O presidente do CDS-PP acusou hoje o Governo de ter dado “duas semanas de avanço” à covid-19, e considerou que as medidas anunciadas na quinta-feira, como o fecho das escolas, “pecam por tardias”.
“Eu acho que as medidas anunciadas pelo Governo ontem [quinta-feira] pecam por tardias, uma vez mais. O Governo continua a demonstrar uma incapacidade de planeamento e previsão que tem custado caro aos portugueses, e cuja fatura se paga com mortes diárias acima dos 150 cidadãos”, afirmou Francisco Rodrigues dos Santos.
Em declarações à Lusa na sede do partido, em Lisboa, o líder centrista acusou o executivo liderado por António Costa de ter dado “mais duas semanas de avanço ao vírus”, ao não ter decretado mais cedo um confinamento mais severo, que fosse “a sério”, e que incluísse o encerramento das escolas, como o CDS defendia.
“Infelizmente, foram precisos três conselhos de ministros no espaço de apenas sete dias para que o Governo corrigisse os erros de previsão e de análise”, criticou, lembrando que o CDS “pediu insistentemente o encerramento das escolas”.
Na ótica de Rodrigues dos Santos, o “Governo teimou, foi arrogante, insistiu no erro, e agora voltou atrás com o pretexto de uma estirpe britânica, que já está em Portugal pelos menos há três semanas”.
“Dá a sensação de ser um barco à deriva no meio de uma tempestade”, frisou.
Apesar de realçar que agora o país “já está muito mais próximo” do confinamento que vigorou no início da pandemia, como defendia o CDS, Rodrigues dos Santos advogou que, ainda assim, são necessárias “medidas auxiliares” como as que o partido tem proposto.
Contratualização de cuidados de saúde privados, aumento da testagem e reforço das equipas de saúde pública, a revisão do plano de vacinação para incluir os idosos com mais de 80 anos na primeira fase, e apoios à economia sem burocracias.
O presidente do CDS-PP apontou ser “óbvia” a razão da “teimosia do Governo”: “O primeiro-ministro no dia 09 de abril prometeu a todos os alunos que no início do ano letivo haveria um computador para cada um, garantindo a universalidade do ensino à distância em Portugal, e uma vez mais o primeiro-ministro incumpriu a sua promessa”.
“Ficou agora exposto que só não avançou imediatamente para o encerramento das escolas porque, uma vez mais, falhou no seu planeamento e nas promessas que fez”, prosseguiu, apontando que “ficou claro e exposto que o Governo não tinha um plano ‘B’ e não se preparou”.
Francisco Rodrigues dos Santos considerou ainda que o Governo “forçou os estudantes a estarem de férias em sua casa”, alertando que “as férias quebram rotinas, horários, métodos de trabalho e também quebram as aprendizagens”, que era o que “importava salvaguardar nesta altura”.
Ressalvando que os especialistas estimam que não vá ser possível controlar a evolução da pandemia em 15 dias, período durante o qual as aulas estarão suspensas, o presidente do CDS-PP questionou por que razão não foram explorados “outros meios alternativos para o ensino à distância”, como por exemplo o regresso da telescola.
“Parece-me claro que, entre o ensino à distância ou não ter ensino rigorosamente nenhum, continua a ser preferível o ensino à distância, ainda que depois tenha de ser compensado, quando a situação for normalizada, com mais aulas presenciais para recuperar algumas aprendizagens”, defendeu.
O líder democrata-cristão acusou também o Governo de “prejudicar aqueles que se prepararam” e tinham condições para o ensino à distância, nomeadamente o ensino particular.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.075.698 mortos resultantes de mais de 96,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 9.686 pessoas dos 595.149 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.