Os meandros da psicologia humana são infindáveis. As interações e interinfluências da pessoa com o meio ambiente em cada momento da sua vida interagem entre si como as gotas de água num oceano. Algumas áreas do nosso cérebro funcionam como centrais de processamento de informação recebida do ambiente, tendo como consequência a tomada de decisões para pôr em prática no ambiente social de cada pessoa.
A libido humana, tida como o conjunto de desejos e anseios individuais, manifesta-se especialmente na sexualidade, mas logicamente em todas as actividades humanas. Neste texto vou considerar apenas as interações entre a vertente do desejo sensual e a vertente do desejo de dominação.
A libido também é entendida como um impulso natural para a auto preservação da espécie humana, eu penso que não é apenas isso.
Creio que a actividade sexual será talvez o maior condicionante/influenciador da psicologia humana, pelo menos durante um grande período da vida. O desejo sexual exacerba a vontade de se ser “o/a mais atraente”, o/a mais “forte”, o/a mais “capaz”, o/a mais bem-sucedido, bem como a demonstração permanente das suas ‘qualidades’. Por outro lado, sabemos que para alguém vencer honestamente na política tem que ter muita garra, muita convicção, a vontade de estar no topo da hierarquia visada, desejo de dominar, exposição permanente das suas capacidades de liderança, uma grande capacidade de argumentação e delineamento de estratégias capazes de proporcionar os caminhos conducentes aos objectivos almejados, quer individuais quer colectivos, definidos através do anseio de dominação. Penso que são exactamente aquelas pessoas, homens ou mulheres, que conjugam e ‘praticam’ aqueles predicados das duas ópticas que têm mais probabilidades de singrarem na vida política até ao topo da hierarquia, precisamente por lhes proporcionar uma grande autoestima e autoconfiança que se transmite aos seus iguais na sociedade.
Partindo do paralelismo entre as motivações do desejo sexual e as motivações da vontade política, penso que a dinâmica política é individualmente influenciada por aquele desejo num processo psicológico interno de cada pessoa e impercetível por si próprio.
Os casos frequentes de escândalos sexuais envolvendo políticos de topo em todo o mundo, parecem corroborar a ideia de que o sexo e a política andam muitas vezes de ‘mãos dadas’. Não incluo aqui a atração particular, real ou fictícia, de muitas pessoas por quem detém o Poder, a qual existe na administração pública e nas empresas ou outras instituições, embora muitas vezes seja apenas para atingir outros objectivos.
As inúmeras obras literárias, estudos e teses acerca da política e do sexo fazem-no pela perspectiva das políticas sexuais como seja a definição de “princípios morais”, “usos e costumes”, argumentos de “igualdade”, “liberdade individual” e apoio ou não aos LGBT.
Não é essa a perspectiva deste pequeno texto. Sabemos que estes e outros conceitos são definidos em cada época por interesses nem sempre descortináveis em cada momento.
Não pretendo definir ou fixar verdades, mas tão somente abrir uma janela de discussão de um tema interessante e muito curioso, até porque não disponho dos meios técnicos e condições para aprofundar a análise aqui esboçada.