A dirigente socialista Jamila Madeira acusou hoje o PSD de querer “mercantilizar” a saúde e de só ponderar o aumento dos salários e das pensões sob certas condições, promovendo a austeridade caso estas não se concretizem.
“O líder do PSD é o homem dos ‘se’: sobe o salário mínimo, se… Sobe o salário médio, se… Sobre as pensões, se… E se o ‘se’ não se verificar, o que fará? Eu julgo que os portugueses têm isso absolutamente claro: promoverá a austeridade, promoverá aquilo que já sabemos que o PSD promove quando não tem o mundo ideal que a sua mão livre que defende promove”, afirmou.
A cabeça de lista do PS pelo círculo de Faro falava na Escola Profissional de Turismo, na capital de distrito algarvia, pouco antes de o secretário-geral do PS, António Costa, discursar.
Numa sala preenchida bem acima da lotação, com vários militantes a assistirem aos discursos de pé nos corredores laterais, Jamila Madeira acusou o Governo de Pedro Passos Coelho, entre 2011 e 2015, de ter decretado um “país sem futuro” onde os portugueses tinham que “empobrecer ou então emigrar”.
“Não havia futuro nem para os jovens, nem para os profissionais qualificados. Teriam que sair porque cá a única solução era um país de modelo de desenvolvimento de mão de obra barata e não qualificada”, frisou.
Segundo a dirigente socialista, “as portuguesas e os portugueses disseram ‘não’ a este caminho”, tendo o PS provado que era “possível diferente: era possível convergir com a Europa, era possível recuperar rendimento, era possível ter ambições e futuro com uma política de solidariedade e um esforço coletivo como país”.
A ex-secretária de Estado da Saúde entre 2019 e 2020 acusou ainda Rui Rio de querer “mercantilizar” o SNS e de propor “uma saúde para os indigentes, e uma saúde para os que querem pagar”.
“O líder do PSD procurou, de uma forma mais ou menos encoberta – eu chamar-lhe-ia mais despudorada – atirar areia para os olhos dos portugueses, quando alega que o seu programa eleitoral apenas pretende reescrever, retirando o princípio do tendencialmente gratuito, para uma forma mais limpinha e escorreita. Ora, é importante que isto se clarifique: o doutor Rui Rio está a faltar à verdade e sabe que está a faltar à verdade”, afirmou.
A dirigente socialista recorreu a “algumas passagens históricas” que disse demonstrarem o “amargo de boca” que o PSD tem sobre o SNS, alegando que, em 1981, o antigo ministro dos Assuntos Sociais, Carlos Macedo, que na altura tinha a pasta da saúde, afirmou que os sociais-democratas defendiam um sistema de saúde, “mas um sistema de saúde que considera que a saúde é para todos, e que a gratuitidade é para todos – tenham muito pouco ou não tenham nada – é um sistema injusto e inviável”.
Em contraponto, Jamila Madeira afirmou que, “hoje, como no passado, o PS opõe-se a essa visão mercantilista e diariamente trabalha para um caminho de resiliência do SNS”.
“O PS, nos últimos seis anos e ao longo das anteriores passagens pelo Governo reforçou sempre, financeiramente, tecnicamente e humanamente, o SNS. Este SNS, sim este SNS, feito de homens e mulheres que diariamente se superam, e sim têm dificuldades, mas sempre se superam para assegurar que nada falta”, afirmou.