Satoru Miyawaki teve um gato em criança, a que chamou Hachi – oito, o número do infinito – pois no seu pêlo quase todo branco tem duas manchas castanhas que parecem desenhar o símbolo do infinito, com uma cauda preta e torta. Hachi é o último ser vivo com quem Satoru partilhou momentos felizes, e quando perde os pais tem também de se separar do seu gato. Agora em adulto, Satoru encontra um gato de rua que foi atropelado e cuida dele até ficar bom. Mas no momento em que o gato se prepara para sair em liberdade, Satoru convida-o a ser o gato da casa. Até porque este gato lembra-lhe o outro, com a cauda torta para o lado oposto, e chama-lhe Nana (sete, o número da sorte).
Satoru revela-se um bom companheiro de casa de gato e Nana um bom companheiro de casa de humano, até que 5 anos depois Satoru o convida a fazer uma viagem pelo Japão para reencontrar amizades antigas e procurar um novo companheiro de casa que adopte o seu gato pois por questões «incontornáveis», nunca nomeadas, Satoru não poderá continuar a cuidar dele. Na viagem que os dois companheiros empreendem, Nana fica a conhecer a paisagem japonesa, o mar, as cidades onde o dono cresceu, enquanto Satoru visita o seu colega de natação no ensino básico, Kosuke Sawada, recentemente abandonado pela mulher; Daigo Yoshimine, um colega dos tempos de colégio, que travou amizade na altura em que os seus pais se divorciavam e ele foi viver com a avó; Shusuke Sugi e a mulher Chikako Sakita, colegas de Satoru no primeiro ano do ensino secundário, e que são agora donos de uma pousada pet friendly perto do monte Fuji onde não faltam as suas mascotes, uma gata e um cão que consegue farejar a hostilidade latente entre Shusuke e Satoru; e Noriko Kashima, a tia de Satoru, que o criou quando a sua mãe, irmã mais velha de Noriko, faleceu.
Este pequeno e belo livro, publicado pela Editorial Presença, narra uma história de amizade contada pela voz de um gato, criatura independente mas leal, que observa os humanos com deliciosa ironia do alto da sua superioridade e que, com o gancho da sua cauda torta, parece recolher as pequenas felicidades do quotidiano e dar sorte àqueles com que se cruza.