes internados e as UCI também tem um padrão estabilizado em termos de faixas etárias.
22 concelhos acima do limiar, num total de 636 mil habitantes
André Peralta Santos, responsável pelo departamento de Estatística da Direção-Geral da Saúde (DGS), descreve situação de incidência “moderada”, próxima dos 71 casos por 100 mil habitantes, com “tendência ligeiramente crescente”.
Há 22 concelhos com mais de 120 casos por 100 mil habitantes, com um total de 636 mil pessoas, representando 6,5% da população.
Reunião do Infarmed começa
A ministra da Saúde dá início à reunião com especialistas. Marta Temido explica que hoje há sete apresentações.
São eles:
1 – Situação epidemiológica no país – André Peralta Santos, Direção-Geral da Saúde;
2 – Evolução da incidência e transmissibilidade – Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge;
3 – Atualização da vigilância de variantes genéticas do novo coronavirus em Portugal, João Paulo Gomes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge;
4 – Indicadores de risco local, Óscar Felgueiras, da Administração Regional de Saúde do Norte e Faculdade de Ciências da Universidade do Porto;
5 – Evolução das áreas críticas no espaço e tempo, Carla Nunes | Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa;
6 – As escolas como estruturas de vigilância, Henrique de Barros | Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto;
7 – Ponto de situação sobre o plano de vacinação, Henrique Gouveia e Melo | Coordenador da Task Force para o Plano de Vacinação contra a COVID-19 em Portugal
Notícia exclusiva do nosso parceiro Expresso