O dirigente do PS Porfírio Silva classificou esta terça-feira de “verdadeira cambalhota política” as ideias de fiscalidade do líder do PSD, acusando-o de não entender que houve uma transformação estrutural na economia portuguesa mais baseada nas qualificações.
“As ideias [do PSD] sobre fiscalidade são uma verdadeira cambalhota política”, disse o socialista numa declaração na sede do PS, em Lisboa.
Na segunda-feira, em Quarteira, no Algarve, o líder do PSD propôs uma redução ainda este ano das taxas de IRS em todos os escalões, menos no último, uma medida que seria financiada pelo excedente da receita fiscal.
Reagindo à proposta de Luís Montenegro de reduzir ainda em 2023 as taxas de IRS, Porfírio Silva reforçou que a “dimensão da cambalhota fiscal” que o social-democrata vem apresentar em nome do PSD é preocupante.
“De certo modo ainda é mais surpreendente a dimensão da cambalhota fiscal que o doutor Montenegro vem apresentar em nome deste PSD, isso é preocupante porque parece que levou a linha do PSD para algo de permanente inconstância, ziguezague, cata-vento político consoante as circunstâncias”, sublinhou.
Porfírio Silva lamentou que para o PSD esteja “tudo mal”, não valorizando que “o emprego está em máximos históricos, que o desemprego está em mínimos de 20 anos, que o salário mínimo nacional aumentou 50% durante o período de governação de António Costa e que a remuneração média aumentou mais de 25% durante o mesmo período”.
“No fundo, o doutor Montenegro aparentemente não entendeu que há uma transformação estrutural na economia portuguesa mais baseada nas qualificações, mais baseada na produção capaz de exportar, na valorização do trabalho e do empreendimento ao mesmo tempo”, acrescentou.
Por isso, o dirigente socialista considerou que é “francamente difícil de perceber como uma oposição que vê tudo mal, que não vê nada de positivo naquilo que os portugueses têm feito nos últimos anos pode contribuir para o futuro do país”.
Porfírio Silva recordou ainda que, na última proposta eleitoral apresentada ao país, o que o PSD defendia era baixar o IRC em 2023 e 2024 e depois, em 2025 e 2026, começar a pensar-se em reduzir o IRS. Mas, acrescentou, “agora é tudo o contrário”.
“Na realidade, aquilo que o PSD propôs quando apresentou, a última vez uma proposta aos portugueses, era que em 2025 haveria uma baixa de cerca de 400 milhões de euros no IRS e, em 2026, uma outra baixa de cerca de 400 milhões de euros. Já hoje, com aquilo que o Governo do PS tem feito em termos de fiscalidade, os portugueses já pagam menos dois mil milhões de euros do que pagariam se estivessem em vigor as regras de 2015”, assinalou.
O dirigente socialista lembrou também que o coordenador do programa eleitoral do PSD nas últimas eleições, que fez as propostas anteriores sociais-democratas, é o atual líder parlamentar do partido, portanto, “aparentemente há uma enorme capacidade para ir variando ao sabor do vento”.
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